Capítulo 2


 Tarde da noite, o Palácio Cheng Guang estava intensamente iluminado.

Finas espirais de fumaça subiam do queimador de incenso dourado e vazado, enquanto o brilho tênue das velas carmesim atravessava as camadas de cortinas, revelando vagamente uma figura deitada em uma cama de madeira de huanghuali.

Os olhos dele estavam firmemente fechados, sombras sombrias pairavam entre as sobrancelhas, e seu rosto estava mortalmente pálido. Mesmo inconsciente, a aura feroz e indomável que o cercava permanecia afiada e intimidante, afastando qualquer um que ousasse se aproximar.

O Príncipe Herdeiro franzia as sobrancelhas com força, a ferida envenenada lançando ondas de dor excruciante até o fundo de seus ossos. Seu corpo parecia arremessado entre uma fornalha ardente e um abismo gelado.

Ao mesmo tempo, vozes fragmentadas e caóticas inundavam seus ouvidos como uma maré crescente.

"Por que ele ainda não acordou? O remédio não desce — será que ele vai mesmo morrer?"

"Todos esses anos na fronteira não conseguiram matá-lo, nem mesmo uma flecha envenenada. Sua vida é teimosamente resistente."

A voz da Imperatriz.

No entanto, a Imperatriz de Dazhao sempre fora um lobo em pele de cordeiro, habilidosa em manter aparências. Mesmo que desejasse sua morte, jamais mostraria as presas abertamente diante dos outros.

Será que agora ela abandonara toda a pretensão, agora que ele voltara para a capital?

Ou ele estava preso em algum sonho bizarro?

"Bem feito! Esse monstro massacrou inocentes e atraiu a ira do céu! Nem os deuses o suportam mais!"

"O que podemos fazer? A Imperatriz nos ordenou encontrar uma solução, mas o Príncipe Herdeiro sofre de doenças crônicas desde a infância — suas dores de cabeça sozinhas já o levam à loucura. Agora, com múltiplas flechas envenenadas atravessando-o, o veneno se infiltrou em sua medula. Desta vez, não há salvação..."

"Ó céus, viva ou morra o Príncipe Herdeiro, imploro que Sua Majestade e a Imperatriz não nos castiguem! Tenho uma mãe idosa e crianças pequenas para sustentar — meu neto ainda espera que eu leve para ele frutas glaceadas..."

Essas deviam ser as vozes das velhas raposas do Departamento Médico Imperial.

A vários zhang(mestros) de distância, a voz ansiosa da Imperatriz ecoou:
"Quem conseguir fazer o Príncipe Herdeiro beber o remédio, eu recompensarei com dez taéis de ouro!"

Então veio um burburinho de servos tagarelando perto de seu ouvido, o barulho perfurando seu crânio como uma dor de cabeça lancinante.

"Dez taéis de ouro não valem arriscar a vida! Quem se atreve a dar remédio para aquele Rei do Inferno?"

"E se ele acordar de repente enquanto eu tento e me chutar para o outro lado do salão?"

"Estou prestes a explodir! Devia ter ido ao banheiro antes de vir aqui. Vai levar pelo menos o tempo de um incenso para voltar aos aposentos dos servos. Quando é que vamos embora? Espera — dez taéis de ouro? Por dar o remédio ao Príncipe Herdeiro? Isso dá para comprar uma casa na capital! Mais do que eu ganharia em toda a vida trabalhando na cozinha! Eu vou fazer isso! Eu vou fazer isso! Aaah, vou ficar rica!"

Insuportável.

O cenho do Príncipe Herdeiro se aprofundou. Ele queria poder se levantar naquele instante e estrangular aquela criada tagarela.

Um momento depois, uma voz suave ecoou pelo salão:
"Sua Majestade, esta humilde criada está disposta a tentar."

Era inconfundivelmente a mesma pessoa que tagarelava antes, mas agora seu tom era dócil e adequado.

No instante em que ela falou, todo o salão prendeu a respiração.

A Imperatriz deu um passo à frente, fitando a pequena criada ajoelhada no chão.
"Você realmente tem um jeito?"

Yun Kui respondeu com cautela:
"Mas... ousaria esta serva insignificante pedir outro favor a Vossa Majestade? Se o Príncipe Herdeiro acordar e ordenar minha execução, poderia Vossa Majestade..."

A Imperatriz examinou seu rosto — uma beleza deslumbrante, com olhos como poças d’água no outono, lábios cheios e um corpo com curvas generosas e cintura fina. Quem diria que uma donzela tão incomparável estava escondida entre as criadas do palácio?

Após uma breve pausa, a Imperatriz riu por dentro.

Outra raposa ardilosa mirando o leito real.

Por fora, sua expressão permaneceu gentil:
"Não se preocupe. Se conseguir restabelecê-lo, eu garantirei sua segurança."

"Quem é essa tola, trocando a vida por dinheiro?"

"Aposto que ela planeja alimentá-lo boca a boca."

"Mais uma escaladora delirante. A última que tentou acabou seis palmos abaixo da terra — o túmulo dela já está coberto de mato."

Ouvindo esses murmúrios absurdos, as têmporas do Príncipe Herdeiro latejavam, com veias saltando de irritação.

"Obrigada, Vossa Majestade." Yun Kui pressionou os lábios e acrescentou:
"Esta criada precisa buscar algo na cozinha."

Reprimindo a impaciência, a Imperatriz assentiu:
"Seja rápida."

Yun Kui se levantou e correu de volta às cozinhas, primeiro aliviando-se rapidamente e depois revirando os ingredientes até encontrar o que procurava. Depois de lavá-lo minuciosamente, voltou ao Palácio Cheng Guang.

A Imperatriz encarou o objeto estranho em sua mão, instintivamente cobrindo o nariz com a manga:
"O que é isso? Isso realmente pode fazer o Príncipe Herdeiro tomar o remédio?"

"Parece... levemente repulsivo."

O Príncipe Herdeiro, ouvindo isso: "..."

Yun Kui explicou com sinceridade:
"Isto é um ingrediente comum das cozinhas. Esta criada já o limpou e retirou o odor."

Enquanto falava, os olhares dos médicos e funcionários do palácio convergiram para ela.

Os servos da cozinha reconheceram de imediato — embora apresentá-lo cru ao Príncipe Herdeiro fosse praticamente um sacrilégio.

A maioria dos médicos também sabia do que se tratava, mas suas expressões eram um espetáculo à parte.

A Imperatriz voltou-se para o Médico-Chefe Zhang:
"Há algum problema?"

O ancião de barba branca enrubesceu, mas, adivinhando a intenção de Yun Kui, hesitou antes de finalmente dizer:
"Vale a tentativa."

Só então Yun Kui relaxou.

A Imperatriz assentiu:
"Muito bem. Proceda."

"Ó céus..."

"Que audácia dessa criada tratar Sua Alteza assim..."

Mesmo inconsciente, o Príncipe Herdeiro podia ouvir as conversas abafadas no salão — junto com vozes que não deveriam ser audíveis.

Como se... ele estivesse ouvindo seus pensamentos mais íntimos?

Yun Kui cuidadosamente despejou o caldo medicinal dentro da tripa de carneiro, amarrando bem as duas extremidades. A tripa cheia inchou em uma forma inconfundivelmente sugestiva, fazendo vários médicos desviarem o olhar, constrangidos.

"Desvia o olhar, desvia o olhar..."

"Tsc, parece uma salsicha gigante."

"Usei duas dessas só na noite passada..."

O Príncipe Herdeiro estava perplexo.
O que, em nome do céu, era aquilo? Como ela planejava administrar o remédio?

Que tipo de ingrediente era tão repulsivo, e ainda assim o Médico Shen tinha "usado duas"?

"Usado"?

Yun Kui pegou emprestada uma agulha de prata de um assistente, fazendo um pequeno furo em uma das pontas da tripa. Aproximando-se do homem imóvel na cama de sândalo, ela rezou em silêncio:

"Por favor, por favor, só beba o remédio. Não acorde agora! Céus acima, deixa eu conseguir esses dez taéis de ouro sem problemas!"

Os olhos do Príncipe Herdeiro continuavam fechados, o maxilar travado. Enquanto os pensamentos frenéticos da garota se dissipavam, um leve peso pressionou suas pálpebras, bloqueando a tênue luz que antes penetrava.

O coração de Yun Kui disparou descontroladamente, quase saltando pela garganta. Ela ergueu as cortinas e cobriu imediatamente o rosto do Príncipe Herdeiro com um lenço, deixando apenas a boca exposta.

Assim, não precisaria encarar aquele semblante aterrador. Mesmo que ele acordasse de repente, não veria seu rosto de imediato — ganhando-lhe tempo para implorar à Imperatriz por misericórdia.

"Yun Kui, sua gênia!"

Pequena... Flor de Girassol...?

Pode apostar que eu vou, sua...

Antes que pudesse terminar o pensamento, um toque quente e macio roçou seu maxilar, carregando a suave fragrância de uma mulher.

A mente do Príncipe Herdeiro ficou em branco por um momento, com as veias pulsando levemente em seu pescoço, mesmo em estado inconsciente.

Ninguém jamais havia ousado tocá-lo.

Yun Kui segurou o queixo do Príncipe Herdeiro, seu olhar vagando sobre a pele fria como jade e os contornos afiados e gélidos do rosto dele. Ela congelou por um instante.

Apenas aquele vislumbre da linha do maxilar já era surpreendentemente bonito, embora seus lábios estivessem excessivamente pálidos, a pele quase sem sangue, e o toque, mais frio que a neve do inverno.

Se não fosse pelos leves sinais de respiração, o Príncipe Herdeiro pareceria um cadáver — mais do que um cadáver de fato.

Mesmo vendado e inconsciente, a aura opressiva de autoridade que emanava dele era palpável, provocando arrepios na espinha.

Yun Kui respirou fundo.

"Hã, a língua dele é tão rosada."

Príncipe Herdeiro: ???

Reprimindo o nervosismo, Yun Kui firmou a mandíbula magra e pálida do Príncipe Herdeiro, forçando os lábios dele a se entreabrirem levemente com as pontas dos dedos. Então, em um movimento rápido, espremeu o caldo medicinal da tripa de carneiro diretamente na garganta dele.

Os médicos imperiais: "..."

"Ela realmente conseguiu colocar o remédio."

"Método engenhoso, mas... o processo é bem pouco refinado."

"Mal consigo assistir a isso."

Um gosto amargo e pungente inundou a garganta do Príncipe Herdeiro, e seus olhos se abriram num instante.

Antes que pudesse reagir, sua garganta convulsionou instintivamente, engolindo o remédio de sabor horrível.

Após anos naquela posição, ele sempre fora extremamente vigilante com tudo que entrava em sua boca. Ninguém jamais ousara forçá-lo a ingerir algo assim.

Essa era a primeira vez.

Sem perceber que o homem sob ela havia despertado, Yun Kui se preparava para espremer mais remédio quando seu pulso foi, de repente, agarrado com uma força esmagadora.

Já envolvida em uma tarefa perigosa, a dor súbita no pulso quase a matou de susto. Ela estremeceu violentamente, deixando a tripa de carneiro cair no chão em pânico.

Um grito ecoou no salão:
"O Príncipe Herdeiro acordou!"

A Imperatriz e os médicos correram para examiná-lo.

Antes que o Príncipe Herdeiro pudesse retirar o pano de algodão que cobria seus olhos, Yun Kui arrancou o pulso de sua mão, se jogou no chão e se ajoelhou com a cabeça baixa.

A Imperatriz lançou um olhar para ela e ordenou à sua criada-chefe, Qing Dai:
"Leve-a e recompense-a."

Grata além das palavras, Yun Kui se prostrou sem levantar a cabeça e retirou-se apressadamente.

O Príncipe Herdeiro removeu o pano e sentou-se lentamente.

À luz das velas, seu rosto pálido estava sombrio e desprovido de calor. Seus olhos vermelhos e injetados de sangue, cheios de uma hostilidade gelada, pareciam congelar a medula de quem ousasse encarar.

A Imperatriz forçou um sorriso rígido, moldando sua expressão em um ar de preocupação maternal:
"Príncipe Herdeiro, finalmente despertou! Ainda se sente mal?"

O Príncipe Herdeiro ergueu o olhar impassível para a mulher ricamente vestida diante dele.

Anos haviam se passado, e a Imperatriz tornara-se ainda mais cheia e majestosa. Seu olhar para ele permanecia tão gentil e afetuoso quanto sempre fora.

Ainda assim, o que o Príncipe Herdeiro ouvia era uma voz totalmente oposta àquela fachada benevolente.

"Ele acordou assim, do nada?"

"O Pó das Sete Léguas diluído que prepararam realmente funcionou tão rápido?"

"Maldição, por que aquelas flechas não o mataram?"

A Imperatriz estremeceu sob o olhar dele, mantendo a compostura com dificuldade. Rapidamente, voltou-se para os médicos:
"Médico-Chefe Zhang."

O Médico-Chefe Zhang deu um passo à frente para tomar o pulso do Príncipe Herdeiro. Após um momento de análise, franziu o cenho:
"O pulso está irregular, e o veneno já invadiu os meridianos. É necessário eliminar os resíduos da toxina com doses adicionais de Pó das Sete Léguas, complementadas por acupuntura e aplicação externa de Pomada Dourada para Feridas. Caso contrário, o veneno pode penetrar nos órgãos e danificar o coração."

"Então ele ainda não se recuperou totalmente — perfeito!"

A Imperatriz disse:
"Nesse caso, Médico-Chefe Zhang, não poupe esforços. O Príncipe Herdeiro não pode sofrer nenhum contratempo."

O Médico-Chefe Zhang curvou-se:
"Este é meu dever. Farei o máximo."

O Príncipe Herdeiro levantou-se da cama, sua figura agora mais alta e imponente do que há três anos. Sua aura estava mais afiada, mais opressiva, e seu olhar gélido varreu o salão com indiferença.

Por onde seus olhos passavam, o silêncio se instaurava. Ninguém ousava imaginar qual seria seu próximo movimento.

Até mesmo a Imperatriz sentiu um arrepio de pavor.
"Príncipe Herdeiro, seus ferimentos são graves. Não deveria sair da cama—"

"O que esse lunático está planejando agora? Quem o provocou desta vez?"

O olhar do Príncipe Herdeiro recaiu sobre os médicos encolhidos — a maioria deles rostos conhecidos da capital. Desde a infância, suas dores de cabeça crônicas haviam transformado o Departamento Médico Imperial em sua segunda casa.

"Médico Chen."

O Príncipe Herdeiro parou diante de um médico de meia-idade.

Sua voz era calma, as palavras suaves, tingidas por um leve cansaço de doença — mas suficientes para infundir medo.

Pego de surpresa, Chen Yi tremeu e apressou-se em fazer uma reverência.
"Vossa Alteza?"

"Por que o Príncipe Herdeiro está me chamando? Será que descobriu que omiti três ingredientes do Pó das Sete Léguas? Impossível..."

O Príncipe Herdeiro o estudou, um leve sorriso sem humor surgindo em seus lábios.
"Quanto tempo, não é?"

Chen Yi limpou o suor frio da testa. Aquele sorriso afiado era perturbador. Qual era o sentido daquela gentileza? Eles não tinham qualquer ligação anterior.

O Príncipe Herdeiro então se voltou para o Médico-Chefe Zhang:
"Se bem me lembro, o neto do Médico-Chefe Zhang tem cinco anos agora, certo?"

A menção repentina à família fez o Médico-Chefe Zhang suar frio. Ele gaguejou uma confirmação.

O Príncipe Herdeiro disse:
"O Médico-Chefe Zhang já tem idade avançada. Por que não se aposenta e aproveita o tempo com seu neto? Quanto ao cargo de Médico-Chefe... acredito que o Médico Chen seja qualificado."

Esse Príncipe Herdeiro sempre foi arbitrário e imprevisível, fazendo nomeações e demissões ao bel-prazer.

Com poucas palavras, um médico foi promovido a Médico-Chefe, enquanto outro foi forçado à aposentadoria. Ambos permaneceram imóveis, trocando olhares atônitos.

A Imperatriz trocou um olhar com Chen Yi e disse:
"Que seja como o Príncipe Herdeiro sugere. Informarei Sua Majestade amanhã."

Chen Yi despertou do torpor e apressou-se em agradecer.

Os lábios do Príncipe Herdeiro se curvaram levemente.
"Então confio meus ferimentos de flecha ao Médico-Chefe Chen."

"Farei o meu melhor", prometeu Chen Yi.

A promoção inesperada o deixou eufórico. O cargo de Médico-Chefe era o ápice do Departamento Médico Imperial — um posto que ele esperava alcançar apenas daqui a uma década. Agora, caíra-lhe no colo como um presente divino.

Ainda assim, um arrepio inexplicável subiu por sua espinha. Algo parecia errado.

E de fato estava.

Um momento depois, uma voz tão fria quanto a morte sussurrou:
"‘Fazer o seu melhor’ não é suficiente."

"Eu recompenso e castigo com igual clareza. Se o Médico-Chefe Chen tiver sucesso, darei a ele cem taéis de ouro. Se fracassar... não terei escolha senão acusá-lo de negligência e condenar sua família à execução. O que acha?"

As pernas de Chen Yi cederam, e ele desabou de joelhos.
"Vossa Alteza, poupe-me! Eu—"

"Poupar você?" O Príncipe Herdeiro riu sombriamente.
"Será que o Médico-Chefe Chen presume que meu veneno é incurável? Que não durarei o mês, deixando-o livre para enfrentar a execução?"

O rosto de Chen Yi empalideceu, e todo o corpo começou a tremer.
"Eu... eu não quis dizer isso."

A Imperatriz inspirou bruscamente, cerrando os punhos sem que ninguém visse.

"Será que esse louco descobriu alguma coisa? Impossível. Ele esteve fora da capital por anos e inconsciente nos últimos dias. Como poderia saber que o Médico Chen é meu?"

Ouvindo seus pensamentos, o Príncipe Herdeiro sorriu friamente.

Seu olhar percorreu a multidão aterrorizada. Como esperado, a maioria eram rostos desconhecidos. Mesmo aqueles que poderiam tê-lo servido há três anos não lhe deixaram qualquer impressão.

A Imperatriz percebeu o que lhe passava pela mente e rapidamente explicou:

"Durante todos esses anos em que esteve fora, em campanha, algumas das donzelas do Palácio Leste foram realocadas para outros lugares, enquanto outras foram dispensadas do serviço ao atingirem a idade adequada. Estas são as que foram trazidas nos últimos dois anos. Pode usá-las por enquanto e, se alguma se mostrar insatisfatória—"

O Príncipe Herdeiro a interrompeu bruscamente:
"Elas são insatisfatórias."

A expressão da Imperatriz enrijeceu, embora ela forçasse um sorriso.

Esta Imperatriz vive realmente uma existência miserável! Aqueles filhos de pequenas rameiras no harém todos me chamam de ‘Mãe Real’, e ainda assim esse bastardo do falecido Imperador não mostra o mínimo de respeito — agindo como alguma divindade ancestral fazendo birra. Morra logo! Não vou tolerar isso por muito mais tempo!

Seu olhar frio percorreu as criadas trêmulas ajoelhadas no chão, antes que ela conseguisse forçar outro sorriso tenso:
"De fato, algumas são bem inúteis. Amanhã, ordenarei ao Departamento da Casa Imperial que selecione mais algumas, mais compostas e competentes, para servi-lo."

O Príncipe Herdeiro não concordou nem se opôs, seus olhos sombrios baixando para o objeto branco-leitoso, parecido com intestinos, que jazia sobre o tapete.

Ao perceber o que era, sua expressão escureceu, um lampejo de irritação surgindo.

Seu olhar afiado percorreu a multidão no salão, mas nenhuma figura suspeita se destacou.

Aquela pequena criada que acabou de lhe dar o remédio... teria fugido?


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