— Clang—
A luz da espada brilhou intensamente, e a energia da lâmina subiu aos céus. Ming He ouviu o som agudo da espada e avançou, enquanto ao seu redor os galhos paravam de balançar por um breve instante e depois caíam como folhas levadas pelo vento; o ímpeto do céu e da terra parecia estremecer.
Ming He se concentrou apenas na espada, no chicote e no inimigo diante dela. Em meio ao borrão da batalha, pareceu que algum entendimento profundo passou por seus pensamentos — rápido demais para que ela o captasse.
Ela não se deteve na frustração. Aceitar o golpe de chicote de Sun Yue era um passo em direção ao seu futuro; nada era mais importante do que aquele momento com aquela espada — era sua arma para atacar e para se salvar.
— Cultivadora da espada… — murmurou Sun Yue, finalmente tomado de admiração pelo golpe deslumbrante, esquecendo todo o desprezo que nutria por Ming He até então.
Mesmo sem praticar a Caminho da Espada, ele podia enxergar o brilho daquela técnica. Quando a espada avançava, o mundo se movia com ela; ela já se aproximava da fronteira da compreensão verdadeira.
Um gênio. Um verdadeiro gênio — superado apenas por outros gênios.
Discípula hereditária da Seita Nuvem Flutuante, não era?
Ele confirmou, em silêncio, sua suspeita sobre a identidade de Ming He, percebendo que ela realmente tinha as qualificações para estar naquela caverna mesmo sem usar as vestes de discípula do núcleo, o que apontava para seu status elevado.
Uma discípula hereditária possuía um mestre e apoio — diferente dele. Mesmo sendo a figura mais forte da aliança dos cultivadores errantes no reino do Guiamento Espiritual, ele ainda precisava lutar contra outros cultivadores por um único comprimido, uma arma ou um pergaminho de técnicas secretas — sempre ferido, ensanguentado.
Sun Yue pensou nisso, os dentes cerrados de inveja e rancor. Queria matá-la com o chicote. Mas a luz intensa da espada expunha sua aparência sinistra; diante da lâmina azul de três pés e do som ressonante da espada, ele não teve escolha a não ser recuar.
Du Lei, também um cultivador da espada, observava de perto, procurando ansiosamente por um ponto fraco. Ele mesmo não conseguiria resistir à espada de Ming He.
Droga!
Sun Yue amaldiçoou entre dentes, ao ouvir passos se aproximando ao longe, junto à poeira levantada no ar. Os discípulos da Seita Nuvem Flutuante estavam vindo.
Relutante, lançou um olhar profundo para Ming He, memorizando bem o rosto daquela discípula hereditária que havia frustrado seus planos com o Fruto da Saliva do Dragão. Em velocidade relâmpago, retirou o chicote do círculo de batalha, canalizando sua energia espiritual ao máximo. Num piscar de olhos, enquanto Ming He e Du Lei ainda se concentravam em reagir aos ataques, ele se virou e fugiu, desaparecendo entre os saltos pela floresta.
— Agradeço dessa vez, Su, discípula hereditária — disse Du Lei, limpando a poeira das roupas e sorrindo com gratidão para Ming He.
Se não fosse pela espada de Ming He naquele momento crítico, ele teria sido morto por Sun Yue. E se ela não tivesse insistido em lutar ao seu lado, ele não teria conseguido proteger o Fruto da Saliva do Dragão que havia conseguido — e tampouco estaria ali, de pé, tão calmo.
Du Lei suspirou, lembrando-se do golpe anterior de espada. Ela estava apenas no sexto nível do Guiamento Espiritual, e mesmo assim sua força era notável. Ela era, de fato, um gênio.
Antes, ele a seguia mais por respeito ao Mestre da Seita, mas agora reconhecia genuinamente seu talento.
Como discípula hereditária, ela realmente possuía qualidades extraordinárias. Ele acreditava que, um dia, Ming He derrotaria Sun Yue com um único golpe de espada — sem precisar da ajuda de ninguém — e sentia que esse dia não estava longe.
— Não foi nada — respondeu Ming He com naturalidade, acenando com a cabeça. — Contanto que o Irmão Du esteja bem.
Como companheiros da Seita Nuvem Flutuante, ela não podia simplesmente assistir à sua morte. E mesmo antes de atacar, havia calculado que, unindo forças com Du Lei, Sun Yue não conseguiria matá-los tão facilmente.
Ela até considerou o barulho da batalha e o tempo necessário para que outros discípulos da seita chegassem. Apenas não esperava que Sun Yue fosse muito mais forte do que ela imaginava.
Ming He estreitou os olhos de pêssego, sua expressão um pouco pesada. Estava naquele mundo havia quase um ano, e agora percebia que, sem querer, havia aprendido a apostar. Desde que tivesse fichas, parecia que podia apostar qualquer coisa — até a própria vida.
Ao pensar nisso, ela de repente sorriu — sua sorte até que tinha sido boa; vinha ganhando todas até agora.
— Su, discípula hereditária. — Du Lei ficou ao lado, observando a mudança de expressão dela. A garota de azul sorria claramente, seu rosto bonito iluminado pelo brilho dos olhos de pêssego. No entanto, ele sentia que uma camada de melancolia a envolvia, deixando-a… comovente de se ver.
Instintivamente, ele interrompeu os pensamentos dela e, com um toque de sinceridade, retirou um fruto verde do tamanho do punho de uma criança de seu anel de armazenamento, entregando-o a ela.
— Isto é para você.
Suas palavras eram calorosas, cheias de gratidão, e não havia qualquer hesitação ao estender a mão direita.
— Isto é… o Fruto da Saliva do Dragão! — Ming He parou, encarando o fruto que pulsava com energia espiritual na palma dele, sua voz cheia de surpresa.
Ela havia ouvido Sun Yue mencionar que desejava o Fruto da Saliva do Dragão, e Du Lei se recusara a entregá-lo, sacando a espada — o que levara a toda a confusão que se seguiu.
Mas aquilo que ele preferia morrer a entregar… agora estava nas mãos dela? Após o choque inicial, Ming He não sentiu alegria, mas desconfiança e reflexão.
O que Du Lei está tramando?
Por que entregaria a ela o fruto espiritual pelo qual quase morreu? Qual o objetivo dele?
— Su, discípula hereditária, na verdade consegui dois frutos na Caverna do Dragão Xuan — disse Du Lei, sustentando o olhar intenso dela e coçando a nuca com um leve constrangimento ao explicar.
Depois que se separaram para buscar fortunas, ele havia tropeçado na Caverna do Dragão Xuan — um verdadeiro tesouro dentro da caverna antiga, dito ser usado pelo mestre do local para cultivar plantas espirituais.
Assim que entrou, deparou-se com a Árvore da Saliva do Dragão frutificando — um evento que ocorria apenas uma vez a cada quinhentos anos. No caos que se seguiu, ele agarrou um dos frutos e o guardou no anel. Percebendo que ninguém o observava, ousou pegar outro e fugiu.
Como resultado, atraiu a atenção de Sun Yue.
— …Ah — respondeu Ming He.
Então, o fruto valia mais que a vida; parecia que todos ali eram apostadores.
Com esse pensamento, sua preocupação anterior sumiu. Ela olhou para o Fruto da Saliva do Dragão que Du Lei havia lhe entregado.
Ming He o examinou com curiosidade, recordando os muitos registros que havia lido no repositório de escrituras da Seita Nuvem Flutuante. Ela conhecia as origens da Árvore da Saliva do Dragão.
Não havia registros de como a árvore surgiu originalmente. Segundo os pergaminhos de jade, as condições de crescimento eram extremamente rigorosas, exigindo solo negro de dez mil anos, saliva de dragão verdadeira e leite de núcleo da terra rara para irrigação.
Como árvore espiritual ancestral, a Árvore da Saliva do Dragão precisava de mil anos de nutrição espiritual antes de começar a frutificar, produzindo um fruto a cada quinhentos anos. Du Lei, de fato, apareceu no momento certo.
O Fruto da Saliva do Dragão.
Ming He olhou para o fruto em sua palma — do tamanho do punho de uma criança. Segundo os registros, era um dos frutos mais comuns da árvore, mas para ela, naquele momento, era como um tesouro celestial.
Com esse fruto, sua cultivação poderia avançar ao menos dois reinos. Du Lei poderia refiná-lo para alcançar o reino Xuan Wei, e Sun Yue poderia estabilizar-se nesse mesmo nível — não era de se admirar que estivesse tão confiante e apegado ao fruto.
Tesouros celestiais, avanços na cultivação — quem não desejaria isso? E, no fim, ele foi entregue a ela.
— Su, discípula hereditária, a caverna vai se fechar em meia lua. Pretendo encontrar um local para refinar o Fruto da Saliva do Dragão. Você tem algum plano? Não seria melhor se juntar a outros discípulos por segurança? — perguntou Du Lei, olhando para os discípulos da Seita Nuvem Flutuante que se aproximavam em pequenos grupos ao longe.
A caverna antiga ainda guardava muitas oportunidades, com energia espiritual muito mais densa que o exterior. Ele queria aproveitar a chance para refinar o fruto e alcançar o nono nível do Guiamento Espiritual, para depois entrar no reino Xuan Wei ao sair dali.
— Eu… — Ming He começou a responder, trocando olhares com o olhar gentil de Du Lei, quando de repente sentiu um calafrio — estavam observando-a!
Esse pensamento fez Ming He estremecer. Recusando a proposta de Du Lei, disse:
— Irmão Du, tenho outras coisas a fazer. Ainda não explorei esta caverna como queria; quero me aventurar um pouco mais.
— Certo — Du Lei concordou, olhando para Ming He com admiração crescente. Como era de se esperar de uma discípula hereditária, sua coragem e dedicação à cultivação eram notáveis.
Após se despedir de Du Lei, Ming He olhou por cima do ombro casualmente, os olhos ficando mais profundos enquanto escolhia um caminho, avançando para a floresta densa além dos penhascos de pedra negra.
Ela deixou a área cercada pelas árvores wutong onde havia lutado contra Sun Yue, cruzou um pequeno pico e tocou levemente a superfície da água com a ponta dos pés para atravessar um rio. Os cantos dos pássaros diminuíram; ela parecia escolher propositalmente caminhos cheios de obstáculos ocultos.
Claro, quaisquer ervas ou frutos espirituais dignos de atenção pelo caminho foram cuidadosamente coletados por ela — fiel à sua natureza extremamente pão-dura.
Depois de caminhar por cerca de meia hora, Ming He avistou uma floresta de pedras, com rochedos altos e espessos dispostos de forma irregular, como se formassem uma matriz de pedra. Uma aura antiga e profunda emanava dali, ao mesmo tempo perigosa e misteriosa.
A floresta de pedras se estendia sem fim; ninguém sabia o que havia dentro ou aonde levava. Ming He fitou em silêncio a entrada sinuosa e então sorriu de canto, tocando levemente a ponta dos pés no chão.
Ativando os Passos Fantasmas, sua figura vestida de azul brilhou e deslizou sem esforço para dentro da floresta de pedras, desaparecendo rapidamente de vista.
Não muito tempo depois de ela ter entrado, uma jovem de roupas pretas, carregando uma espada, aproximou-se da floresta com passos tranquilos. Quando seus olhos negros pousaram sobre o local, ela parou por um momento, canalizou sua energia espiritual interna para sentir a aura do mundo e então entrou na floresta com agilidade.
— Hm? — exclamou surpresa. — Onde foi parar a aura?
Ela não esperava por isso e tentou sentir novamente; os sons do vento, da água e das folhas farfalhando preenchiam o ar, mas não havia qualquer som de passos nem flutuações de energia espiritual.
Interessante.
Um brilho de interesse cruzou seu olhar — a primeira vez que sentia algo além de curiosidade por formações dentro daquela morada ancestral — a nona prefeitura da Região Oriental, Cidade Luoyin.
Ela murmurou suavemente, exalando uma confiança inabalável enquanto liberava seu sentido espiritual, vasculhando cada centímetro da entrada da floresta. No momento seguinte, seu sorriso congelou.
Seu sentido espiritual revelava que a floresta estava vazia, mostrando claramente que ela estava sozinha. No entanto, ela acabara de ver a garota de azul deslizar para dentro da floresta.
Como isso é possível?
A pessoa havia desaparecido bem diante de seus olhos.
Ela recolheu seu sentido espiritual e aceitou o fato: uma cultivadora capaz de ocultar sua aura e evadir detecção era algo que só havia encontrado na Torre da Perseguição Vital.
Mas todos na Torre da Perseguição Vital possuíam pelo menos o cultivo de Mestre do Vento; aqueles abaixo desse nível não tinham permissão para andar pelo mundo.
A garota de azul não podia ser da Torre da Perseguição Vital.
Técnica de Controle da Respiração, intenção de espada do céu e da terra… Será que a Região Oriental está em ascensão?
Enquanto esse pensamento lhe atravessava a mente, ela se virou para sair da floresta. Confiar apenas na força física parecia tolice; mesmo com a Técnica de Controle da Respiração, ela tinha seus próprios métodos.
Afinal, ainda era uma mestra em formações.
— Whoosh —
O som de uma espada sendo desembainhada cortou o ar de repente, e a garota de preto sentiu um aviso feroz em seus sentidos — o perigo vinha por trás.
Sem hesitar, sem sequer demonstrar nervosismo, ela se esquivou instintivamente no momento em que desembainhava sua espada. A lâmina cintilava ao encontrar a espada que se aproximava.
Ming He olhou para a espada aparentemente simples, mas que não conseguia esconder sua nitidez, e sua expressão mudou ligeiramente. Aquela espada, embora comum, continha um domínio de intenção de espada muito além do seu.
Golpear com tal instinto primitivo não era algo que ela pudesse igualar.
Essa constatação pesou em seu coração. A garota de preto — uma jovem espadachim — teria ela alguma origem impressionante, como Ji Wu Xu e Qin Chu Yi?
Enquanto ponderava isso, recuou e guardou a espada, usando uma pedra negra saliente para ocultar sua figura. Com alguns passos leves, desapareceu novamente de vista.
A jovem de preto, ao vê-la sacar a espada e recuar num instante ao perceber que não era páreo, sentiu um nó na garganta. Sua atitude geralmente calma quase vacilou. Após tantos anos vagando pelo mundo, jamais havia encontrado alguém assim.
Onde estava a dignidade e elegância de uma cultivadora da espada? Onde estava a persistência em buscar o caminho direto ao invés do indireto? Onde estava a coragem destemida de se lançar no perigo sabendo dos riscos?
— Hmph! — resmungou, embainhando a espada e saindo da floresta de pedras. Pegando algumas bandeiras de formação de seu anel de armazenamento, olhou ao redor para começar a montar sua matriz.
Sob aquela matriz, ela ficaria vulnerável!
Ao pensar em como havia sido manipulada, sua energia se inflamou. Pela primeira vez, desejava medir forças com aquela garota.
Técnica de Controle da Respiração e evasão? E daí? Apenas formas externas.
Com as bandeiras em mãos, calculou alegremente a distância entre elas e a distribuição da energia espiritual. No instante seguinte, viu um feixe de luz surgir do oeste.
A energia espiritual de toda a morada ancestral era atraída para lá, os ventos e nuvens se agitavam, sol e lua brilhavam juntos, rugidos de feras ecoavam pelo ar, e cultivadores se engajavam em batalhas sem fim — seria… a manifestação de um artefato espiritual?
Ela parou por um momento, refletindo sobre o motivo que a trouxera até ali, com um traço de intenção de batalha no olhar enquanto mirava a presença oculta no fundo da floresta. Então, acenou com a mão para recolher suas bandeiras e correu em direção à tempestade de energia que se formava.
Dentro da floresta de pedras, Ming He observava os ventos e nuvens rodopiando no oeste com uma expressão impenetrável, sabendo, sem precisar pensar, que aquilo estava ligado ao Trava-Estelar mencionado por Qin Chu Yi.
Trava-Estelar.
Ela sussurrou silenciosamente o nome, sua energia espiritual interna circulando enquanto executava a Técnica de Controle da Respiração ao máximo. Tocando o pingente de jade feito de Pedra de Reunião Espiritual sobre seu coração, movimentou-se num lampejo, saindo silenciosamente da floresta para seguir a jovem de preto, exatamente como esta havia feito com ela momentos antes.
Do lado de fora da caverna, no Pavilhão de Meditação,
Qin Chu Yi sentava-se observando o feixe de luz que subia aos céus, a comoção tamanha que nem mesmo as Restrições da caverna conseguiam conter. Outras seitas certamente já haviam percebido que um objeto espiritual estava surgindo.
Quando a caverna se fechasse, um novo confronto a aguardaria.
— Jovem Mestre, aquilo é… — Duan Wu dizia animado atrás dela.
Qin Chu Yi não lhe deu atenção, suas mangas brancas pendendo enquanto seus dedos se fechavam com força, refletindo sua inquietação naquele momento.
Ming He.
Ela repetia o nome em pensamento, depositando nele todas as suas esperanças.
No instante seguinte, ponderou que, mesmo que não fosse Ming He quem o obtivesse, contanto que emergisse da caverna, ainda teria uma chance de tomá-lo.
Com esse pensamento, o frio ao seu redor se intensificou, mas seu coração sentiu um leve alívio.
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