Capítulo 41 a 45


 Capítulo 41 – Aprendeu a Rolar

O chefe da vila quis chamar Yang Yufen, mas hesitou e acabou desistindo.

No dia seguinte, a chuva voltou — não era forte, mas o chefe ainda assim usou o alto-falante para convocar os moradores, pedindo que cada família enviasse uma pessoa ao escritório da brigada para uma reunião.

— Tem chovido sem parar. Liguei para algumas localidades e soube que outras cidades rio acima, ao longo do Rio Han, também estão enfrentando fortes chuvas. O nível da represa subiu bastante. Estamos rio abaixo, na área de escoamento de enchentes. Mais de vinte anos atrás, houve uma grande inundação — muitos de vocês ainda devem se lembrar.

As palavras do chefe pesaram no coração de todos.

— Vamos formar uma equipe de patrulha para monitorar os níveis de água 24 horas por dia. Se a chuva continuar, colham o que puderem. Se não for possível, priorizem a segurança. Estejam preparados.

Anúncios semelhantes ecoavam por outras brigadas, e os telefonemas entre elas se tornavam cada vez mais frequentes.

A situação logo foi reportada aos níveis superiores, atraindo atenção séria das autoridades mais altas.

Yang Yufen finalmente tirou o rádio e passou a ouvir diariamente as atualizações. Saber que a liderança estava tomando medidas decisivas aliviava um pouco suas preocupações.

Não ser um fardo para o Estado era a coisa mais simples e melhor que ela podia fazer.

Yaoyao estava de férias, mas Wang Shuo estava atolado de trabalho, e Fang Fen também estava ocupada. Como resultado, a Tia Wang e Yaoyao passaram a visitar com frequência a casa de Yang Yufen.

As duas senhoras ouviam o rádio e conversavam, enquanto Yaoyao brincava com os gêmeos — fazia lição de manhã e à tarde jogava bola ou pulava corda.

— Liguei para a vila ontem, mas a linha estava muda. Devem ter evacuado com segurança já.

— Que bom. Em tempos de desastre, não há muito o que se possa fazer. Graças aos nossos líderes e soldados — eles correm para a linha de frente, priorizando a segurança do povo.

— Com certeza.

Yang Yufen se lembrou de sua vida passada, quando as enchentes vinham e o Exército de Libertação Popular era sempre o primeiro a responder.

Então sua mente vagou para o filho desaparecido — quem sabia onde ele tinha se metido? Mas não importava. Já era um homem feito, duro na queda.

— Ah! Vovó! Vovó! Vovó Yang! O bebê caiu da cama!

A voz aflita de Yaoyao ecoou. Yang Yufen largou o que estava segurando e correu para dentro, encontrando Yaoyao sentada no chão, com o bebê nos braços.

Yang Yufen pegou o bebê e o colocou de volta na cama, depois se virou e viu Yaoyao se levantando do chão.

— Deixa a Vovó Yang ver — onde está doendo? Me diz que eu te levo no médico.

— Vovó Yang, eu tô bem! Só me assustei quando o bebê rolou de repente.

Yaoyao gesticulou, tentando tranquilizá-la.

— Tem certeza de que não se machucou?

— O pequeno tá começando a rolar agora. Vamos ter que ficar mais atentos.

Tia Wang, que chegou logo depois, pegou a mão de Yaoyao e a examinou com cuidado.

— Vovó, tô mesmo bem! Peguei ele a tempo.

Yaoyao estendeu a palma da mão — ainda macia e clara, com apenas um leve tom rosado.

Yang Yufen não estava totalmente convencida. Apertou levemente os ossos de Yaoyao, verificando o cóccix.

Yaoyao caiu na risada.

— Vovó Yang, isso faz cócegas! Hehehe~

— Parece que ela está bem.

Tia Wang soltou um suspiro de alívio ao ver a risada de Yaoyao.

— Vamos precisar de um pouco de bambu pra fazer uma grade na cama. Agora que começaram a rolar, logo vão engatinhar e tentar ficar de pé.

Yang Yufen deu um tapinha na cabeça do bebê — um gesto supersticioso para afastar o susto — embora a criança parecesse destemida.

Os gêmeos tinham temperamentos opostos. Apesar da aparência semelhante, era fácil distingui-los — o mais velho era animado, o mais novo quieto. O mais velho chorava alto, enquanto o mais novo era bem mais contido.

De repente, a transmissão do rádio foi interrompida.

Yang Yufen e Tia Wang trocaram olhares — algo grande devia ter acontecido.

Na base militar:

— Todas as unidades, reúnam-se imediatamente! Avancem para a zona de desastre com máxima urgência!

Nos escritórios do governo:

— Não poupem recursos! A segurança do povo vem em primeiro lugar!

No conjunto habitacional, a diretora das mulheres, Zhao Lian, reuniu todos.

— A chuva incessante obrigou nossos compatriotas a abandonarem suas casas. Enquanto os socorros atuam na linha de frente, vamos também fazer nossa parte — doem roupas velhas, itens sem uso, qualquer coisa que possa ajudar nossos irmãos a superarem essa crise.

As pessoas doaram dinheiro, mantimentos e grãos. Até os mais mesquinhos não se contiveram dessa vez.

Yang Yufen silenciosamente doou trezentos yuans.

— É pelo bem do carma das crianças. A tragédia atingiu minha terra natal também.

Zhao Lian ficou surpresa com a generosidade de Yang Yufen.

— Vovó Yang, em nome do povo, obrigada.

Trezentos yuans não eram pouca coisa. Zhao Lian sabia que Yang Yufen criava duas crianças e tocava um pequeno negócio — nada que rendesse muito.

Yang Yufen não disse mais nada. Se não fosse pelos gêmeos, talvez já tivesse voltado para ajudar pessoalmente nos esforços de resgate.

Em sua vida anterior, haviam percebido o perigo cedo — a chuva incessante, as pragas que surgiram. O chefe da vila tinha agido rápido, liderando a evacuação.

Mas o ano seguinte foi extremamente difícil. As linhas telefônicas da vila ficaram fora do ar até cerca de um mês antes de Qin Nian ligar para ela.

Ela guardava mágoas — o desprezo do filho no casamento, a indiferença dele e da esposa após o desastre, a ausência dele entre os soldados que foram prestar ajuda.

Julho passou em meio às dificuldades. Agosto chegou com a nação unida no socorro aos desabrigados.

— Irmã Wang, o que meu afilhado tem feito ultimamente?

Ao pensar naquele ano difícil, Yang Yufen queria fazer mais.

— Continua mergulhado nas pesquisas sobre batata-doce. Ai...

Tia Wang suspirou.

Yang Yufen logo percebeu que havia problema.

— O que foi?

— A batata-doce salvou muita gente nos piores tempos, mas não é um grão de verdade. Comer demais faz mal. Se não fosse você no ano passado, as batatas-doces com mel dele nem teriam tido chance este ano.

Tia Wang falou com calma. Vários professores que pesquisavam o mesmo tema que Wang Shuo já haviam abandonado seus projetos e mudado o foco para outras culturas.

— Os superiores reduziram os lotes de experimento dele. Se não fossem as enchentes de julho, já teriam sido destruídos.

— Batata-doce é boa — não sustenta como os grãos, mas é comida de emergência. Agora que as chuvas arrasaram as lavouras, pode ser tarde para replantar. Eu queria perguntar ao meu afilhado se há algo que possa ser plantado agora e colhido rapidamente. Do contrário, esse ano está perdido.

Como agricultores, sentiam uma conexão profunda com a terra.

— Você tem razão. Vou pedir pra Fang Fen ir buscá-lo.


Capítulo 42 – Ajuda

No campo experimental, Wang Shuo observava suas mudas de batata-doce com o coração apertado.

Elas podiam ter crescido mais um pouco, mas aquele era o último momento que ele podia adiar.

— Professor Wang, sua esposa está aqui para vê-lo. Disse que há uma emergência em casa e que o senhor precisa voltar imediatamente.

Ao ouvir isso, Wang Shuo colocou a enxada no ombro, guardou-a no galpão de ferramentas e saiu apressado.

— Fang Fen, o que aconteceu em casa?

— É a Mamãe e a Madrinha — precisam conversar com você, e é urgente.

Se não fosse algo importante, ela não teria ido até lá.

Wang Shuo fez sinal para que Fang Fen subisse na garupa da bicicleta enquanto ele pedalava.

— Mãe, Madrinha, trouxe o Wang Shuo de volta. Vou levar a Yaoyao pra casa e começar a preparar o jantar — anunciou Fang Fen.

Yaoyao correu feliz para recebê-los.

— Certo, mas não façam nada muito complicado — respondeu Yang Yufen.

Já dentro de casa, Yang Yufen expôs suas ideias para Wang Shuo.

— No ano passado, aquelas batatas-doces com mel venderam tão bem. Você acha que ainda dá tempo de plantá-las? Se não der, podemos plantar outra coisa. Nossa brigada tem bastante terra, mas conseguir sementes não vai ser fácil.

— Ainda dá pra plantar, mas a produtividade será menor. Talvez seja melhor escolher outra cultura — podemos colher mais assim.

Apesar da relutância, Wang Shuo teve que admitir as limitações de sua variedade de batata-doce.

— A temperatura não está alta o suficiente para outros grãos — soltou Yang Yufen.

— Com batata-doce, pelo menos cresce alguma coisa, mesmo que menor. O problema é precisar de muitas ramas — usar os tubérculos como mudas é muito demorado.

— Madrinha, tem certeza? Se a gente for mesmo plantar batata-doce, posso conseguir as ramas — não só da variedade com mel, mas de outras também. Mas precisamos agir rápido. Se demorar, a equipe de criação pode cortá-las pra alimentar os porcos.

Wang Shuo estava ciente da situação das enchentes, mas até então sentia-se impotente.

— Não, dar isso pra porco seria um desperdício! Elas podem salvar vidas. Pago por um carro pra trazer tudo de volta.

Yang Yufen era decidida e prática.

Com as linhas telefônicas inativas e os telegramas demorando demais, preparar e transportar as ramas imediatamente era o melhor — justo quando as águas das enchentes começavam a recuar.

— Eu cuido das crianças por você nesse meio-tempo — ofereceu Tia Wang.

— Obrigada, minha querida amiga. Mas ainda preciso conversar com a Professora Wen — ela pode ajudar a providenciar o transporte.

Wang Shuo não mencionou que poderia cuidar do transporte sozinho.

— Então, Madrinha, vá falar com a Professora Wen primeiro. Se der certo, corto as ramas na hora.

Yang Yufen assentiu, alimentou as crianças e foi procurar a Professora Wen, que por sorte estava em casa.

— Acho sua ideia excelente — é prática e benéfica. Mas você não deve ir pessoalmente; as crianças precisam de você. Vou comunicar isso aos superiores. Eles estão levando o desastre a sério, então você não precisará pagar do próprio bolso.

A Professora Wen tinha uma visão mais ampla. Colaborando com a Academia Agrícola, o plano teria maiores chances de sucesso e alcançaria mais pessoas necessitadas.

— Isso é maravilhoso! Vou mandar o Wang Shuo — ele estuda batata-doce, então sabe exatamente quantas mudas a Academia pode fornecer.

— Perfeito. Tente não se preocupar tanto.

A Professora Wen sabia que a terra natal de Yang Yufen estava entre as áreas mais atingidas.

Wang Shuo não esperava que a madrinha o mencionasse diretamente. Se aquilo desse certo, suas perspectivas futuras melhorariam muito.

Ele percebeu que, desde que se tornara afilhado dela, não só a situação de sua família tinha melhorado, como também surgiram muitas oportunidades.

Após confirmar o plano, Wang Shuo contou até a data de partida para Yang Yufen — ele mesmo guiaria os esforços de plantio.

Finalmente, um peso saiu do peito de Yang Yufen.

Sem trabalho fora, os ovos em casa estavam se acumulando. Yang Yufen queria comprar pintinhos para criar, planejando fazer frango seco para o inverno — talvez até enviar um pouco para Qin Nian, se possível.

— Não tem disponíveis?

— Isso mesmo. Por causa das enchentes, os ovos estão em alta demanda, então ninguém está incubando pintinhos agora.

De volta para casa, Yang Yufen olhou para seus ovos. Se ninguém mais fosse fazer isso, ela mesma cuidaria — ainda tinha um cobertor elétrico de reserva.

Quando o responsável pela criação da brigada ensinou sobre incubação artificial, ela prestou atenção.

Decidida, pôs mãos à obra. Os ovos não durariam para sempre, e vender tudo parecia um desperdício — não estavam tão desesperados por dinheiro, e as crianças precisavam de comida.

Com receio de que a primeira tentativa falhasse, ela separou apenas trinta ovos.

Felizmente, tinha uma lanterna. À noite, ao fazer a ovoscopia, viu sinais claros de vida.

A cama de bambu agora era pequena demais para os dois, então Yang Yufen construiu dois carrinhos de bebê. Reaproveitou pneus de bicicleta do ferro-velho, esculpiu rodas de madeira e as envolveu com a borracha para maior durabilidade.

Ripas de bambu mantinham os dois carrinhos unidos, permitindo que ela empurrasse os dois sozinha. Com ajuda, era possível separar os carrinhos com facilidade.

As mulheres do conjunto habitacional ficaram impressionadas.

— Tia Yang, você mesma fez esse carrinho? Pode fazer um pra mim? Eu pago… oito yuans.

Uma mulher com um bebê no colo, outro no quadril e um terceiro amarrado nas costas fez a proposta após pensar um pouco.

Yang Yufen ponderou e concordou.

— Certo, mas vai levar cinco dias.

— Maravilha! Pago adiantado — só me promete que vai terminar.

Embora não fossem gêmeos, os filhos dela tinham idades próximas e estavam sempre no colo — o que a deixava exausta dia após dia.

Logo, os carrinhos viraram sensação no conjunto. A oito yuans cada, todos corriam até Yang Yufen.

— Minha nora vai dar à luz em três meses — posso esperar.

— Mas, Tia, eu estou grávida de nove meses — deixa eu passar na frente!

— Esperem, minha neta já tem três meses — ela vai precisar antes!

Antes mesmo de os pintinhos nascerem, Yang Yufen já tinha uma pilha de encomendas de carrinhos.

— Não se apressem! Se o bebê ainda não nasceu, ou é pequeno demais, o carrinho não vai servir — lembrou Yang Yufen.

— Ah, essa caminha de bambu foi pros pequenos? Tá linda. Quero encomendar uma!

— Logo vai esfriar demais para camas de bambu — alertou ela de novo.

— Sem problema — é só colocar um colchão. Melhor que ficar espremido na cama de adulto.

Em pouco tempo, todos começaram a reparar quantas ferramentas criativas para cuidar de crianças Yang Yufen possuía — todas bem organizadas e práticas para manter os pequenos confortáveis.

Até o coçador de costas e o mata-moscas chamaram atenção.

As mulheres mais jovens também admiravam as delicadas cestas de bambu.

— Essas coisinhas não são difíceis de fazer. Dá pra tentar nos momentos livres.

Quando as crianças começaram a se mexer, Yang Yufen gentilmente conduziu todos para fora.

Capítulo 43 – Me Impedindo de Cuidar das Crianças

— Pessoal, escutem. Esse carrinho demorou cinco dias pra ficar pronto porque eu já tinha os materiais em casa. Se não fosse isso, levaria pelo menos dez dias ou até meio mês. Além do mais, ainda tenho que cuidar dos meus dois netinhos. No máximo, consigo fazer quatro por mês — mais que isso é impossível.

Só quatro por mês? A multidão não escondeu a decepção. Alguns já estavam fazendo planos desde que viram o sucesso do carrinho.

Afinal, era só bambu trançado e custava oito yuans cada. Se conseguissem fazer por conta própria, poderiam economizar o dinheiro em vez de entregá-lo a outra pessoa. Bambu nem custava nada — por que deixar outra pessoa lucrar?

Quem estava com inveja se sentiu melhor ao ouvir que Yang Yufen só conseguiria aceitar quatro encomendas por mês.

Yang Yufen aceitou pedidos de algumas famílias com crianças com mais de quatro meses, cobrando um adiantamento de três yuans por carrinho e prometendo um por semana.

— Se alguém mudar de ideia, avisa com antecedência que eu devolvo o depósito. Mas se eu já tiver começado, não tem reembolso. Cortar bambu dá trabalho, e isso me tira tempo de cuidar dos meninos.

Todos assentiram, concordando.

Por fim, antes que as crianças acordassem com a barulheira, Yang Yufen conseguiu conduzir todos para fora.

Em meio à agitação do dia a dia, os pintinhos nasceram. Dos trinta ovos, três haviam sido descartados antes, e no fim, vinte e um chocaram com sucesso — seis não conseguiram sair da casca.

Tia Liu foi ver a novidade e levou os seis ovos não chocados.

— Isso é iguaria, embora nem todo mundo consiga comer.

Yaoyao, encantada com os pintinhos felpudos, imediatamente perdeu o interesse pela velha galinha de casa. Infelizmente, as aulas estavam prestes a começar.

Animada com o sucesso da primeira tentativa, Yang Yufen se preparou para uma segunda rodada de incubação, desta vez separando cinquenta ovos.

— Isso não é mais do que suficiente pra você criar? — perguntou Tia Liu, surpresa.

— Nem todos vão sobreviver. Criando mais, a Niannian vai ter bastante o que comer quando voltar. Além disso, elas quase não consomem ração.

Graças ao zelo de Yang Yufen, o quintal permanecia limpo e sem cheiro.

— Então me vende duas das suas galinhas poedeiras. Minha nora tá grávida — disse Tia Liu, aproveitando a oportunidade.

Yang Yufen lançou um olhar para ela, mas ainda assim escolheu duas das melhores galinhas.

— Só faço isso por você. Se fosse qualquer outro tentando pegar minhas poedeiras, pode esquecer.

— Ah, qual é, somos boas irmãs. Se fosse a Professora Wen ou a Irmã Wang pedindo, aposto que você também não negaria. Fala grosso, mas o coração é mole.

Tem coisa que é melhor não dizer — porque acontece.

No dia seguinte, a Professora Wen apareceu com boas notícias.

— As mudas de batata-doce plantadas em larga escala enraizaram todas. Os superiores estão muito satisfeitos. E o chefe da sua vila mandou uma carta — trouxe comigo.

Ao ler a carta, Yang Yufen ficou aliviada por saber que os moradores estavam seguros. Tinham perdido bens, sim, mas enquanto as pessoas estivessem bem, tudo poderia ser reconstruído.

— A cunhada da Qin Nian está grávida. Sei que você tem ovos, mas ela tá com a saúde fraca. Pensei em trocar por duas galinhas — ela também tem dois filhos pequenos em casa.

Yang Yufen a parabenizou e, em seguida, preparou uma cesta com ovos e amarrou duas galinhas poedeiras para a Professora Wen levar.

Notando duas latas extras de leite em pó deixadas para trás, Yang Yufen as guardou com cuidado.

Os gêmeos estavam crescendo rápido, e o leite em pó mal estava dando conta. Mas, como o médico havia dito, dentro de um mês poderiam começar a comer outros alimentos.

Justo quando terminava de guardar as coisas, Tia Wang chegou.

— Tenho boas notícias — a Little Fang está grávida! Você ainda tem aquela galinha velha, né?

— Parece que as boas novas estão vindo todas de uma vez. Vou pegá-la pra você. Uma só tá bom?

A velha galinha já estava quase sem pôr ovos — agora só servia pra panela.

— Quem mais tem novidade boa? — perguntou Tia Wang, curiosa. E ao ouvir, caiu na risada.

— Você tá criando esses pintinhos na hora certa. Na verdade, eu devia criar alguns também. Me dá uns — a Yaoyao precisa de um ovo por dia, e a Little Fang também vai precisar. Ovos de mercado não se comparam aos criados em casa.

— Espera até eles crescerem um pouco antes de levar. Tenho medo que você não consiga cuidar bem agora. Por enquanto, me traz restos de legumes.

Yang Yufen vinha se preocupando com o aperto no galinheiro, mas agora já tinha espaço liberado.

Setembro — mal tinha começado e já havia tanta notícia boa.

Com habilidade, Yang Yufen pegou Dabao no colo, que havia escapado do cercadinho, e o colocou de volta. Jogou a bola de bambu embrulhada em pano para outro lado pra ele buscar, limpou a baba de Erbao e deixou que ele mordesse seu mordedor de madeira de pimenta.

Agora que sabiam engatinhar, não havia como contê-los — só dormindo, bem protegidos no cercadinho.

O quarto carrinho ficou pronto e, quando a compradora veio buscar, trouxe novidades.

— A sogra do Professor Lin, lá no conjunto, também está aceitando pedidos de carrinhos — por só sete yuans cada. Todo mundo tá correndo pra ela agora.

— É mesmo? Que bom. Eu tô ocupada demais com os meninos mesmo. Ainda quer esse carrinho? Se não quiser, posso passar pra outra pessoa — assim economizo tempo de cortar mais bambu.

O tom de Yang Yufen era indiferente.

— Ah não, eu vou levar sim! O seu é muito mais bem-feito. Só quis avisar mesmo. Vou indo.

Economizar um yuan claramente não valia a espera — ainda mais quando cada dia com um bebê agitado parecia uma eternidade.

Yang Yufen realmente não se importava. Já sabia desde o começo que a inveja viria. Além disso, os carrinhos levavam muito tempo para fazer e mal davam lucro. Preferia usar o tempo para fazer algo especial para a Little Fan.

Setembro também trouxe fartura na horta. Todos os dias, Yang Yufen escaldava e secava ao sol o excesso de vagens e verduras, enchendo potes com legumes em conserva.

A parreira não deu uvas naquele ano, mas suas folhas espessas ajudaram bastante a suportar o calor do verão.

— Madrinha, trouxe batata-doce pra você — tudo escolhida a dedo. Você disse que queria secar algumas, né? O tempo tem estado ótimo pra isso ultimamente.

— Wang Shuo, como a Little Fang tá? — perguntou Yang Yufen enquanto pendurava as fraldas de pano recém-lavadas na vara de bambu.

— Tá bem. Só que agora deu vontade dos seus legumes em conserva.

— Se ela tá com apetite, isso que importa. Quando acabar, vem buscar mais.

Wang Shuo descarregou saco após saco de batata-doce.

Promovido no trabalho, com os campos experimentais garantidos, Wang Shuo estava de ótimo humor. A esposa grávida novamente, prestes a ter outro filho, e a filha brilhante e obediente — parecia que a vida não podia estar melhor.

— Madrinha, aqueles dois que você apresentou no ano passado voltaram a procurar. O que acha?

— São boas pessoas, especialmente o Little Zhang. Trouxe tanto peixe pra gente no Ano-Novo. Com a Niannian fora e os meninos ainda pequenos, provavelmente não vou vender batata-doce assada este ano.

— Tudo bem. Se essas não forem suficientes, é só me avisar — trago mais.

Wang Shuo lavou as mãos com uma concha d’água.

— Se cuida no caminho de volta.


Capítulo 44 – As Consequências de Ser Mão de Vaca

O bebê estava nascendo os primeiros dentinhos, e mastigar mordedores já não era suficiente. Yang Yufen decidiu preparar alguns lanchinhos caseiros para o pequeno. Tiras de batata-doce eram a opção mais simples, mas deixá-las saborosas exigia esforço.

Primeiro, ela alimentou os dois filhos com mingau de arroz e deu brinquedos para que brincassem sozinhos. Em seguida, começou a lavar as batatas-doces.

Depois de cozinhá-las no vapor, ocupou-se lavando e secando as bandejas de bambu que usaria mais tarde.

Quando um dos pequenos começou a chorar, ela entrou para ver o que era e descobriu que o mais velho, Dabao, tinha jogado a bola longe demais e não conseguia alcançá-la. Yang Yufen pegou a bola e devolveu para ele.

Como o lanche era para o bebê, ela descascou as batatas, cortou-as em tiras finas e as colocou nas bandejas de bambu para secar ao sol.

Misturou as cascas das batatas com farelo, casca de arroz e restos de legumes para alimentar as galinhas.

Depois de terminar tudo, Yang Yufen pegou uma foto de Qin Nian, que estava longe, e ensinou as crianças a chamá-lo.

Com seis meses, os gêmeos já balbuciavam animados, especialmente Dabao, que babava enquanto soltava sons desconexos — embora ainda não tivesse conseguido dizer “mamãe”.

Yang Yufen não se frustrava. Vendo que já era quase hora, começou a preparar a próxima refeição das crianças.

Depois de alimentá-los, dar banho e colocá-los para dormir, ela passou um tempo trançando tiras de bambu antes de finalmente arrumar tudo e descansar.

Little Zhang havia passado a noite em pânico e, quando o amanhecer se aproximava, esticou o braço para sacudir Wang Dazhi.

— Velho Wang, rápido, tá na hora de ir.

— Hã? Já é de manhã? Vamos, vamos logo.

Os dois haviam criado laços vendendo batata-doce assada, o que lhes rendeu algum dinheiro. Com um pouco de economia, quiseram mais e resolveram tentar vender eletrônicos — relógios e rádios.

Mas a sorte não esteve do lado deles. Não só perderam o investimento como também foram assaltados, ficando sem as mercadorias e quase sem vida.

De volta em casa em segurança, Little Zhang deitou na cama e soltou um longo suspiro. Vender batata-doce era mais seguro — aquele outro negócio era perigoso demais, um golpe desde o começo.

Ele torcia para que as autoridades prendessem aqueles bandidos, embora ainda lamentasse o dinheiro perdido.

Seu pai perdera o emprego por causa de um ferimento, e agora era quase impossível encontrar trabalho. As fábricas estavam sem vagas, com jovens educados retornando do campo e recém-formados inundando o mercado. Para gente comum como ele, a vida era dura.

Alguns sugeriam ir para o sul atrás de oportunidades, mas sua família não tinha condições de deixá-lo partir.

Yang Yufen não sabia de nada disso, pois Fan Juan bateu à sua porta.

— Tia Yang, vim te visitar!

— Não disseram que tá perigoso sair por aí com essa repressão? Vamos, entra no pátio.

Fan Juan pôs no chão as frutas que havia trazido e logo notou as tiras de batata-doce secando no quintal.

— Prova um pouco — são só uns petiscos que fiz pro bebê morder enquanto os dentinhos crescem.

— Tia Yang, a senhora é incrível! Faz de tudo! Essas tiras estão deliciosas — colocou açúcar? Tão docinhas!

— Se gostou, separo um pouco pra você levar depois.

Yang Yufen ficou feliz em ver Fan Juan. Jovens deviam ser assim — animadas e cheias de energia.

— Obrigada, tia Yang! Na verdade, vim compartilhar uma boa notícia.

— Que boa notícia?

— Lembra daquela gaiola de passarinho que você me deu? Pois é, tem gente querendo encomendar — duzentas até o Ano-Novo. Acha que consegue fazer? Se sim, eu fecho o pedido pra você.

— Duzentas? Fan Juan, tem certeza? Eu consigo fazer, mas e se o comprador desistir? Você que vai sair no prejuízo.

Nos últimos dias, Yang Yufen realmente vinha se sentindo meio ociosa.

— Foi o amigo da minha professora que pediu. Eles só estão inseguros se você consegue fazer tudo. Se não fosse por isso, já teriam me dado o adiantamento. Sua habilidade é mesmo impressionante, tia.

Se ela tivesse pássaros, só de olhar praquelas gaiolas já ficaria feliz.

— Se for alguém de confiança, então tudo bem. Ainda faltam uns quatro meses até o fim do ano.

Com os dois calendários em vigor, o Ano-Novo Lunar e o Ano-Novo tradicional não caíam no mesmo dia.

— Tem certeza que consegue terminar a tempo?

— Vai ser mais rápido se eu preparar todos os materiais com antecedência.

— Então tá fechado, tia. Depois trago o adiantamento. Tenho aula de tarde, preciso correr.

Fan Juan estava radiante. Fazia tempo que não ganhava nada, e esse pedido cobriria suas despesas com livros.

— Não vai embora ainda — deixa eu separar um pouco das tiras pra você levar.

— Obrigada, tia. Essas tiras estão deliciosas mesmo. Se um dia quiser fazer mais, posso te ajudar a vender.

Yang Yufen nem tinha pensado em vender as tiras — eram trabalhosas e demoradas de secar direito. Mas já que Fan Juan gostava, talvez sua nora também gostasse. Decidiu preparar mais enquanto ainda tinha tempo, guardando uma parte para quando Qin Nian voltasse.

Yang Yufen deixou seu neto sob os cuidados da Irmã Wang e foi de triciclo até o bambuzal. Lá, percebeu que muitos talos já haviam sido cortados — só levaram os bons, deixando os galhos espalhados pelo chão.

Vendo que os galhos ainda estavam firmes, recolheu todos. Evitar ter que cortar bambu fresco lhe economizou bastante tempo.

De volta ao conjunto residencial, alguém a viu chegando com o carrinho cheio de galhos de bambu e perguntou curiosamente:

— Irmã Yang, o que vai fazer com esses galhos todos?

— Fui buscar lenha e achei esses em bom estado. Vou usá-los pra consertar a cerca e fazer suporte pros feijões no ano que vem — respondeu Yang Yufen, despreocupada.

— Tenho uma criança me esperando em casa, vou indo.

E saiu apressada. Ninguém pensou muito a respeito.

De volta em casa, Yang Yufen descarregou os galhos, começou a preparar o jantar e depois foi buscar a criança.

No conjunto, ela acabava de colocar o pequeno no carrinho pra brincar. No começo, o menino ficou feliz, mas logo começou a chorar alto.

Os adultos o pegaram no colo para acalmar e logo perceberam que havia algo errado. Ao retirarem a mão, viram sangue vermelho vivo. Ao virá-lo, encontraram um corte na parte de trás da coxa.

Yang Yufen ainda não sabia da confusão no prédio. Seus dois netos, agora comendo alimentos sólidos, dormiam mais à noite, mas estavam cada vez mais ativos durante o dia.

Mais tarde, alguém bateu em sua porta.

— Tia Yang, será que você poderia fazer um carrinho pequeno pra mim? Trouxe o dinheiro.

— Me desculpe, mas como pode ver, meus dois netinhos têm me deixado ocupada o dia inteiro. Não tenho mais tempo pra outros projetos. O inverno tá chegando, ainda preciso fazer as roupinhas deles. Além disso, tô sem materiais.

Yang Yufen recusou com gentileza. A visitante suspirou, desapontada, arrependida de ter ido à casa dos Lin antes só pra economizar um yuan.

Agora, o carrinho ainda não estava pronto e, pior — o neto da vizinha se cortou com as tábuas de bambu mal tratadas do carrinho. A família Lin indenizou, mas se recusou a terminar o trabalho.

Dabao jogou a bola e acertou Erbao, que chorou de dor. Yang Yufen correu para consolar o menino.

— Então não vou atrapalhar mais, tia Yang.

A visitante lançou um olhar cobiçoso ao carrinho perto da porta, com vontade de simplesmente agarrar um e sair correndo.

Capítulo 45 – O Homem Monitorado

Tia Wang foi visitar as crianças levando algumas uvas e aproveitou para compartilhar com Yang Yufen as últimas fofocas que ouvira.

— Eu tava me perguntando por que alguém me perguntou hoje se eu ainda fazia carrinhos de bebê. Então foi por causa daquilo. Na verdade, não é difícil de fazer — é só pedir pra um marceneiro construir a estrutura e costurar um assento firme de pano pro bebê. A criança pode sentar e brincar ali dentro — disse Yang Yufen, de repente iluminada.

— Mas os de madeira seriam pesados demais, e talvez eles não tenham suas habilidades. Perderam a chance. Quando Dabao e Erbao crescerem, esse carrinho nem vai mais ser necessário. Então, eu aceito ele de presente — disse Tia Wang, toda animada.

— Que besteira! Como se eu fosse deixar as crianças sem nada — retrucou Yang Yufen, lançando um olhar exasperado para a amiga.

— Claro que não. Mas por que ter trabalho quando já tem um pronto?

Yang Yufen lavou as uvas, retirou as cascas e as sementes, e entregou uma a cada criança para que segurassem e mordessem.

Dabao enfiou a dele na boca, fez uma careta e parecia que ia cuspir — mas empurrou de volta pra dentro.

Erbao observou o irmão comer antes de experimentar a sua, cauteloso.

— Tô vendo que você juntou um monte de galhos de bambu. Vai se ocupar de novo?

— Me conhece bem demais. Sim, vou ficar ocupada. Aqui, prova essas tiras secas de batata-doce. Leva um pouco pra Yaoyao e pra Little Fang. A Yaoyao não veio brincar ultimamente — será que tá atolada de lição?

— A Yaoyao tá só querendo ajudar a mãe. A Little Fang tá sofrendo com enjoo matinal, então a Yaoyao ajuda a corrigir os trabalhos da mãe depois de terminar os dela. Tá virando uma adulta de tão madura — parte o coração.

— Então deixa eu separar umas tiras secas pra você. Vai cuidar da Little Fang.

— Sem pressa, sem pressa. A Little Fang ainda não chegou do trabalho. Ah, e me dá um pouco daqueles seus legumes em conserva. No momento, a única coisa que ela consegue comer são macarrões feitos com seus picles. Gravidez não é fácil.

— Claro. Comprei dois potes extras só pra fazer conserva. Leva um com você. Quando estiver acabando, é só acrescentar legumes frescos na salmoura — é simples.

Com a ajuda de Tia Wang para cuidar das crianças, Yang Yufen aproveitou o momento para trabalhar.

Logo parecia que Tia Wang e Irmã Liu haviam combinado as visitas — uma vinha de manhã, a outra à tarde — para ajudar Yang Yufen com as crianças e ainda compartilhar as histórias mais engraçadas do bairro.

O tempo voou. A cada chuva de outono, o frio se intensificava, e quando os gêmeos começaram a se apoiar nas grades do berço, o inverno havia chegado.

— Passar licor com gengibre nas juntas funciona mesmo. Se eu soubesse desse remédio antes, teria sofrido bem menos nos invernos passados.

Naquele ano, o inverno chegou cedo, e Yang Yufen já havia preparado roupas quentinhas para os meninos.

A segunda ninhada de pintinhos havia nascido com sucesso e já pesavam meio quilo cada. O cobertor elétrico, tendo cumprido seu papel de incubadora, havia voltado para a cama.

Na sala principal, Yang Yufen havia instalado uma cama de madeira ao lado da antiga, que fora retirada do quarto de Qin Nian. Com o cobertor elétrico estendido, os meninos podiam brincar sem medo do frio.

— Pra reumatismo, licor com osso de tigre seria ainda melhor, mas isso hoje em dia é impossível de achar. Gengibre expulsa o frio, então ajuda de certa forma.

— Ajuda muito! Em outros anos, eu nem ousava visitar ninguém nessa época. Mas sua casa é tão quentinha...

A nora da Irmã Liu estava grávida e havia voltado para a casa da mãe, o que facilitava o cuidado com as outras crianças. Isso também dava mais tempo para que a Irmã Liu conversasse com Yang Yufen.

Yang Yufen não economizava no carvão e até instalara um cano de ventilação para direcionar a fumaça do fogão pra fora. Com o fogão aceso no centro da sala, servindo tanto para cozinhar quanto para aquecer, a casa permanecia acolhedora.

As crianças brincavam na cama com os brinquedos que Yang Yufen fizera para elas, jogando-os ao chão com entusiasmo e chamando animadamente pela avó para que os apanhasse — um jogo do qual nunca se cansavam.

Yang Yufen conversava com a Irmã Liu enquanto pacientemente recolhia os brinquedos, sem deixar de lado suas tarefas.

O número de gaiolas restantes estava diminuindo. Fan Juan vinha toda semana buscar as que estavam prontas, e Yang Yufen trabalhava até tarde da noite, depois que os meninos dormiam, com a esperança de terminar antes do fim do ano.

Quanto mais frio fazia, mais difícil era se movimentar, mas cuidar dos gêmeos vinha sempre em primeiro lugar. Ainda assim, depois de concluir todas as gaiolas, poderia retribuir parte da dívida com a Professora Wen.

Quando Yang Yufen completou a última gaiola, novembro havia chegado ao fim. Ela se espreguiçou e fez uma limpeza completa na casa, não deixando nenhum canto de lado — nem mesmo o quarto de Qin Nian.

— Como será que a Nian’er está? As crianças logo vão aprender a dizer “mamãe”. Se ao menos pudéssemos ligar pra ela...

Yang Yufen alimentou os meninos com creme de ovos — uma colher para Dabao, outra para Erbao. Dabao tentava pegar a colher com as mãos, mas Yang Yufen a puxava de volta toda vez. Se ele não abrisse a boca direito, Erbao ganhava a próxima colherada.

Depois de perder algumas vezes, Dabao fez beicinho, quase chorando, mas Yang Yufen não cedeu. Deu outra colherada para Erbao, e só então Dabao aceitou abrir a boca.

Yang Yufen conteve o sorriso. Quanto mais cresciam, mais testavam limites — tentando ver até onde podiam ir. Mas se ela se mantivesse firme e deixasse o bom comportamento de Erbao como exemplo, Dabao acabaria cedendo.

Ainda assim, quando os dois terminavam a refeição direitinho, ela os recompensava com uma tirinha de batata-doce seca para mastigar.

Dabao sempre era o mais feliz nesses momentos.

— Vamos, digam “mamãe”. Essa é a mamãe — digam!

Yang Yufen levantava uma foto de Qin Nian, ensinando os filhos a chamarem pela mãe.

Do outro lado do estreito, um homem vestido de forma chamativa estava à beira-mar, encarando o oceano.

— Irmão Xian, ainda não se lembra de nada? — perguntou uma mulher ao seu lado.

— Nada. Rourou, o vento está forte — por que está vestida assim? Você não devia me seguir. Se o Irmão Lan vir, vai suspeitar. Eu só te vejo como uma irmã mais nova. Enquanto você e o Irmão Lan forem felizes, isso já me basta.

— O Irmão Lan tem estado muito ocupado ultimamente. Se você não tivesse nos salvado no mar naquele dia, não teria batido a cabeça e perdido a memória.

Os olhos de Rourou brilharam com algo difícil de decifrar. Suas palavras sondavam, seu olhar era penetrante.

— Eu não tenho ninguém aqui. O Irmão Lan já fez mais do que o suficiente por mim. Não posso pedir mais.

Cada palavra do homem era registrada por ouvintes ocultos.

— Deixe que ele assuma mais tarefas a partir de agora. Ele tem boas habilidades — é adequado para missões perigosas.

— Sim.

Essa conversa, despercebida por quase todos, só era compreendida por quem sabia das entrelinhas.

Em outro ponto do continente, um grupo de pessoas vestidas de forma simples trabalhava com foco absoluto, fazendo hora extra para completar uma missão monumental antes do fim do ano.






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