Capítulo 26 a 30


 Capítulo 26 – Artesanato de Herança Familiar

— Tia Wang, agora eu tenho salário, posso comprar uma bicicleta. Por favor, aceite o dinheiro de volta, mas vou ficar com o vale.

— Quanto você acha que conseguiu economizar? Você acabou de se formar, está criando a Yaoyao, e só começou a trabalhar há poucos meses. Apenas aceite. Meu único desejo é que vocês dois vivam bem. Quanto ao que comprar e como gastar, vocês dois decidem juntos.

Tia Wang empurrou o dinheiro de volta com firmeza, e então se virou para Yaoyao com um sorriso caloroso:

— Yaoyao, fique e converse com a vovó um pouco. Vamos assar batata-doce.

— Anda logo, senão vai perder o horário de expediente.

A voz de Tia Wang mudou repentinamente ao dar uma bronca no filho, que continuava parado, atônito.

Wang Shuo nem sabia como saiu de casa.

O vento frio o despertou do torpor.

— Fang Fen, minha mãe concordou! Ela disse que podemos registrar o casamento. Vamos! Eu trouxe o registro familiar comigo esse tempo todo.

Seus pés pareciam pisar em algodão. Só quando segurou o certificado de casamento nas mãos é que tudo pareceu real.

Enquanto isso, Yaoyao havia conquistado o coração das três avós, que sorriam radiantes. Ela recitou problemas de matemática, trechos de livros e até cantou uma música.

Yang Yufen não parava de tirar balas dos bolsos, e Tia Liu encheu os bolsos da menina com amendoins torrados.

— A batata-doce da vovó Yang é a mais gostosa! E os amendoins da vovó Liu são ainda melhores que os da rua. Vocês são tão legais—adoro visitar vocês! Se não fosse por vocês, eu nunca comeria tanta coisa gostosa!

— Que língua afiada! Com essa esperteza, ela vai pra universidade um dia, com certeza — elogiou Yang Yufen.

— Com certeza! Meus netos parecem macaquinhos cobertos de lama, correndo pra lá e pra cá, só me dão dor de cabeça com os estudos — acrescentou Tia Liu.

— Se você gosta tanto da vovó, por que não dorme aqui hoje?

— Eu adoraria—tem tanta coisa gostosa aqui! Mas amanhã tenho aula.

— Deixa o Tio Wang te transferir pra uma escola aqui por perto. Aí a vovó pode te levar e buscar, e sua mãe não precisa se esforçar tanto.

— Sim, sim! — Yaoyao concordou animadamente. As avós dali eram muito mais legais que as pessoas do alojamento da mãe, que viviam dizendo coisas ruins.

— Yaoyao é uma menina tão boa.

Quando Wang Shuo voltou, carregando uma galinha numa mão e um peixe na outra, Yang Yufen já havia voltado pra casa pra cozinhar para Qin Nian. Só Tia Wang e Yaoyao estavam no quarto.

Em algum momento, Yaoyao tirou os sapatos e se aconchegou ao lado de Tia Wang na cama.

— Eu disse que a mamãe ia adorar a Yaoyao—ela é um amor de criança.

Fang Fen assentiu, piscando para conter as lágrimas.

— Amanhã é segunda. Que tal fazermos o banquete de casamento no domingo? No sábado eu te ajudo a trazer suas coisas. Esses dias vou arrumar a casa, e vamos transferir a Yaoyao pra uma escola daqui.

Aproveitando o embalo, Wang Shuo já planejava comprar doces de casamento no dia seguinte.

— Não tá tudo muito apressado? — Fang Fen ainda hesitava.

— Tenho a sensação de que esperei uma eternidade. Se a saúde da mamãe estivesse melhor, eu faria o banquete amanhã mesmo.

Fang Fen encontrou o olhar dele, depois baixou a cabeça e assentiu duas vezes.

Yang Yufen estava animada. Qin Nian mencionara que ficaria até mais tarde no trabalho nos próximos dias, então, depois de preparar a refeição e levá-la até o instituto de pesquisa, ela subiu na sua tricicleta e foi até a marcenaria.

Escolheu os painéis de madeira que queria—como era pra fazer armários, quanto maior, melhor.

— O que vai fazer dessa vez, Irmã Zhao?

— Dois armários. Vim ver que tipo de madeira vocês têm—de preferência painéis já cortados.

— Por aqui. Você entende do assunto. Acabei de receber um lote de madeira de nogueira, já cortada e lixada. É um pouco mais cara, quer dar uma olhada?

Yang Yufen assentiu. Já haviam feito negócios antes e se conheciam bem.

Ela inspecionou os painéis com cuidado. A madeira era realmente de qualidade—mais clara, mas com veios bonitos. Perfeita para armários, resistente e sem risco de empenar.

— Me dá também um balde de verniz transparente e um de tinta vermelha. Corta os painéis nessas medidas e entrega no conjunto residencial o quanto antes. E não esquece das dobradiças.

Yang Yufen escolheu um por um os painéis que queria, anotando as medidas para o marceneiro.

Ela não era muito de ler, mas pra carpintaria, saber medidas bastava.

— Entendido. Entrego amanhã cedinho.

Yang Yufen voltou pra casa na tricicleta e pegou seu conjunto de ferramentas herdadas da família, cuidadosamente enroladas em um pano grosso pra protegê-las.

— Mãe, isso é um rádio. Vou te ensinar a usar. Assim você pode ouvir em casa.

Assim que Qin Nian chegou, tirou algo de dentro do casaco.

— Você comprou isso pra mim? Lá na vila, só o escritório da brigada tinha rádio, e eles ligavam no alto-falante por uma hora toda noite, das sete às oito. Que tesouro raro! Filha é mesmo um presente dos céus.

Yang Yufen aceitou com alegria, sem recusar a gentileza da filha.

— Que bom que gostou. Era pra eu ter comprado antes, mas acabou passando. Deixa eu te ensinar a usar.

— Tá bom, tá bom.

Logo o som da ópera encheu o quarto. Com a orientação paciente de Qin Nian, Yang Yufen aprendeu rapidamente a usar o rádio.

Já deitadas para dormir, Yang Yufen se lembrou de algo que ainda não tinha contado.

— O filho da Tia Wang me pediu pra ser madrinha dele.

— O Professor Wang? Depois de toda a ajuda que você deu pra família dele?

Qin Nian pensou imediatamente em Shen Xianjun e, sem perceber, mordeu o lábio inferior.

— Isso. Provavelmente vamos ao banquete de casamento dele em alguns dias.

Yang Yufen mudou de assunto de repente, pegando Qin Nian de surpresa. Mas ela achou bom que a sogra não estivesse remoendo o passado.

— Que notícia maravilhosa.

— É sim. Estou pensando em fazer algo de presente de casamento pra ele. Já tá tarde—vamos dormir.

Yang Yufen fechou os olhos, e Qin Nian também se deitou logo em seguida.

Na manhã seguinte, depois de se despedir da nora, o marceneiro chegou com os painéis.

Yang Yufen assinou a entrega e levou tudo direto pra casa da Tia Wang.

— Já acordou?

— Se fico mais tempo na cama, meu corpo inteiro dói. Você trabalha rápido—de onde veio tudo isso?

Tia Wang ficou surpresa ao ver o carrinho cheio de madeira.

— Vou fazer dois guarda-roupas primeiro. O quarto é grande o bastante—vou encostá-los na parede, bem espaçosos.

— Espaçosos quanto?

Tia Wang sabia que Yang Yufen não exagerava, mas aquilo parecia além do necessário.

— Guarda-roupas de dois metros de largura, com quatro portas. Os painéis já estão prontos—montar vai ser rápido. O que leva tempo é envernizar.

O marceneiro trouxera o filho, e com a ajuda de Yang Yufen, descarregaram tudo rapidamente.

— Guarda-roupas de quatro portas! — exclamou Tia Wang.

— Você praticamente me deu metade do seu filho—claro que eu prepararia algo à altura.

Ela já tinha pago ao marceneiro no dia anterior.

— Não vai apertar o quarto? E se colocarmos na sala? O banquete da Jovem Fang é no domingo—era isso que eu ia te contar.

— Tem espaço de sobra! Vamos deixar tudo pronto até domingo, no tempo certinho. Hoje em dia, com prego de ferro, fazer armário é muito mais fácil que antes.


Capítulo 27: Compensação pelo Presente de Casamento

Yang Yufen disse que era simples, e de fato era simples para ela. Espalhou os painéis das portas do armário no chão, desenhou padrões florais com giz, e com poucos traços surgiu um desenho de orquídea.

Ela tirou as ferramentas da mochila e, com alguns movimentos habilidosos, esculpiu os padrões desenhados no giz na madeira. Depois, adicionou bordas em toda a superfície do painel da porta. Ao meio-dia, não só tinha terminado de entalhar todos os oito painéis para os dois armários, como também havia lixado as bordas.

— Peça para seu afilhado lixar os painéis esta noite para que possamos pintar amanhã. Eu volto à tarde para montar os armários — Yang Yufen olhou no relógio, guardou suas ferramentas e saiu.

Pouco tempo depois que Yang Yufen foi embora, Wang Shuo voltou.

— Mãe, já voltei.

Wang Shuo tinha trocado algumas aulas para liberar mais tempo para os preparativos da casa. Todo mundo o parabenizava quando soube do casamento, e muitos se ofereceram para ajudar.

— Você chegou na hora certa. Venha, lixe isso direito. Sua madrinha preparou isso como presente de casamento para você. Eu vou fazer o almoço.

Yang Yufen tinha criado dois desenhos — um com orquídeas e outro com flores de ameixeira.

— Isso é para armários?

— Para de conversa e trabalha.

Os painéis já tinham passado por uma lixa básica, e Wang Shuo trabalhou com eficiência. Quando Yang Yufen voltou com o almoço, ele já tinha alisado três painéis de porta.

— Madrinha.

— Ah, você mandou bem. Não é à toa que você é professor — elogiou Yang Yufen.

Wang Shuo quis agradecer, mas ficou um pouco sem jeito com o elogio repentino.

— Qual desenho você prefere, o das flores de ameixeira ou o das orquídeas? Podemos montar hoje e depois aplicar a camada transparente para secar antes de passar a tinta vermelha.

— As orquídeas — respondeu Wang Shuo sem hesitar, lembrando do lenço bordado com orquídeas que Fang Fen lhe dera quando estavam no interior.

— Bom.

Yang Yufen tinha planejado montar só um armário naquele dia, mas com a ajuda de Wang Shuo — já que ele trocara as aulas — conseguiram montar os dois.

— Madrinha, sua habilidade é tão boa que os armários nem precisam de pregos para ficarem firmes — disse Wang Shuo, sentindo que os pregos quase estragavam a beleza do trabalho.

— Pregos ainda dão estabilidade e aceleram o processo. Lixe bem e passe verniz transparente dos dois lados — explicou Yang Yufen — Isso vai proteger a madeira de cupins.

— Madrinha, vou chamar umas pessoas para ajudar. A gente garante que até amanhã tudo esteja lixado.

Wang Shuo não gostava de se aproveitar da bondade alheia. Já que a madrinha tinha trabalhado duro, ele queria assumir o resto.

— Certo, assim teremos tempo. Também vou fazer uma cama para você — continuou Yang Yufen — Essa aqui pode ser para a Yaoyao depois.

— Madrinha...

— Cama feita à mão é melhor que comprada pronta. Já queria fazer uma para a Nian. Peça para os ajudantes lixarem essa também.

A cama atual de Qin Nian mal cabia duas pessoas, e só se ambas dormissem muito quietas. Com a gravidez avançando, não dava para continuarem apertados assim.

— Então vou incomodar você, madrinha. Mas desta vez me deixe pagar o material.

— Tudo bem, não vou discutir. Vamos escolher a madeira agora. Esse lote de nogueira deve servir.

Yang Yufen levou Wang Shuo à marcenaria para escolher a madeira.

— Afilhado, quantas pessoas você consegue chamar para ajudar? — perguntou de repente.

— Alguns alunos confiáveis. Mesmo que não possam vir todo dia, quatro ou cinco devem arranjar um tempo.

— Então, como vamos fazer a cama, vamos incluir peças menores também. Se nos apressarmos, terminamos o quarto. Vamos calcular para dezesseis pés — mais um criado-mudo e uma escrivaninha.

Tudo isso Yang Yufen queria providenciar para Qin Nian. Outros tinham ganhado o famoso "três chifres e um som" com um dote de 600 yuans, mas a sua Nian recebeu só um chifre e 500 yuans. Só alguns meses de diferença — ela tinha que compensar.

Yang Yufen escolheu um monte de madeira e mandou o marceneiro preparar para entrega no dia seguinte. Wang Shuo já tinha encomendado um sofá que gostou, junto com uma mesa de centro, totalizando vinte e quatro pés.

Qin Nian tinha reparado que sua sogra vinha dormindo cedo esses últimos dias, mas não deu muita importância. Ela mesma estava com mais sono, especialmente no inverno, quando não queria sair da cama.

O tempo passou rápido, e logo todo o condomínio soube do casamento de Wang Shuo.

— Rápido, rápido! A esposa do nosso professor vai se mudar amanhã — alguém comentou — Temos que deixar tudo pronto. Esses móveis novos são impressionantes!

Dois conjuntos de móveis: um com padrões de orquídeas vermelhas brilhantes e outro em madeira natural com flores de ameixeira.

Enquanto isso, Yang Yufen também arrumava sua casa. Um grupo de rapazes fortes carregava os móveis de tonalidade clara. Felizmente, as duas casas não ficavam longe, e os rapazes tinham força de sobra.

— Tia, entregamos isso aqui. Precisa de ajuda com mais alguma coisa? Se não, vamos ajudar nosso professor.

— Pode ir, pode ir. Da próxima vez venham almoçar na casa da tia.

Yang Yufen ofereceu batatas-doces assadas — um petisco que fazia a cada poucos dias porque Qin Nian adorava.

Qin Nian não tinha muitas coisas, e depois que guardou tudo nos armários, o quarto pareceu ainda mais vazio.

Yang Yufen pensou no quintal espaçoso. Talvez pudesse construir um quarto ali depois — já tinha visto outras pessoas fazerem isso.

A cama estreita foi substituída por uma de dois metros de largura — realmente enorme. O quarto, que antes parecia espaçoso, agora ficou apertado.

Yang Yufen avaliou o espaço e achou que uma penteadeira seria útil para facilitar o uso do espelho.

A roupa de cama agora era pequena demais, então ela teria que encomendar cobertores maiores.

Então lembrou de Gui Xiang, uma velha amiga que não falava há um tempo.

O triciclo não estava disponível, pois Wang Shuo estava usando para ajudar Fang Fen a se mudar.

Yang Yufen comprou algumas coisas, enviou pelo correio, depois ligou para o comitê da vila.

— Gui Xiang!

— Yufen!

A voz potente de Gui Xiang não diminuía nem pelo telefone.

— Te mandei umas coisas — avisou — Lembre de buscar. Você não plantou muito algodão este ano? Me mande trinta jin. Já enviei o dinheiro também.

— Trinta é suficiente? Minha família também colheu. Posso te mandar mais.

— Está ótimo. Minha nora está grávida, então não volto este ano. Quando o bebê crescer, trarei para visitar.

— Que ótima notícia! Vou contar para o chefe da vila. Se cuida, tá?

Click. A ligação terminou. Verdadeiras amigas nunca desperdiçavam o dinheiro uma da outra.

Gui Xiang espalhou alegremente que Yang Yufen tinha ido para a cidade ajudar o neto, encerrando os boatos sobre sua longa ausência.

Yang Yufen disse que trinta jin era suficiente, mas Gui Xiang mandou quarenta mesmo assim, junto com um bilhete para economizar no frete.

Qin Nian já tinha almoçado, mas ao sentir o cheiro da comida da Xiao Ranran, não resistiu e foi até lá.


Capítulo 28
Saudades dos Meus Pais

—Ranran, seu porco braised está com um cheiro maravilhoso.

Xiao Ranran olhou para Qin Nian e, sem pensar, estendeu a marmita na direção dela.

—Quer um pouco?

Qin Nian pegou os hashis animada. Quando o porco braised entrou na boca, uma onda de satisfação a invadiu.

Xiao Ranran ficou observando nervosamente até Qin Nian engolir, e parecia até ansiosa para que ela pedisse mais. Logo, alívio e alegria tomaram o lugar da ansiedade.

—Niannian, você não vomitou! Você conseguiu comer o porco braised!

Qin Nian percebeu de repente — realmente não sentia mais náuseas.

—Posso pegar mais um pedaço?

Não só a náusea desaparecera, como ela agora desejava comer aquilo que antes evitava. A camada de gordura da carne, que antes a desagradava, agora estava incrivelmente saborosa e perfumada.

—Claro!

Qin Nian estava radiante por finalmente conseguir comer sem vomitar. Pensou em como sua sogra, Yang Yufen, não precisaria mais passar pelo esforço de levar comida para ela.

—Tem sido tão difícil para ela ultimamente.

Quando Yang Yufen veio buscá-la, Qin Nian decidiu guardar a boa notícia para contar em casa.

Mas antes que pudesse dizer algo, Yang Yufen a levou para dentro do quarto recém-renovado.

—Me diga o que acha. Eu sei que fui curta com você antes, então esta é minha forma de compensar — uma dote de verdade.

Qin Nian congelou ao ver o espaço transformado.

Virou-se para falar, mas as lágrimas caíram antes que as palavras viessem.

—Por que chora? Eu não joguei nada fora — tudo está aqui, bem guardado. Quis que você organizasse para o caso de algo importante ter sido perdido.

Qin Nian balançou a cabeça. As lágrimas eram incontroláveis, mas seu coração se enchia de felicidade — era assim que se sentia quando realmente era valorizada.

Ela abraçou Yang Yufen.

—Mãe... eu sinto falta dos meus pais.

Yang Yufen soltou um suspiro de alívio e acariciou suas costas com delicadeza.

Demorou um pouco até Qin Nian se acalmar.

—Mãe, eu adorei. E tenho uma boa notícia — não estou mais enjoada! Posso comer e até aproveitar a comida agora.

—Que maravilha! Amanhã vou comprar mais carne e preparar um banquete para você.

—Mãe.

—Sim?

Qin Nian hesitou antes de continuar.

—Só queria dizer isso. Ah, e mãe, não vou poder ir amanhã. Você poderia cuidar do dinheiro do presente para mim? Agora que posso comer, meus colegas trazem comida da cantina. Você não precisa ficar correndo tanto.

—Claro. Mas leve um pouco de leite em pó, frutas e doces com você — não fique com fome.

Qin Nian assentiu.

No dia seguinte, o condomínio residencial estava agitado com a chegada dos colegas de Fang Fen, que admiravam os móveis novos da casa.

—Estes são presentes de casamento da minha madrinha — explicou Wang Shuo a Fang Fen.

Logo os vizinhos souberam que Wang Shuo tinha oficialmente reconhecido Yang Yufen como sua madrinha.

As opiniões se dividiram — alguns achavam que Yang Yufen ganhara vantagem, outros que a família Wang se beneficiara mais. Mas a maioria concordava numa coisa: Yang Yufen era uma mulher notável.

Ela não só, como sogra, havia se mudado para o pequeno quintal reservado para sua nora Qin Nian, como também ganhara um professor como afilhado.

Yang Yufen não dava bola para fofocas. Ela dera seu presente para o casamento do afilhado. Enquanto outros viam os móveis como um gasto extravagante, para ela era algo que criara com as próprias mãos.

—Hoje você não precisa entregar comida para a Niannian?

Tia Wang e mais alguns adotaram o hábito de Yang Yufen de chamar Qin Nian pelo apelido.

—O enjoo dela passou — agora ela quer comer de tudo.

—Que ótimo! Vou preparar uma porção especial para ela levar para casa mais tarde.

Tia Wang compartilhava a felicidade de Yang Yufen.

—Muito obrigada.

Yang Yufen aceitou com gentileza.

—Vovó! Vovó Yang!

Yaoyao, vestida com um vestidinho vermelho, correu até ela.

—Yaoyao, venha para a vovó. Agora você vai morar comigo — está feliz?

—Feliz!

—Sogra da senhora Qin, foi você que fez esse armário?

Uma mulher se aproximou de Yang Yufen.

—Sim.

—Meu filho vai casar no fim do ano. Seu trabalho é excelente — poderia fazer um para mim também? Eu pago.

—Desculpe, mas preciso cuidar da minha nora. Não posso deixar a casa bagunçada.

Alguns trocados para um armário não valiam a pena — Yang Yufen preferia vender batata-doce assada. Mas até essa ideia foi deixada de lado. Com o Ano Novo chegando, ela tinha outras prioridades: as batatas-doce restantes estavam reservadas, e precisava se preparar para o neto que estava por vir.

Depois de sua última ida ao shopping e da compra recente da madeira, as economias de Yang Yufen — que antes ultrapassavam 1.600 yuans, somadas às vendas de batata-doce, a mesada do filho e a ajuda de Qin Nian — ainda somavam confortáveis 2.800 yuans.

Cinco dias depois, Yang Yufen recebeu um pacote pesado da amiga Gui Xiang — muito mais que os 30 jin de algodão que esperava.

Depois de carregar tudo para casa, pediu ajuda a Tia Wang.

—Venha comigo comprar tecido para os cobertores.

A roupa de cama pequena já não servia para a nova cama grande, e embora não fosse seu quarto, Tia Wang sentia um impulso materno de garantir o conforto do filho.

Tia Liu, porém, evitava sair desde o começo do inverno.

As duas idosas passaram direto pela loja de materiais local e foram direto ao shopping.

—Foi aqui que você comprou os doces para a Yaoyao? Vou pegar também — ela adora.

Fizeram compras sem moderação, surpreendendo os funcionários com o entusiasmo.

—Esse tecido é lindo.

—Você tem bom gosto — disse a vendedora. — É da fábrica de tecidos de Xangai, acabou de chegar ontem. Na promoção de Ano Novo, leva uma toalha grátis a cada três pés comprados — sem necessidade de cupom.

Yang Yufen e Tia Wang trocaram olhares. Estava fechado!

A carga encheu o triciclo inteiro — pacotes de tecido e sacolas transbordando.

—Vamos arejar os cobertores amanhã — disse Tia Wang, despedindo-se.

—Combinado.

Quando Fang Fen voltou e viu a montanha de tecidos, se ofereceu para cuidar da costura.

—Mãe, eu sei usar a máquina de costura. Vou cuidar disso — não vai demorar.

—Ótimo. Amanhã sua madrinha e eu vamos arejar os cobertores. Escolha quais precisam de renovação.

—Obrigada, mãe.

—Tem tecido extra aí — faça umas roupas novas para a Yaoyao se puder.

Enquanto isso, em uma cidade distante, um homem comprava remédios para uma mulher. Uma nota dentro do pacote foi lida, depois mastigada e engolida.

À medida que o Ano Novo se aproximava, lanternas e decorações iluminavam as ruas, enchendo o ar de festividade.

No instituto de pesquisas, a tensão era enorme, enquanto todos monitoravam os dados. A ansiedade de Qin Nian aumentava tanto que seu estômago doía.

—Está funcionando! Os dados estão perfeitos — sem nenhum problema!

A comemoração foi geral. Qin Nian finalmente soltou o ar aliviada.


Cap. 29 Enviada ao hospital, boas notícias

Xiao Ranran se virou e viu Qin Nian segurando o estômago, desconfortável.

— Nian Nian, o que aconteceu? Professora, a Nian Nian não está bem.

Quase no mesmo instante em que Xiao Ranran chamou seu nome, a atenção de todos se voltou para Qin Nian.

— Levem ela para o hospital! — o diretor Hu decidiu sem hesitar.

Yang Yufen esperava na entrada do instituto de pesquisa, se perguntando por que sua nora estava mais atrasada que o normal naquele dia.

Quando pensava nisso, viu um grupo de pessoas saindo em desespero.

— Nian Nian!

Yang Yufen logo percebeu Qin Nian sendo apoiada no meio da multidão.

— A Nian Nian está com dor no estômago. Estamos levando ela para o hospital — explicou o diretor Hu.

Antes que alguém pudesse reagir, Yang Yufen deu um passo à frente e... pegou Qin Nian no colo! Literalmente a carregou!

— Mãe, eu consigo andar sozinha — disse Qin Nian, envergonhada.

Mas Yang Yufen não deu ouvidos. Colocou Qin Nian na bicicleta de carga e, antes que o diretor Hu e os outros pudessem dizer algo, já pedalava rumo ao Hospital do Terceiro Povo.

Quando o diretor Hu chegou, Yang Yufen já tinha feito a internação de Qin Nian.

— Como está a nora, mãe da Nian Nian? — perguntou.

— O médico disse que provavelmente é por causa do estresse e do cansaço. Ela precisa descansar direito. Amanhã farão mais exames. Para garantir, vamos passar a noite aqui e ela será reavaliada logo cedo.

Yang Yufen não reclamou, mas o diretor Hu ainda se sentia culpado.

— Depois que a coleta de dados terminar, só restará um pouco de limpeza. Deixem a Nian Nian descansar mais cedo para se recuperar. A gente resolve o resto depois do Ano Novo.

— Entendido, professora — assentiu Qin Nian.

Mais tarde, o professor Wen chegou. Yang Yufen pediu para ele ficar com Qin Nian enquanto ela voltava para casa buscar dois cobertores extras para a estadia.

No meio da noite, Yang Yufen ouviu Qin Nian se remexer de novo e suspirou.

— O que foi? Não consegue dormir?

— Mãe, acordei você? Desculpe — Qin Nian pediu desculpas baixinho.

O quarto do hospital estava vazio, sem outros pacientes — o diretor Hu tinha reservado especialmente com o médico.

— Mãe, me desculpe. Não cuidei bem de mim mesma... — Qin Nian mordeu o lábio.

— Por que está me pedindo desculpas? Seu corpo é seu. Acima de tudo, você é você. Mulheres sustentam metade do céu. Você trabalhou duro, serviu bem o país e não me abandonou, sua sogra, mesmo depois do desaparecimento do seu marido. Você honrou seu casamento.

No escuro, Qin Nian não via o rosto de Yang Yufen, mas as palavras ecoavam repetidas vezes em seu coração.

— Agora durma. Se não descansar direito, vai estar deixando a si mesma na mão.

— Mãe... posso segurar sua mão enquanto durmo?

Qin Nian falou de repente, e logo uma mão áspera, mas quente, apertou a dela.

Contendo um sorriso, Qin Nian fechou os olhos lentamente e apertou a mão de volta com força.

Na manhã seguinte, o médico veio para o exame, franzindo a testa repetidas vezes.

— Recomendo um ultrassom para confirmar algumas coisas. A saúde da mãe está estável, então não há preocupação imediata.

Yang Yufen não sabia o que era ultrassom, mas se o médico mandava fazer, foi logo pagar. Qin Nian, no entanto, ficou inquieta.

— De quantos meses você está?

A pergunta do médico fez Qin Nian responder sinceramente.

— Quatro meses.

O médico assentiu. Passou um gel frio na barriga dela. Na sala de ultrassom, só estavam o médico e a paciente — ninguém mais.

— Doutor, tem algo errado com o bebê? — Qin Nian sussurrou.

— Ainda estou examinando. Não se preocupe — o médico sorriu tentando aliviar seu nervosismo — Pode até ser uma boa notícia.

Boa notícia? Qin Nian não conseguia imaginar o que poderia ser.

Ela sentira dor ontem mesmo, e agora o médico havia pedido esse exame. Só sentia medo.

— É uma boa notícia. Você está grávida de gêmeos. Este é o sexto caso de gêmeos que vejo neste hospital. Em todos os meus anos de prática, gêmeos são raros — e esses embriões estão se desenvolvendo perfeitamente. Não há nada com que se preocupar.

Quando Qin Nian saiu com o laudo, ainda estava atordoada. Deu o papel para sua sogra sem pensar direito.

Yang Yufen não conseguia entender a imagem granulada em preto e branco, mas viu a expressão atônita da nora.

Pensando no neto que perdera cedo demais em sua vida passada, Yang Yufen imaginou o que estava acontecendo.

— Vai ficar tudo bem. Quando os bebês nascerem, cuidaremos deles com muito carinho. Eu vou estar aqui para ajudar.

Ela pensava que, estando presente, garantiria que mãe e filhos seriam mais saudáveis desta vez. Mas mesmo assim, as complicações tinham aparecido.

Nesse momento, o médico saiu para usar o banheiro e percebeu a tensão entre as duas mulheres.

Vendo o médico, Yang Yufen tomou a iniciativa, já que Qin Nian ficou em silêncio.

— Doutor, foi o senhor que examinou minha nora? O que diz esse laudo? Tem algo errado com os bebês? Isso pode afetá-la? O que devemos fazer para cuidar melhor dela?

— Senhora, não há nada errado. Sua nora está grávida de gêmeos. Ela vai passar por momentos mais difíceis, então precisa de muita nutrição e descanso. Fora isso, está tudo bem — falou rápido e gentil — Podem ir para casa.

O médico saiu apressado rumo ao banheiro.

Yang Yufen também ficou estática, olhando para o papel escuro na mão — gêmeos? Como assim?

— Aquele desgraçado! Quando esse moleque aparecer, vou dar uma boa surra nele — rosnou com os dentes cerrados — Não, três surras!

Depois de xingar, lembrou da nora e logo estendeu a mão para ampará-la.

— Nian, gêmeos não são coisa assustadora. Vamos ao hospital para os exames todo mês, e quando chegar a hora, você vai ter os bebês aqui mesmo. Mamãe tem dinheiro para isso.

As outras grávidas por perto ouviam com inveja, e algumas sogras tentavam se aproximar para dividir a sorte. Mas Yang Yufen protegia Qin Nian, impedindo qualquer um de chegar perto.

Sem coragem de deixar a nora sozinha no hospital, Yang Yufen a levou primeiro para casa, depois voltou correndo para juntar as coisas deles. Bombardeou o médico com perguntas e voltou para casa rápido.

Qin Nian já tinha saído do transe, achando tudo difícil de acreditar.

Duas vidas pequenas.

Passando pelo mercado cooperativo, Yang Yufen entrou e comprou mais um saco de mantimentos.

— Nian, a mamãe voltou. Trouxe uma coisinha para você ir beliscando. Se ficar entediada, pode ouvir rádio.

Yang Yufen entrou carregando as compras numa mão e um rádio na outra.

— Mãe, eu não consigo comer tudo isso.

— Deixe aqui. Coma quando quiser — o criado-mudo era perfeito para lanchinhos.

— Tá bom, mãe. Pode ir. Eu vou tirar um cochilo.

Com o coração finalmente tranquilo, Qin Nian começou a sentir sono. Talvez porque em casa ela se sentia mais segura.

A cama grande, o edredom fofo, macio e quentinho e a música de piano no rádio logo fizeram suas pálpebras pesarem.

Yang Yufen entrou de puntinhas para checar e, vendo que ela dormia de verdade, também relaxou.

Dois netinhos! Yang Yufen se sentia cheia de energia.

Capítulo 30:  Peixe

Yang Yufen entrou rapidamente no galpão aquecido e escolheu a galinha mais gordinha para abater. Ela tinha planejado engordá-la um pouco mais para o Ano Novo, mas como as necessidades da nora tinham prioridade, achou que os dois ou três quilos que ela já pesava seriam suficientes para um ensopado. Comprar carne dava muito trabalho — matar uma galinha da própria casa era bem mais rápido.

Depois de limpar bem — ainda tinha muito mais carne que um pombo — colocou para cozinhar no fogão. Então, Yang Yufen subiu na motoneta, pronta para ir ao mercado dar mais uma olhada.

Mal tinha dado o primeiro passo quando alguém gritou para pará-la.

— Tia Yang! Tia Yang!

— Ah, é você! Se vier devolver o fogão, deixa lá na portaria que eu busco depois.

Reconheceu o Pequeno Zhang.

— Sim, tia. Este é um presente de Ano Novo para a senhora — disse ele —. Estou mandando adiantado porque talvez fique ocupado depois e não consiga visitar. E obrigada de novo pela ajuda.

Yang Yufen ia recusar, mas ao ver que era um pacote de filés de carpa, não conseguiu dizer não.

— Então tá. No ano que vem, quando as batatas-doces caramelizadas estiverem prontas, se ainda quiser vender, eu separo algumas para você. O fazendeiro que as planta é meu afilhado — você não acha isso em qualquer lugar.

— Sério? Que ótimo! Se gostar dessas carpas, posso trazer mais. Elas são criadas na vila do meu primo.

— Não posso aceitar de graça. Minha nora está grávida, então tento juntar o melhor alimento que puder.

— No fim do ano vão limpar os tanques. Se tiver onde guardar, posso tentar arrumar umas enguias ou peixes-cabeça-de-espinho também.

A mente de Pequeno Zhang foi rápida — poderia pedir para o primo entregar o peixe, fazer outra viagem e garantir o negócio das batatas-doces assadas no ano seguinte de uma vez só. Que negócio!

— Perfeito. Vou preparar um tanque. Aqui está cinco yuans adiantado — disse ele —. Se aparecer algum peixe grande, traz uns também. Posso fazer peixe curado. E não se preocupe com o fogão — se precisar, pode continuar usando.

— Tia, devolve o dinheiro. Na verdade, eu queria pegar o fogão emprestado por mais um tempo, mas não quis incomodar se a senhora precisasse dele.

— Então fica assim: se tiver bastante peixe, vou perguntar por aí quem mais pode querer. Volte amanhã de manhã, nessa hora, que eu aviso quanto vamos precisar.

— Que ótimo! Meu primo vai agradecer.

O sobrinho mais velho de Pequeno Zhang já tinha se juntado a ele para vender batatas-doces assadas. Eles até começaram a vender amendoins torrados, castanhas e pipoca, e o negócio estava bombando.

Quando Pequeno Zhang voltou, contou a novidade para o sobrinho.

— Tio, sério? Posso montar minha própria barraca agora?

— Pode. Já conversei com a tia Yang sobre continuar alugando o fogão — sem custo desta vez. A nora dela está grávida, então ela está procurando peixe e carne para alimentar bem.

— Vou contar pro papai agora mesmo. Esse tanque dele não dá muito dinheiro, de qualquer jeito.

— Melhor tomar cuidado com o que fala — respondeu o tio —. Se não fosse por esse tanque, como sua família teria criado vocês?

— Heh, só não quero que ele se mate de trabalhar. Mamãe já adoeceu por isso.

Tio e sobrinho, dois iguais.

Com o peixe garantido, Yang Yufen não tinha pressa para comprar mais carne.

Ela voltou e pegou outra galinha — dessa vez, não a matou. Em vez disso, colocou no cesto e levou para a família Wang.

Uma galinha já era quase comida, e mais uma não faria muita diferença. A estufa da irmã Wang tinha mais verduras do que ela conseguia usar, e, morando sozinha, nem se dava ao trabalho de criar galinhas. Mas agora que duas pessoas a mais moravam lá, podiam cuidar de algumas.

— Madrinha!

— Fang Fen, você está em casa hoje?

— Estou de folga desde ontem. Como está a Niannian? Eu ia visitá-la agora mesmo quando você chegou.

Fang Fen levantou a cortina para deixar Yang Yufen entrar.

— Ela está bem, só cansada do trabalho. Por sorte, está de licença agora — vai descansar direito depois do Ano Novo antes de voltar.

O sorriso de Yang Yufen não sumiu — claramente, não era forçado. As coisas deviam estar mesmo bem.

— Trouxe uma galinha pequena para você. As crianças podem criar como bichinho de estimação. Em alguns meses, quando esquentar, ela vai começar a botar ovos.

— Pra quê isso? Ainda nem visitamos vocês direito e já estão nos trazendo galinha?

A tia Wang olhou feio para Yang Yufen, mas sem raiva de verdade.

— Vim pedir um favor para sua nora. Além disso, minha horta mal dá conta de alimentar as que tenho — mandar uma para vocês alivia meu trabalho.

— Madrinha, os móveis desta casa foram todos feitos por você. Se precisar de algo costurado, é o mínimo que posso fazer. Uma galinha viva que põe ovos é demais!

Fang Fen ficou chocada. Aquela era uma galinha de verdade que botava ovos — que presente extravagante!

— Tem bastante coisa para fazer e eu não sei usar máquina de costura. Vai dar muito trabalho para você.

Yang Yufen não deu chance para Fang Fen recusar. Entregou a galinha para Yaoyao.

Yaoyao ficou feliz, embora hesitante no começo — até que tia Wang falou.

— Se Yaoyao gostar, vamos ficar com ela. Não precisa fazer cerimônia com a vovó Yang.

— Obrigada, vovó! Obrigada, vovó Yang! Eu a amo!

Yaoyao abraçou a galinha, então puxou uma faixa de tecido florido e fez um laço no pescoço da galinha.

— O que exatamente você precisa costurar, madrinha?

Vendo a alegria da criança, Fang Fen parou de reclamar.

— Quatro lençóis para o berço, seis mantas para enrolar o bebê e algumas roupinhas.

Yang Yufen já tinha calculado as quantidades. Costurar à mão demoraria muito, e as costuras não ficariam tão firmes quanto na máquina.

— Por que tantas?

A tia Wang ficou intrigada. Mesmo avós babonas normalmente não preparavam tanta coisa.

— Niannian está esperando gêmeos. Não podemos ter poucos suprimentos. Mas não deixe essa notícia vazar — não quero ninguém com ideias ruins, como aquela senhorita Yi do trabalho da Niannian. Ela é venenosa.

Yang Yufen falou baixo.

— Que notícia maravilhosa! Você tem razão em ser cautelosa. Niannian precisa se cuidar bem. Honestamente, você deveria ter ficado com a galinha para ela.

A tia Wang concordou totalmente com o cuidado de Yang Yufen.

— Uma a menos não faz diferença. Já arrumei uma fonte de peixe — vou comprar bastante para fazer peixe curado. Enguias e peixes-cabeça-de-espinho são tão nutritivos quanto galinha.

Yang Yufen dispensou a ideia.

— Mãe, você não gosta de peixe? Vamos comprar também. Eu sei como curar.

Fang Fen entrou na conversa.

Com a chegada do Ano Novo, a cooperativa de suprimentos tinha mais carne que o normal, mas também estava mais difícil conseguir — toda família queria pratos extras na mesa da festa.

A cooperativa vendia peixe também, mas quem chegasse atrasado ficava sem.

— Parece ótimo.

A tia Wang gostava mesmo de peixe.

— Então decide quanto quer. O vendedor vem amanhã de manhã — vou avisar ele. Também vou falar com a irmã Liu. Estou pegando bastante, o suficiente para compartilhar com o mestre e a esposa da Niannian.

Somando os pedidos das três famílias, mais parentes e colegas próximos, deram duzentos quilos.

Yang Yufen se preocupava se teria peixe suficiente para todo mundo.

— Pode ficar tranquila, tia. Eu trago tudo até às oito e meia da noite, aqui mesmo.

Pequeno Zhang bateu no peito para garantir.

Ainda bem que ele tinha mandado o sobrinho fazer um pedido grande. Ia garantir que o grupo da tia Yang escolhesse primeiro.



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