Capítulo 25: A Juventude Que Floresce
A criada do palácio caminhava à frente, enquanto Han Yan e Zhuang Yu Shan seguiam logo atrás. Zhuang Yu Shan mantinha um sorriso no rosto, e embora Han Yan estivesse atenta, não conseguia decifrar o que a outra planejava, então apertou discretamente a mão em torno de um grampo de cabelo de madeira escondido em sua manga.
Esse grampo fora um presente de Zhuang Han Ming em seu décimo aniversário, entalhado por ele mesmo. Embora o design fosse rudimentar, demonstrava zelo e cuidado. No início, ela se emocionou e não quis usá-lo — afinal, como filha de uma família nobre, usar um grampo de madeira parecia inadequado — então o guardou numa caixa. Após sua reencarnação, ao organizar seus pertences, encontrou o grampo ainda brilhando como novo, sinal de que fora feito com madeira de excelente qualidade.
Aproveitando o que tinha à disposição, afiou uma das pontas com uma pequena faca, adicionando uma farpa para servir de autodefesa. Ainda que não fosse muito eficaz numa situação real de perigo, trazia algum conforto.
Agora que Zhuang Yu Shan claramente tramava algo, ela precisava manter-se cautelosa. No entanto, como Zhuang Yu Shan não tinha aliados conhecidos no palácio, provavelmente não faria nada imprudente. Para agir contra ela, alguém de dentro teria que apoiá-la. Han Yan se lembrou da Jovem Senhorita bem-vestida que haviam visto antes — ela aparentava ter alta posição. Seria alguém da família imperial?
O que será que Zhuang Yu Shan disse a ela para conseguir sua ajuda contra mim?
Confusa, Han Yan decidiu apenas lidar com as coisas conforme viessem.
Os caminhos no palácio eram intrincados e sinuosos. A criada conduziu Han Yan e Zhuang Yu Shan por inúmeros corredores e voltas, e justo quando Han Yan já sentia as pernas cansadas, a criada finalmente parou:
— Senhorita Zhuang, chegamos.
Zhuang Yu Shan puxou Han Yan para dentro, e o banheiro do palácio era surpreendentemente imponente, com telhas vermelhas e paredes carmesim. Han Yan pensou nisso e logo se repreendeu mentalmente — o que estou fazendo, comparando o banheiro do palácio com o da minha casa numa hora dessas?
Havia três compartimentos ao todo, e Han Yan e Zhuang Yu Shan entraram em dois diferentes. Desde o início, Han Yan manteve-se em alerta, pressentindo que Zhuang Yu Shan poderia tentar algo, por isso não desgrudava os olhos da porta, temendo que a outra invadisse repentinamente.
Mas esperou e esperou... e nada aconteceu. Confusa, Han Yan empurrou a porta e chamou:
— Irmã Yu Shan?
A única resposta foi o som agudo do vento.
Um arrepio percorreu sua espinha. De repente, algo lhe veio à mente. Correu até onde a criada do palácio estivera... apenas para encontrar o lugar vazio — não havia ninguém ali.
Ficou parada por um momento, sem conter um sorriso amargo. Tinha sido tão cuidadosa, com medo de que Zhuang Yu Shan a machucasse ou armasse alguma confusão, e no fim... tinham simplesmente a deixado ali?
Era sua primeira vez no palácio, e ela desconhecia os caminhos. De repente, percebeu que a criada as conduzira por trilhas estreitas e cheias de voltas, e que durante todo o percurso, quase não haviam visto eunucos ou outras criadas — aquilo era muito estranho.
Muitos lugares no palácio eram, na verdade, tabus; alguns envolviam segredos e eram áreas proibidas. Estando sozinha ali, Han Yan não pôde deixar de suspeitar que aquele talvez fosse um desses locais.
Se isso aqui realmente for uma área proibida, e eu ficar parada esperando Zhuang Yu Shan voltar, ela pode alegar que me perdi, mandar alguém me procurar, e se me encontrarem nesse lugar... mesmo com toda a razão do mundo, não adiantaria nada. A ira do Imperador seria fatal para uma jovem nobre. Nunca pensei que os pensamentos de Zhuang Yu Shan fossem tão cruéis. Ela é nova, mas seus métodos são venenosos.
Mas sair dali também era complicado — Han Yan não conhecia o caminho. E com tão poucas pessoas ao redor, era bem possível que toda aquela área fosse sensível. Um passo em falso, e ela poderia entrar em outro local proibido.
Pensar nisso a deixava frustrada. Deveria ter chamado Ji Lan e as outras para acompanhá-la. Infelizmente, as criadas estavam ocupadas perto dali, longe demais para alcançá-la, e ela não pensou muito no assunto na hora.
Cerrando os dentes, Han Yan sacudiu a cabeça e começou a caminhar em direção ao extremo leste, onde havia uma grande floresta.
Pela lógica, o instinto de uma pessoa a levaria para uma área aberta — mas Han Yan não ousava fazer isso.
Se isso aqui realmente for uma zona proibida, as árvores densas podem me servir de abrigo. Mas de jeito nenhum posso me aproximar de qualquer construção.
Caminhando com cautela e vigiando os arredores, logo percebeu que realmente... não havia viva alma por ali!
Quando algo parece anormal, é porque há algo oculto. Um lugar sem eunucos ou criadas do palácio devia ter seus motivos. Ao mesmo tempo, Han Yan se sentia aliviada por ter deixado o banheiro sem hesitar. Se tivesse ficado, estaria numa área aberta, sem onde se esconder. Se alguém viesse, me encontraria num piscar de olhos.
Mas desse jeito... quando vou conseguir voltar ao Jardim das Ameixeiras?
Não sabia quanto tempo andou. A floresta parecia não ter fim. Justo quando a ansiedade tomava conta, um aroma doce flutuou pelo ar. A fragrância era revigorante, fazendo Han Yan parar, surpresa.
Ao levantar os olhos, ficou estupefata diante de uma vastidão de ameixeiras vermelhas!
Se o jardim de ameixeiras brancas da Imperatriz era uma cena encantadora, aquele campo de ameixeiras vermelhas parecia um reino de conto de fadas.
Flores grandes e vibrantes desabrochavam com ousadia, seu vermelho cintilante trazendo vivacidade ao ambiente. Embora ameixeiras costumem florescer de forma isolada, essas estavam cheias de vida e beleza orgulhosa, erguidas com firmeza em seus galhos. Sem temer o vento cortante ou o frio intenso, suportavam o inverno com dignidade. Por um momento, Han Yan sentiu como se a primavera tivesse chegado de repente.
Na extensão de dez milhas repletas de ameixeiras vermelhas, a neve cobria o solo, vibrante e sutil, alegre e solitária — como uma moça em seu quarto, a juventude triste florescendo — gloriosa e esplêndida, a mais bela e a mais trágica, florescendo por quem ama, mas sem jamais ser valorizada.
Essas flores se abriam com tanto entusiasmo, apenas para murchar tão rapidamente, seu vermelho brilhante quase cegando Han Yan. A vida é feita de tantos instantes passageiros... a beleza nunca dura para sempre. Como em sua vida passada — morreu no auge da juventude, no dia mais bonito.
Sentia que aquelas ameixeiras a representavam — morrendo no dia do florescer, sem jamais ser apreciada. Sua beleza, sua bondade, não foram vistas por aquela pessoa.
Ameixeiras florescem apenas no inverno, então precisam suportar tempestades. Minha vida nunca foi suave como seda. Essa existência está repleta de vento e chuva, sem ninguém para me valorizar. Quem sabe me apreciar? Quem saberia cuidar de mim?
Sou como uma guerreira — vivendo em tristeza, mas com orgulho. Mas... só existe uma saída!
As lágrimas subiram aos olhos de Han Yan. Ela deu um passo à frente, quase em transe, quando de repente sentiu um olhar sondando à distância. Seu coração afundou e sua mente clareou de imediato. Levantando os olhos, viu uma figura alta perto do muro do palácio, sob as ameixeiras vermelhas, quase se fundindo à paisagem nevada, observando-a com suavidade.
Nota da autora:
Finalmente, algum progresso! Estão satisfeitos com o enredo até agora? O Protagonista Masculino demorou tanto para aparecer, hein?
Capítulo 26: Contato Íntimo
Quando Han Yan se virou para olhar a figura, flocos de neve começaram a cair do céu.
A neve pousava suavemente em sua cabeça e ombros, obscurecendo momentaneamente os traços da pessoa à frente. Han Yan ficou paralisada, sabendo que já havia sido vista. Estava ali, sem saber o que fazer.
Quem transforma o chão comum em montes de neve, esculpindo-o numa flor que toca o céu...?
Naquele momento, a neve caía espessa, refletindo as ameixeiras vermelhas — se não fosse pela presença daquele estranho por perto, seria uma bela cena.
Infelizmente, a protagonista não tinha coração para admirar paisagens. Passado o pânico inicial, Han Yan aos poucos se acalmou. Aquela pessoa ali estava ou em um território proibido, ou tinha um status tão elevado que não temia tal coisa.
Após refletir um pouco, percebeu que a figura havia notado sua presença e ainda assim permanecia imóvel — estaria indicando que a deixaria ir?
Han Yan hesitou por um momento e decidiu com firmeza que, fosse quem fosse aquele homem, o melhor a fazer era sair dali discretamente. Mas, justo quando se preparava para sair, ouviu vozes à frente.
Instantaneamente, um arrepio percorreu seu corpo — como poderia haver mais alguém ali?
Aquela era uma vasta mata de ameixeiras vermelhas; embora as árvores fossem densas, não seriam capazes de esconder completamente a silhueta de Han Yan. E, com o chão coberto de neve, ela se destacava nitidamente.
Sentindo-se ansiosa, Han Yan levantou os olhos e avistou ao longe o longo muro do palácio. Talvez conseguisse se esconder por ali, mas a figura que vira antes ainda estava parada naquele canto.
Seu coração disparou. Será que aquele homem fazia parte do grupo que se aproximava? Se estivessem juntos, não havia escolha que a salvasse. Se fossem de grupos diferentes... com quem ela deveria contar?
Os passos se aproximavam, acompanhados pelas vozes de um homem e de uma mulher em conversa. Eram dois chegando, enquanto o da muralha era apenas um. Cerrou os dentes e decidiu correr para o muro.
A figura junto ao muro parecia completamente indiferente, sem notar Han Yan nem o casal que se aproximava — permanecia ali, ereto, sob as ameixeiras.
Conforme se aproximava, Han Yan ficava cada vez mais tensa, mas o homem e a mulher já tinham entrado mais profundamente no bosque. De cabeça baixa, ela andou até estar bem perto — a um passo de distância, viu um par de botas negras luxuosas, com detalhes dourados, pousadas na neve.
Um calafrio percorreu sua espinha. A pessoa à sua frente emanava uma aura fria e opressora. Naquele instante, Han Yan não conseguia sequer levantar o rosto.
Mas antes que pudesse refletir melhor, os sons do casal à frente chegaram até ela — gemidos misturando prazer e dor, com suspiros suaves da mulher e rugidos frustrados do homem. Han Yan entendeu imediatamente, seu rosto ficando vermelho como brasa.
Antes do casamento em sua vida passada, Mamãe Chen lhe mostrara alguns livretos. A residência do Príncipe Wei era diferente das demais, e Mamãe Chen havia enfatizado que Han Yan precisava aprender a conquistar o coração de Wei Ru Feng, explicando em detalhes, inclusive com marionetes. Han Yan entendeu na hora o que aqueles sons significavam, e ao lembrar de Wei Ru Feng, seu rosto empalideceu e uma onda de ansiedade a tomou.
Dentro do palácio, tirando as damas presentes no banquete, quase todas as mulheres pertenciam ao Imperador. Naquele momento, ele e os nobres deveriam estar caçando na reserva, mas aquele homem estava no palácio, envolvido com uma mulher. Independente de quem fosse ela — concubina ou não —, aquilo era traição. Se Han Yan fosse descoberta, só havia um caminho para ela: a morte.
Se aquele homem fosse de posição elevada e a mulher uma forasteira, Han Yan, ao encontrá-los num ato tão indecente, poderia ser forçada a se casar com ele!
O destino das mulheres era muitas vezes impotente, especialmente para aquelas de famílias abastadas. Um único erro podia levar a consequências catastróficas. O mundo era cruel, e hoje, os esquemas de Zhuang Yushan a haviam empurrado para uma situação insustentável!
O casal ali parecia alheio ao que acontecia ao redor, aproximando-se cada vez mais em meio àquela intimidade. Se dessem mais alguns passos, veriam Han Yan escondida junto ao muro do palácio.
Tomada por raiva e desespero, Han Yan lançou um olhar para o homem ao seu lado — e seu coração deu um salto.
Desde o começo, ele não demonstrara um pingo de pânico, apenas permanecera ali, imóvel. Mesmo com Han Yan se aproximando de repente, ele não reagira.
Sentindo-se culpada, Han Yan havia evitado olhar para cima. Mas ao notar as botas que ele usava, percebeu que devia ser alguém de posição elevada, alguém que ela não podia ofender. Ainda assim, na situação atual, estavam no mesmo barco. Por que esse "gafanhoto" estava tão calmo...?
Ele não tem medo, mas eu tenho!
Ela era apenas uma Jovem Senhorita desprezada da família Zhuang. Se aquele homem tivesse status nobre, poderia sair dali impune. Mas ela? Isso significava ser morta em segredo ou forçada a se casar com o lascivo escondido no bosque. Nenhum dos dois destinos era suportável!
Por que eu deveria pagar pelos erros dos outros? Será que vou morrer mais uma vez nas mãos das tramas de Zhuang Yushan?
Ela se recusava a aceitar isso!
Subitamente, impulsionada por uma coragem inesperada, com os passos do casal cada vez mais próximos, Han Yan levantou a capa escura do homem e se enfiou dentro.
Assim que o fez, arrependeu-se imediatamente. A aura gelada que vinha dele quase a congelou por completo.
Naquele momento, o medo tomou conta. Num impulso, ela presumiu que o homem lidaria com a situação sem denunciá-la, por isso se escondeu em sua capa. Mas não sabia se ele era aliado ou inimigo; ele podia simplesmente lançá-la para fora. E como pôde agir com tamanha ousadia, pressionando seu corpo contra o dele? O cheiro masculino, com um leve perfume de bambu, a envolvia por completo, fazendo seu coração disparar.
Estava claro que ele estava irritado. Han Yan sentia o descontentamento vindo do corpo contra o qual se encostava. Desespero preencheu seu coração diante da possibilidade de ser lançada para fora — e começou a tremer.
Então, de repente, sentiu-se apertada firmemente. O homem a segurou com uma mão nas costas, depois a envolveu pela nuca e saltou no ar. Han Yan sentiu seu corpo se erguer do chão. Assustada, agarrou-se com força às roupas dele, sem coragem de abrir os olhos, o coração disparado enquanto flutuava no ar. Num piscar de olhos, pousaram no chão.
Sem saber o que fazer, ela se encolheu dentro da capa do homem, surpreendentemente sentindo certo calor, apesar da escuridão. O que acabou de acontecer...?
Então ouviu uma voz clara, encantadora, vinda de cima — rica e elegante como vinho envelhecido, tocando suavemente seu coração.
— Você não pretende sair?
Capítulo 27: Habilidades de atuação ainda inexperientes
Assustada, Han Yan rapidamente se desvencilhou do abraço dele. Quando percebeu que estava em um espaço aberto com um muro de pedra bloqueando o caminho à frente, parou por um momento, logo compreendendo que aquele homem devia possuir habilidades de leveza corporal para tê-la carregado daquela forma. Não é à toa que estava tão calmo antes. O pensamento a fez corar.
Após refletir por um instante, Han Yan ergueu os olhos, pronta para falar — mas ficou completamente atônita com o que viu.
Diante dela estava um rosto incrivelmente belo. O homem aparentava estar no início dos vinte anos, com sobrancelhas inclinadas e nariz reto, olhos escuros e serenos como uma piscina profunda, tranquilos, mas repletos de ondulações, com um toque de encanto natural. Os lábios finos estavam firmemente cerrados, e os traços eram nítidos como se esculpidos por cinzel. Os longos cabelos negros desciam até a cintura, presos apenas por um grampo de jade. Usava uma túnica de cetim azul-celeste com bordas prateadas e bordados de orquídeas, sobre a qual estava um manto escuro. Sua figura parecia saída de uma pintura — delicada e etérea.
Naquele momento, o jovem belo a encarava em silêncio, com um olhar imponente.
Na vida passada, Han Yan havia se casado com Wei Ru Feng, em parte por sua boa aparência, mas comparado a esse homem, ele não era nada. Aquele jovem, embora ainda não fosse velho, exalava uma nobreza inata. Não precisava fazer esforço para parecer elegante e distinto — ele simplesmente emanava graça. Algumas pessoas já nascem para encarnar o termo "nobre", pensou Han Yan, e esse homem, com certeza, era uma delas. Mas tamanha nobreza só poderia pertencer à realeza. Ao lembrar que havia se agarrado a ele momentos antes, Han Yan sentiu-se ainda mais desconfortável. Após uma breve hesitação, fez uma reverência e sorriu docemente:
— Meu senhor, acabei me perdendo há pouco e, ao ver dois estranhos, fiquei ansiosa e acabei lhe ofendendo sem querer. Espero que não leve a mal.
Seu sorriso era inocente, o rosto juvenil, os gestos educados e a aparência encantadora. Para qualquer pessoa comum, ela pareceria apenas uma garotinha travessa, ingênua e indefesa.
Infelizmente, Han Yan não estava diante de uma pessoa comum.
Fu Yunxi baixou o olhar, os olhos escuros cintilando com um significado difícil de decifrar.
O bosque de ameixeiras não era um lugar onde qualquer um podia entrar. Naquele dia, ele havia cumprido uma tarefa para o Imperador e, ao terminá-la, passou por ali sem intenção de permanecer. Foi então que avistou uma garotinha frágil.
De longe, através do bosque e da neve espessa, Fu Yunxi não conseguia vê-la com clareza, mas manteve-se vigilante. Quem quer que seja, se entrou aqui e eu a descobri, não poderá sair facilmente.
Logo percebeu, no entanto, que a garotinha exalava uma tristeza infinita. Mesmo à distância, Fu Yunxi conseguia sentir o desespero e a desolação que emanavam dela. Ela olhava longamente para as ameixeiras floridas, estendia a mão como se quisesse tocá-las, mas parava no meio do gesto — como se fossem algo frágil demais. Embora não conseguisse ver seu rosto claramente, naquele instante, Fu Yunxi teve a nítida impressão de que aquela menina estava prestes a abandonar este mundo.
Como pode uma garota de apenas onze ou doze anos carregar tamanha tristeza?
Sentiu-se tocado, os pensamentos se tornando subitamente profundos. Mas então a menina percebeu sua presença. Para surpresa de Fu Yunxi, ela apenas ficou parada, observando-o. Não gritou nem fugiu — pelo contrário, parecia calma e composta. E mesmo que estivesse fingindo, tal autocontrole naquela idade já era bastante raro.
Sentindo o olhar investigativo da menina, Fu Yunxi ficou parado com as mãos atrás das costas. Sua intenção era apenas observar suas ações, mas então duas outras pessoas se aproximaram.
Será que a garota chamou reforços? pensou ele.
Ela hesitou por um instante, como se tomasse uma decisão, e de repente correu na direção dele para se esconder.
Ele estranhou o gesto, mas percebeu que a menina abaixara a cabeça ao se aproximar, parecendo assustada.
Havia apenas um lado do muro do palácio que poderia servir de abrigo, e Fu Yunxi pensou que a garota era realmente ousada. Foi então que ouviu um som embaraçoso.
Para ele, era evidente o que aquilo significava. No entanto, diante de uma garotinha que ainda não havia chegado à maturidade, não teve qualquer pensamento impróprio. Mas logo percebeu que a menina diante dele estava corada.
Será que ela sabe o que isso significa?
Fu Yunxi se surpreendeu; pelas roupas, parecia ser filha de uma família rica. E uma garota assim, nessa idade, já entende assuntos do quarto?
Aquilo era... um tanto interessante.
Enquanto isso, o casal nas proximidades parecia ter notado algo e começou a caminhar naquela direção.
Enquanto ainda ponderava, a garotinha fez um movimento ousado e rapidamente se enfiou em seu manto largo.
Fu Yunxi quase ficou sem palavras.
Ele nunca gostara de ser tocado por outras pessoas, mantendo até mesmo certa distância de seus amigos. E agora, uma estranha estava aninhada em seu peito!
A audácia dessa garota era absurda. Sentiu uma onda de irritação e quase a puxou para fora e a lançou longe.
Mas ao sentir aquele corpinho delicado tremendo ansiosamente contra ele, de repente mudou de ideia. Decidiu protegê-la e tirá-la daquele lugar problemático.
Não que fosse uma pessoa particularmente bondosa — apenas achou aquela garota um pouco especial e resolveu salvá-la por impulso. Mas agora, enquanto ela fingia doçura e encantamento, agradecendo como se tudo tivesse sido coincidência, sentiu um leve incômodo surgir dentro de si.
Aquela garota não era tão inocente quanto parecia; talvez estivesse tentando enganá-lo agora. Mas havia assuntos mais importantes a tratar. Quanto a ela, não passava de uma jovem senhorita um pouco mais esperta do que o normal. Não valia a pena perder tempo com isso.
Han Yan, encarando os traços impecáveis do homem à sua frente, ficou um tanto hipnotizada — até que o viu arquear uma sobrancelha, os olhos profundos e indecifráveis, enquanto dizia com desdém:
— Você não é muito boa de atuação.
Han Yan congelou, de repente percebendo que o olhar dele a deixava extremamente desconfortável — como se pudesse enxergar direto em seu coração e pensamentos, sem deixar nada oculto. Mordeu o lábio e continuou a fingir ignorância:
— Deseja assistir a uma peça, meu senhor? Acho que a ceia no palácio hoje não convidou nenhuma trupe de teatro...
Enquanto se perguntava o que ele diria em seguida, viu-o virar-se friamente:
— Ainda não vai embora?
Han Yan ficou um pouco confusa. Ele acabou de ver através da minha encenação, mas está me deixando ir assim tão fácil? Pensando melhor, imaginou que provavelmente todos no Jardim das Ameixeiras estavam aflitos por não encontrá-la. Além disso, aquele homem a havia salvado — se tivesse más intenções, não teria se dado ao trabalho. Provavelmente, ele não era uma má pessoa. Então perguntou:
— O senhor saberia o caminho de volta ao Jardim das Ameixeiras, onde a Imperatriz nos deu as recompensas?
Após um breve silêncio, a voz fria dele respondeu:
— Siga por esse caminho. O Pavilhão Mo Hu tem algumas criadas do palácio varrendo. Peça a elas que a guiem.
Han Yan sentiu uma alegria repentina e fez uma reverência profunda:
— Jamais esquecerei sua gentileza em me ajudar, meu senhor. Se houver uma chance no futuro, virei agradecê-lo pessoalmente.
E com isso, saiu apressada.
Enquanto se afastava, pensava consigo mesma que o melhor seria que essa chance nunca surgisse. Aquele homem gelado era assustador demais — melhor manter distância.
Depois que Han Yan já estava longe, Fu Yunxi virou-se. Seu olhar foi atraído por algo no chão. Abaixou-se, pegou o objeto e olhou pensativamente na direção por onde Han Yan havia desaparecido.
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