— Não…! — os olhos de Wang Yangyan se arregalaram enquanto ele soltava um rugido bestial.
Wang Mingzhu girou graciosamente debaixo d’água, rodopiando o martelo ao redor do corpo. Então, por baixo, acertou novamente o crânio de Huang Yinyue.
As pernas de Wang Yangyan cederam, e ele caiu de joelhos ao lado da ponte de madeira.
— Não…! Parem! Matem a mim em vez disso! Não toquem nela! Não toquem nela, ahhh!
Outro jato de sangue jorrou da boca de Huang Yinyue, dissolvendo-se rapidamente nas águas cristalinas. Ela já não conseguia erguer a cabeça — que pendeu levemente para a frente. Seus pés estavam presos por pesos de ferro, mas seu corpo mole permanecia ereto no fundo do lago. Pequenas bolhas com fios de sangue subiam do emaranhado de cabelos flutuantes.
O peito de Lin Jiu ardia e se apertava dolorosamente. Nesse estado de empatia, ela conseguia sentir nitidamente o tormento que Wang Yangyan suportava. Era como lâminas cravando-se em seu coração, como fogo queimando por dentro. Essa agonia não era menor que o suplício da névoa demoníaca devorando o corpo!
Wang Mingzhu jogou o martelo de lado e emergiu à superfície.
Wang Yangyan a fitava, os olhos incandescentes de fúria rubra.
Ela riu baixinho e disse:
— Ela ainda não morreu.
O ódio em seus olhos não diminuiu nem um pouco.
Wang Mingzhu fungou com desdém:
— Por que me odeia? Não foi só coisa minha. Todos compartilham o dever de matar demônios e eliminar os inimigos da humanidade!
Outro homem saltou para o lago, posicionando-se atrás de Huang Yinyue, erguendo novamente o martelo.
Wang Yangyan estava à beira do colapso.
— Matem-me! Matem-me! Eu imploro, por favor, matem a mim em vez dela! Deixem-na ir!
Wang Minglang ergueu a mão, e a pessoa lá embaixo interrompeu o movimento.
— Ainda não vai falar? — Wang Minglang balançou a cabeça, rindo de leve. — Mas eu já imaginei — a chave está enterrada debaixo do pequeno pé-de-osmanthus atrás da casa de Youran, não é?
O corpo de Wang Yangyan ficou rígido.
Wang Minglang inclinou a cabeça:
— Mingzhu, pegue o sangue dele e abra a barreira espacial sob a árvore.
Wang Mingzhu cobriu a boca, soltou uma risadinha, avançou, perfurou a ponta do dedo anelar esquerdo de Wang Yangyan, colheu seu sangue e partiu voando em sua espada. Eles já tinham adivinhado a localização da chave. Mas Wang Yangyan era teimoso demais — se não usassem esse truque para quebrar seu espírito, ele poderia ter escolhido se autodestruir a permitir que levassem seu sangue essencial.
Agora, certamente, ele já não tinha mais a coragem de morrer junto com eles.
Os olhos de Wang Yangyan perderam o brilho. Ele se apoiou na ponte, olhando fixamente para a cabeça imóvel debaixo d’água.
Aquela era sua esposa — a mãe de seu filho. Por causa de uma promessa, ele havia permanecido parado, vendo-a sofrer assim… Será que ela o entenderia? Será que o odiaria?
Ele não sabia quanto tempo havia se passado quando, de repente, os cabelos ensanguentados dela se moveram levemente. Ela se esforçou para erguer a cabeça, como se quisesse olhá-lo.
Wang Mingzhu logo voltou. Sorrindo para Wang Minglang, disse:
— Irmão, você tinha razão — a chave estava exatamente onde você disse. Agora a escondi em um lugar onde ninguém vai encontrar!
Wang Minglang assentiu e rapidamente se afastou, curvando-se respeitosamente para um homem de robe luxuoso que observava em silêncio. Era o ancestral da família Wang — Wang Chuan’en.
— Ancestral, a chave está em nossas mãos.
— Ótimo — disse Wang Chuan’en, friamente. — Deixem que a sua geração a guarde. Quando eu precisar, irei buscá-la pessoalmente.
Seu olhar percorreu o lago, o tom carregado de desprezo:
— Se eu ainda estivesse no comando, queria ver quais membros da família ousariam se associar a demônios!
Dito isso, Wang Chuan’en caminhou sobre as ondas e se foi.
Após a repreensão, o rosto de Wang Minglang empalideceu. Ele ergueu a mão e fez um gesto brusco!
Imediatamente, os que estavam sobre a ponte saltaram para a água, um após o outro.
Os olhos de Wang Yangyan se arregalaram de fúria.
— Vocês já têm a chave — o que mais querem?!
Wang Minglang zombou:
— Quando a geração mais jovem se desvia, os mais velhos não podem escapar da culpa. Hoje, vamos ensinar-lhe o que significa se arrepender e recomeçar!
— Ser desprezível! Hoje você viu com seus próprios olhos! Você tramou e seduziu um filho da família Wang, teve filhos com ele — mas, no coração dele, você não vale nem uma chave! Este desastre de hoje é obra sua! Não culpe ninguém mais!
O martelo de ferro passou de mão em mão sem pausa. O corpo de Huang Yinyue balançava como algas, frágil e indefeso.
No fim, já não se sabia qual parte era seu rosto e qual era a parte de trás da cabeça.
Mas demônios tinham um forte instinto de sobrevivência e não morriam facilmente. Wang Yangyan foi forçado a se ajoelhar à beira da ponte de madeira, o pé de Wang Minglang pressionando suas costas. Ele gritou até ficar rouco — até cuspir sangue e perder completamente a voz.
Huang Yinyue não conseguia emitir som algum sob a água. Em plena luz do dia, ocasionalmente alguém passava pela ponte. A superfície do Lago Bibo estava calma, a brisa suave — ninguém prestava atenção ao par na beira, nem poderia imaginar o horror indescritível que se desenrolava debaixo d’água.
A visão aos poucos se dissipou.
Lin Jiu estava gelada, os membros trêmulos. Embora não tivesse relação com Wang Yangyan ou sua esposa, a empatia compartilhada havia sido profunda demais — afogando-a nas emoções deles, roubando-lhe o fôlego. A dor de Wang Yangyan a dominou por completo, arrastando-a pela mesma agonia dilacerante, penetrando até os ossos.
Quando abriu a boca, tudo o que saiu foi um grito rouco e angustiado:
— Ah…!
Uma mão grande acariciou suavemente suas costas, e uma voz masculina baixa murmurou junto ao seu ouvido, em tom tranquilizador:
— Acabou. Já passou. Eu já os matei.
Ele a puxou para os braços com uma mão e beijou o topo de sua cabeça. Sem saber como mais confortar a esposa, murmurou novamente:
— Não fique triste… que tal eu trazer Wang Chuan’en aqui e deixar você matá-lo com suas próprias mãos?
Pelo tom, alguém poderia até achar que “Wang Chuan’en” era algum tipo de tesouro.
Lin Jiu piscou, atônita. A chuva de sangue começava a rarear, e o céu clareava aos poucos. Na luz crescente do dia, Wei Liang sob o guarda-chuva preto parecia uma figura saída de uma pintura.
Ela ficou olhando. Através do véu de lágrimas, encarou-o fixamente.
Não muito longe, um rugido bestial irrompeu de repente:
— AHHHH—!!! Eu vou matá-los!!!
Era Wang Weizhi.
Nota da Autora:
Huang Yinyue e Jiujiu não têm absolutamente nenhuma relação. A cena mostrada pela empatia ocorreu no Lago Bibo, dois ou três anos atrás.
O paradeiro atual de Wang Yangyan na verdade foi insinuado na narração deste capítulo.
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