Capítulo 36: A Emergência do Artefato Espiritual


 Ming He seguia a garota de preto, usando os Passos Fantasmas para manter uma distância discreta. Passaram por pedras negras familiares e pela beira do penhasco, até que seus pés finalmente tocaram o chão firme. A floresta densa ao redor estava envolta por uma névoa enigmática e perigosa, com suas profundezas imersas em mistério.

A tranquilidade habitual da floresta foi abruptamente rompida pelo som de cultivadores correndo. O vento sussurrava suavemente de ambos os lados, e figuras disparavam pelas árvores como flechas, todos ávidos por conquistar o que acreditavam ser uma oportunidade monumental.

No coração da floresta erguia-se um altar vermelho-sangue, emanando uma aura antiga e profunda que provocava calafrios. Ao seu redor, pedras místicas se espalhavam, e no centro elevava-se uma plataforma alta, cercada por uma luz sangrenta em espiral e sinistra. Sob esse brilho assustador, um símbolo de formação branco e puro pulsava, com sinais de que estava se apagando.

No núcleo do altar, havia uma estrutura de pedra imponente, semelhante a um dispositivo usado por tribunais mortais para interrogar prisioneiros. No topo da estrutura, uma pequena plataforma redonda, de propósito incerto. Suspenso acima dela estava o Trava-Estelar, uma visão familiar para Ming He, irradiando uma luz brilhante e cercado por energia espiritual, rivalizando com o sol e a lua em esplendor.

— Olhem! Aquele é o artefato espiritual que pode alterar os céus e a terra!
— Tamanha radiância… Deve ser ao menos um artefato espiritual de grau misterioso!
— Esse artefato é meu! Todos os outros, caiam fora!
— Hmph, você acha que é digno de tocá-lo?
— Então vamos ver quem tem mais habilidade!

Os cultivadores recém-chegados fitavam a luz brilhante acima do altar, tomados por emoções que misturavam excitação, loucura, determinação e medo. Se entreolhavam — alguns que momentos antes haviam lutado lado a lado contra feras, agora se olhavam com desconfiança. Alguns recuavam, outros empunhavam espadas, e alguns corriam direto, sedentos pela oportunidade. A natureza brutal do mundo da cultivação se revelava diante do fascínio por aquele artefato espiritual.

Alguns cultivadores, espada em punho, saltaram em direção ao altar — apenas para serem interceptados no ar, dando início a batalhas ferozes. Discípulos de seitas corriam em volta da estrutura de pedra, apenas para serem atingidos por lâminas de energia. Cultivadores errantes, agressivos e imprudentes, avançavam como quem diz “quem tentar me impedir, morre”, mas eram gravemente feridos por um único golpe de chicote.

Ainda assim, alguns avançavam sem hesitação. Os gravemente feridos gritavam no chão, os levemente feridos limpavam o sangue dos olhos, esperando por uma brecha, e os ilesos se lançavam ao combate.

Lutavam de forma independente, mas quando alguém se aproximava do artefato espiritual, uniam forças para derrubá-lo — criando uma cena caótica e sangrenta.

Ao adentrar a floresta, Ming He sentiu que, diante daquela cacofonia repentina, talvez tivesse pisado no próprio inferno — ou talvez apenas lhe faltasse experiência.

Sua surpresa durou pouco. Usando a Técnica de Controle da Respiração, encontrou uma pedra negra para se esconder, espiando cautelosamente a floresta. Primeiro, avistou o altar vermelho-sangue, claramente de tempos antigos. Em segundo lugar, viu o artefato espiritual em forma de estrela suspenso acima dele — o Trava-Estelar de Qin Chu Yi.

O artefato cintilava com luz radiante, banhado pelo brilho do sol e da lua — de fato, possuía a imponência de um artefato espiritual ancestral.

Ming He assentiu, aprovando silenciosamente, e voltou sua atenção para os cultivadores em combate. Ergueu uma sobrancelha, surpresa por reconhecer muitos rostos: Liu Xiaole do Pavilhão de Cristal, Zhang Lintian da Seita Qing Shan, discípulos de alto escalão da Seita Liu Yun, e o gentil Su Cheng Feng, vestido de branco.

E ali estava Sun Yue.

O jovem robusto, com expressão feroz, empunhava um chicote que irradiava uma intenção assassina gélida, cortando a multidão. Onde o chicote caía, areia voava e pedras rolavam, sem deixar ninguém ileso — os feridos se afastavam em silêncio, abrindo caminho para ele.

Degrau por degrau, ele subia os degraus de pedra mística, do último ao primeiro, avançando até o altar sob o olhar frustrado de vários cultivadores que rangiam os dentes. Confiante, estendia a mão para o artefato espiritual em forma de estrela, os olhos brilhando de orgulho.

Ming He observou enquanto o artefato se aproximava de suas mãos e quase sacou a espada para enfrentá-lo, mas sabia que não era páreo para Sun Yue.

Não importava o quanto fosse talentosa, sua cultivação no Sexto Nível do Guiamento Espiritual não poderia rivalizar com o Nono Nível de Sun Yue.

Além disso, ela não era um gênio.

Talvez, se o Herói Dragão Su Yu estivesse ali, ele poderia vencê-lo, mas ela sabia que não conseguiria.

Não há necessidade de pressa; mudanças certamente virão.

Ming He lançou um olhar para a estrutura de pedra vazia, estreitando os olhos. Provavelmente, ela deveria ter aprisionado alguém importante.

O gato preto, a misteriosa sombra vermelha, o altar sangrento, o Trava-Estelar, e o símbolo de formação — pensamentos corriam pela mente de Ming He enquanto ela montava o quebra-cabeça.

Ainda assim, a origem da mulher e o passado da caverna permaneciam um mistério.

Mas, a julgar pela disposição do local, parecia que estavam planejando algo grandioso.

Ela refletiu sobre isso e sentiu um leve calafrio. Sem nenhum protagonista “destinado” por perto, se o vilão por trás de tudo fosse forte demais, será que ela perderia a vida?

Mas então, lembrou-se da postura composta e calma da garota de preto — e, inexplicavelmente, sentiu que ela era uma pessoa formidável, capaz de lidar com qualquer situação.

Então, onde estava a Espadachim de Preto?

Desviou o olhar e não conseguiu encontrá-la entre o caos no altar; em vez disso, notou outra figura familiar.

Ji Wu Xu.

Ainda vestida de vermelho flamejante, permanecia em um local discreto, fitando o brilho radiante no céu. De longe, Ming He não conseguia distinguir sua expressão, mas a aura ao redor dela transmitia uma única mensagem: ela estava decidida a vencer.

Naquele instante, ela cruzou olhares com Sun Yue e, no momento seguinte, ascendeu ao ar. Quando ele reagiu rapidamente, prestes a brandir o chicote, um sorriso encantador surgiu nos lábios dela, seus olhos sedutores.

Ming He percebeu que a pausa repentina de Sun Yue indicava que ele havia caído sob o encanto dela — era a mesma tática de antes.

A arte da sedução, que cativava o coração e a mente.

— Imbecil! — rugiu ele, após um breve instante de distração, seus olhos em chamas ao perceber o que havia acontecido. Ver Ji Wu Xu aproveitar aquele momento para tomar o artefato espiritual apenas alimentou sua fúria — sentia-se zombado e humilhado.

Com um urro, investiu contra ela, chicoteando com tamanha força que areia e pedras voaram num raio de três metros. Os cultivadores ao redor que foram pegos de surpresa acabaram feridos.

— Tzing! — Ji Wu Xu segurou o artefato espiritual, sentindo uma ardência na mão direita e arfou com dor. Ao se virar para encarar o ataque de Sun Yue em plena força, sua expressão permaneceu fria — havia certo desprezo.

Nível nove do Guiamento Espiritual? Ridículo! Se não fossem as restrições desta caverna, ela nem teria que se dar ao trabalho de lidar com alguém de nível tão baixo.

Com o rosto severo, Ji Wu Xu contra-atacou, o vento de sua palma colidindo com o vento gélido do chicote dele, igualando sua força.

Franzindo o cenho, sentia-se incomodada — as restrições da caverna eram fortes demais; sua cultivação fora forçadamente suprimida para o Oitavo Nível do Guiamento Espiritual, e até mesmo suas habilidades inatas estavam enfraquecidas.

A figura vestida de vermelho travava uma batalha feroz com o jovem de preto, trocando golpes que faziam o vento se agitar. Por perto, alguns cultivadores, percebendo que não deviam se envolver, se afastaram em busca de outras oportunidades, enquanto outros observavam com olhares afiados, esperando uma brecha para colher os frutos do confronto entre os dois.

Ming He estava entre eles.

Aproveitando-se da geografia da floresta e do caos diante do altar, Ming He se aproximou com cuidado da dupla equilibrada em combate. Seus olhos estavam afiados com determinação, ocultando uma resolução pronta para atacar.

Ela pretendia ser a jogadora oculta no meio de tudo aquilo, mas também temia que houvesse um caçador à espreita atrás dela, então aguardava pacientemente por seu momento.

A luta continuava sobre o altar.

Ji Wu Xu não conseguia guardar o artefato espiritual em seu anel de armazenamento. Sua mão direita estava ferida pela borda afiada do artefato, sangrando, então ela era forçada a se defender dos ataques de Sun Yue usando apenas a mão esquerda.

Desconhecido para os demais, o passado de Ji Wu Xu era extraordinário; os outros a viam apenas como mais uma gênia emergente, conseguindo lutar contra um cultivador rebelde no Nono Nível do Guiamento Espiritual com uma só mão, sem recuar. Eles expressavam admiração e aprovação.

Ao ouvir os elogios dirigidos à mulher de vermelho, Sun Yue ficou ainda mais furioso. Já considerava um vexame não ter conseguido derrotar os dois discípulos da Seita Liu Yun anteriormente; agora surgia outro desafiante — como poderia tolerar aquilo?

— Gênia… — ele zombou, o rosto distorcido por uma sede de sangue. Em sua visão, mesmo gênios deviam cair; ele só ascenderia pisando sobre os outros — ninguém jamais se tornaria famoso às suas custas.

Com um leve sacudir da mão direita, o longo chicote reluziu como uma serpente negra, transbordando intenção assassina. Ele varreu as pedras místicas sobre o altar, que se despedaçaram em pó, e lançou o golpe direto, pretendendo pôr fim a Ji Wu Xu.

Matando e saqueando tesouros, seus movimentos eram fluidos — ele já visualizava a cabeça da bela mulher separada do corpo, um sorriso se formando em seu rosto, realçando ainda mais sua aura sinistra.

— Hmph! — Ji Wu Xu soltou um leve escárnio, sem demonstrar qualquer respeito pelo golpe em força total. Mesmo com sua cultivação restringida, ela não era uma pessoa comum.

Se ele queria matá-la, que tentasse na próxima vida!

Bang—

Aos olhos de Ming He, o jovem arrogante que parecia prestes a vencer de repente se apresentou como se sua alma tivesse sido arrancada do corpo. Ele desabou pesadamente no chão, como uma marionete cortada de suas cordas, levantando uma nuvem de poeira.

Ji Wu Xu, vestida de vermelho, permaneceu no lugar, sem demonstrar surpresa. Ainda sorria, os lábios curvados em um sorriso sem emoção, sem sequer lançar um olhar ao corpo derrotado que já se tornara um cadáver.

Naquele instante, seu sorriso não celebrava a vitória; ela sorria simplesmente porque queria.

A morte de Sun Yue era obra dela.

Enquanto os cultivadores ao redor se entreolhavam, intrigados, tentando entender se algo inesperado havia acontecido, Ming He, através da poeira, fitava a beleza de Ji Wu Xu e chegou a uma conclusão firme.

Seria aquela técnica de encanto novamente, ou outro método?

Um lampejo de cautela cruzou seu olhar e, no instante seguinte, seu corpo cortou o ar como o vento ao lançar-se contra Ji Wu Xu. Segurando o cabo da espada, ela a desembainhou no mesmo movimento em que se aproximava da inimiga, fazendo a luz da lâmina avançar contra o alvo escolhido. Após o primeiro golpe errar, a energia da espada mudou de direção e mirou o pulso direito de Ji Wu Xu.

— Senhorita Ji — chamou Ming He, erguendo a espada enquanto um som metálico ecoava ao cortar a manga direita de Ji Wu Xu. O artefato espiritual em forma de estrela despencou no chão, abrindo uma cratera na pedra mística negra onde pousou.

Ming He sorriu para Ji Wu Xu, que lhe devolveu um olhar altivo e pronunciou lentamente:

— Há quanto tempo.

E de fato, quanto tempo havia se passado? Tempo suficiente para quase atravessar a linha entre a vida e a morte.

Ela encarava o olhar sedutor de Ji Wu Xu com calma, mas por dentro, reforçava suas defesas, seu espírito em estado de alerta máximo; estava apostando.

Apostando que Ji Wu Xu não estava apenas no Sétimo Nível do Guiamento Espiritual, mas que sua verdadeira cultivação estava muito além das restrições daquela caverna. Se fosse o caso, ela poderia entrar livremente; e mesmo que usasse outros métodos, certamente enfrentaria limitações — tal como a Espadachim de Preto havia enfrentado anteriormente.

Ela não acreditava que Ji Wu Xu pudesse usar sua técnica de encanto indefinidamente; caso contrário, não teria aguardado a oportunidade de derrotar Sun Yue para intimidar os outros antes de atacar. Ming He tinha suas próprias hesitações.

Afinal, da última vez, fora pega de surpresa — e foi tudo rápido demais.

Ming He não podia acreditar que, mesmo agora, em alerta total e tendo experimentado os métodos de Ji Wu Xu uma vez, ainda pudesse ser controlada!

— É você! — A expressão de Ji Wu Xu mudou ligeiramente ao reconhecer Ming He, claramente surpresa por ela ainda estar viva. Aquela pequena cultivadora do Sexto Nível do Guiamento Espiritual conseguira, inesperadamente, escapar de seu encanto. Que interessante.

No instante seguinte, ela viu aquela intrigante cultivadora do Sexto Nível do Guiamento Espiritual brandir sua espada, pressionando contra o pulso direito de Ji Wu Xu. A energia da espada explodiu, forçando Ji Wu Xu a abandonar o artefato espiritual e se esquivar para o lado.

Droga, está tentando ser a pescadora, é? Ji Wu Xu praguejou em pensamento. Só para lidar com Sun Yue, já havia usado suas habilidades inatas. Agora, restringida pelas limitações desta morada espiritual quebrada, só podia contar com sua própria técnica.

Hmph, será que essa pirralha acha mesmo que suas habilidades em combate real são superiores às minhas?

Ji Wu Xu pensava isso quando sentiu o fraco Intento da Espada que cercava Ming He, suas pupilas se dilatando. Como isso era possível? Será que ela realmente poderia enfrentá-la de igual para igual?

A mulher de vermelho franziu as sobrancelhas com força e, no instante seguinte, reprimiu todas as expressões, estampando um sorriso radiante que realçava sua beleza incomparável.

— Há quanto tempo.

Ela sorriu, olhando para Ming He com olhos cheios de encanto; aqueles olhos cativantes refletiam claramente a imagem de Ming He.

— Será que minha amiga Ming He sentiu saudades de mim?

— Ha! — Ming He zombou, observando a aproximação com calma. Quando a palma esquerda de Ji Wu Xu quase tocava seu coração, ela usou a ponta da espada para bloquear, e sua longa lâmina iniciou um ataque incessante. Em um movimento ágil, ela se abaixou para pegar o artefato espiritual.

— Clang—

Ji Wu Xu manteve o sorriso, inabalável, sem sinal de pânico ao ter suas intenções expostas. Ao ver Ming He se abaixar, permaneceu sorrindo e chutou pequenas pedras quebradas que atingiram a espada de Ming He, produzindo sons agudos que interromperam seus movimentos. No instante seguinte, aproximou-se ainda mais e sussurrou no ouvido dela:

— Não é tão fácil ser a pescadora.

Ming He, impassível, girou com sua espada para manter distância e continuou o combate contra Ji Wu Xu. Com o canto do olho, mantinha a vigilância sobre o artefato espiritual e estava atenta ao gato preto à espreita e aos outros cultivadores famintos que as observavam, calculando as possíveis fraquezas de Ji Wu Xu em sua mente.

Parecia… sem falhas.

Ji Wu Xu era como uma névoa: não conseguia identificar nenhum ponto vulnerável, assim como Ji Wu Xu, agora, parecia incapaz de vencê-la também.

— Clang—

Ming He trocou um olhar com Ji Wu Xu e retomou a luta. A figura de azul dançava no ar enquanto a mulher de vermelho brilhava como fogo. Abaixo delas, alguns cultivadores já não conseguiam resistir ao chamado do artefato espiritual. Julgando que as duas estavam focadas demais no combate para perceber outras ações, rapidamente canalizaram sua energia espiritual e começaram a se mover em direção à cratera.

Antes mesmo de chegarem, já se preparavam para mudar de direção no ar e escapar assim que tomassem posse do artefato. Um deles, ao olhar para trás, sentiu um lampejo de triunfo ao ver as duas duelando intensamente.

Contudo, outros cultivadores notaram sua ação e de repente perceberam que haviam se deixado enfeitiçar pelo espetáculo da batalha, esquecendo completamente o artefato espiritual — agora, irritavam-se ao ver o cultivador mais rápido se antecipando.

Com um sorriso, ele se curvou em direção à cratera, mas no instante seguinte, uma luz de espada intensa surgiu diante de seus olhos, seguida por uma rajada de vento carregada de intenção assassina.

Ming He lançou um olhar para Ji Wu Xu; antes que o vento assassino oculto dela chegasse até ele, ela chutou o cultivador para fora do altar, a ponta da espada se voltando para o espaço abaixo enquanto falava com frieza:

— A dona deste artefato espiritual só pode ser uma de nós duas. Qualquer outro que quiser se aproveitar disso… será o primeiro a descer.

— Não acha, senhorita Ji? — Ming He se virou para Ji Wu Xu, com um leve sorriso confiante, certa de que a outra concordaria.

O sorriso de Ji Wu Xu se aprofundou, e ela observou Ming He com um brilho de interesse renovado nos olhos.

— Ming He, minha querida amiga, você está absolutamente certa~

Sua voz, etérea, parecia carregada de encantamento e ecoou pelo ar. Ji Wu Xu assentiu para Ming He e lançou-lhe um olhar provocante, com um sorriso ainda mais radiante.

— Temos uma sintonia maravilhosa.

Dizendo isso, inclinou-se ainda mais perto de Ming He, enterrando-se em seu abraço. Sua mão delicada passou pelos fios soltos do cabelo da rival, parecendo uma flor prestes a ser colhida.

Ming He nunca havia presenciado uma cena daquelas e mal podia acreditar que Ji Wu Xu agiria daquele jeito. Ficou repentinamente paralisada, instintivamente tentando estocar com a espada — mas já era tarde demais.

Ji Wu Xu revelou um sorriso triunfante, empurrou Ming He suavemente para longe enquanto fazia uma careta provocadora e, então, abaixou-se para agarrar o artefato espiritual em forma de estrela com uma das mãos. Seus pés tocaram levemente o chão, preparando-se para saltar para fora do altar.

— …Droga! — praguejou Ming He. Tinha caído em outra armadilha.

Enquanto observava Ji Wu Xu se afastar tranquilamente em direção à borda do altar e à floresta profunda, um rugido ensurdecedor ecoou de algum lugar, ressoando como o grito da antiga fera feroz Kui.

Um gato preto saltou das profundezas da floresta, miando suavemente:

— Miau!

Ji Wu Xu parou em seco, e Ming He ficou surpresa ao notar que os outros cultivadores se contorciam de dor, com sangue escorrendo dos ouvidos — o gato preto estava aprontando de novo. Felizmente, ela possuía a Técnica de Controle da Respiração.

— Já que está selada aqui, nem pense em escapar! — Uma voz clara soou no ar, e Ming He ergueu os olhos para ver uma figura cortando o céu com sombras de espada e energia gélida. Em meio aos sons de batalha, essa figura aterrissou no altar vermelho-sangue com um golpe feroz, abrindo mais uma cratera.

Após um instante, a cultivadora se ergueu e cuspiu sangue. Ming He a reconheceu: era a Espadachim de Preto que a havia perseguido anteriormente.

Mas o caos estava longe de terminar.

A fera feroz Kui, de coloração escura, rugiu ao entrar em cena com um estrondo sísmico, cuspindo fogo enquanto avançava, quebrando árvores com facilidade no caminho.

Videiras vermelho-sangue irromperam do solo, enroscando os braços e pernas dos cultivadores presentes, puxando-os para trás e os prendendo contra os troncos das árvores. Os espinhos perfuravam suas vestes, e o sangue escorria por um caminho predefinido até o chão.

Além disso, surgiram também as abelhas sugadoras de sangue que Ming He havia encontrado antes, junto com criaturas que ela só conhecia pelos registros da biblioteca da Seita Liu Yun — o pardal espectral, flores devoradoras de homens, aves devoradoras de alma…

Comparado ao que havia sido antes, este lugar agora era um verdadeiro inferno na terra.

Mas, fosse pelas videiras sanguinárias ou pelos pardais espectrais, pareciam todos ignorá-la — não a atacavam de forma alguma.

Ming He estreitou os olhos em direção a Ji Wu Xu, que segurava o artefato espiritual. Um olhar curioso surgiu em seu rosto enquanto ponderava:

Será que não a atacam… por causa do artefato espiritual em forma de estrela?

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