Capítulo 52.1


 As habilidades de choro de Jiang Zheng eram de primeira linha — as lágrimas vinham assim que eram chamadas. Ji Muye coçou o nariz, envergonhado:

— É verdade. Quando você estava filmando O Reino de Dongnu, eu vi suas habilidades de choro.

Ele ficou até pálido.

#Se ele não gosta da Jiang Zheng, eu escrevo meu nome de trás pra frente.

#Eu não aguento. Só deles estarem no mesmo quadro, já parece uma droga de história de amor fofa.

#Se me odeia, por favor, me amaldiçoe: que eu tenha o Muye no primeiro casamento, o Muye no segundo casamento, e o Muye no terceiro também.

#Hehe. Bem-vindo ao paraíso de Jiangye CP. “Cidade do Terror” é simplesmente um tesouro natural de açúcar.

Felizmente, com as lágrimas abundantes de Jiang Zheng, a areia foi rapidamente lavada. Ela piscou e, com os olhos vermelhos, disse que estava bem.

A areia amarela do lado de fora passava pelas frestas da janela e fazia um som terrível de lamento no túnel secreto, que levou um bom tempo para cessar.

Os saqueadores, assustados, haviam fugido e certamente não voltariam. Os seis decidiram subir para ver o que estava acontecendo no templo.

Um por um, se empilharam e subiram pela abertura.

Achavam que o local estaria enterrado sob meio metro de areia amarela, mas no fim, a areia fora soprada para cá e para lá, restando apenas uma camada fina — imperceptível a olho nu.

Foi só então que Jiang Zheng teve a oportunidade de observar cuidadosamente aquela estátua estranha.

Vestida de vermelho, tinha uma silhueta graciosa e um rosto deslumbrante. Inclinava-se levemente para frente, como se estivesse olhando para cima. Mas, não importava onde se estivesse, parecia sempre estar olhando diretamente para você.

Ke Cancan encolheu os ombros:

— Desde que entramos na Cidade Chiyou, o vento e a areia estão meio sinistros. Será que não vão nos levar embora?

Ela tinha acabado de ouvir Jiang Zheng dizer que os saqueadores fugiram de medo. Mas talvez tivessem sido varridos para o céu pelo vento maligno, e depois jogados de volta ao chão até perderem a vida.

Jiang Zheng respondeu com calma:

— Não é tão ruim assim. Não vão nos levar. — Se o vento arenoso não tivesse mostrado o caminho, talvez nem tivessem encontrado a entrada do túnel secreto.

Todos olharam em volta. De repente, Liang Xiaoduan cutucou o braço de Jiang Zheng.

— Irmã… quanto mais eu olho pra ela, mais acho que ela se parece com você. Não, você é que se parece com ela.

Jiang Zheng ficou surpresa. Seguindo a direção apontada por Liang Xiaoduan, percebeu que ela falava da estátua da deusa venerada naquele templo.

As palavras de Liang Xiaoduan despertaram a imaginação de todos. Ninguém tinha pensado nisso antes, mas ao olharem com atenção… de fato, parecia verdade.

#Pelo menos cinco pontos em comum. As sobrancelhas e os olhos são idênticos.

#Meu Deus, o diretor quer fazer rendinha[1]?

#É um mistério.

Jiang Zheng não deu importância e acenou com a mão, tentando tranquilizá-la:

— Talvez eu só tenha um rosto comum.

Liang Xiaoduan ficou sem saber se ria ou chorava. Se esse é um rosto comum, me dá um também.

Ji Muye caminhou até a parede, passou a mão e limpou a camada de areia fina… Várias pinturas murais, vibrantes e bem preservadas, apareceram diante deles.

Era comum que templos e santuários taoístas tivessem murais. Normalmente, retratavam histórias de Buda ou escrituras seculares.

Havia cerca de oito murais naquele templo, como uma história em série.

Os seis se debruçaram para observar juntos.

O tema da primeira pintura era salvação. Dizia-se que havia um general na Cidade Chiyou. Durante uma campanha nas Regiões Ocidentais, ele salvou uma bela mulher estrangeira. Os dois se apaixonaram à primeira vista e decidiram passar a vida juntos.

A segunda pintura tinha como tema o casamento. O general se apaixonou tanto por aquela mulher estrangeira que convidou amigos e convidados de todas as partes para uma cerimônia grandiosa em Chiyou. Sua esposa conquistou fama mundial com uma dança deslumbrante e cheia de presença.

A terceira retratava o tema do coração maligno. A notícia da beleza da esposa do general chegou à capital, e o rei ficou cobiçando a mulher. Enviou então um cortesão para Chiyou, nomeando-o vice-general.

A quarta pintura era sobre armadilha. O cortesão armou uma situação para cortar o suprimento de alimentos do general. A esposa do general implorou por misericórdia, mas o cortesão respondeu:

— O dia em que a esposa do general chegar à capital será o dia em que os grãos serão entregues.

A quinta pintura mostrava a morte. A esposa sabia que, mesmo indo até a capital pedir ajuda ao rei, não conseguiria salvar o marido. Então, subiu até o ponto mais alto da cidade — acima da pagoda — e lançou uma maldição no meio da areia amarela que assobiava ao vento. Uma maldição para que o rei de coração negro morresse, outra para que os cortesãos morressem sem ver o sol, e a última para que a areia os matasse a todos.

As pessoas aos pés da pagoda continuavam ajoelhadas em oração, mas a esposa do general saltou, e seu sangue escorreu por entre as frestas da base da torre. Para encobrir seu crime, o cortesão ordenou o massacre de todos os idosos, mulheres e crianças deixados na cidade. O sinal do massacre mal soou, quando um vento repentino soprou ao redor da pagoda, ficando cada vez mais forte. Em meio à areia amarela, soldados desconhecidos surgiram com armas em mãos e trucidaram todos os cortesãos e seus seguidores. Os sobreviventes escondidos viram esses soldados se transformarem em areia amarela e voarem pelo céu após matarem os vilões — e entenderam que era a esposa do general protegendo-os.

O tema da sexta pintura era a construção do templo. Os sobreviventes, gratos à esposa do general, reuniram tudo que tinham para moldar uma estátua dourada e construir um templo para ela, chamando-a respeitosamente de Imperatriz Huangsha. Juraram que, enquanto houvesse um único morador de Chiyou, incenso seria oferecido a ela por milênios.

Ao ver isso, Jiang Zheng não pôde deixar de olhar novamente para a estátua. Dizem que a beleza é uma maldição — mas o que há de errado em ser bonita? O problema está em quem cobiça a beleza.

Ji Muye saiu do salão principal, e viu na placa cinco caracteres poderosos: Templo da Imperatriz Huangsha. Isso coincidia com os murais. A história representada não era inventada… era real?

O tema do sétimo mural era a defesa da cidade. O general sobreviveu com dois acompanhantes e voltou, apenas para encontrar sua esposa morta, e o cortesão transformado em ossos ressecados, enterrado sob a areia sem nunca mais ver a luz do dia. Apesar da dor, sabia que o rei enviaria mais tropas para destruir a cidade. Não queria que o povo morresse com ele, então os mandou fugir. Surpreendentemente, os moradores recusaram-se a ir, e decidiram lutar ao lado do general, defendendo Chiyou e a Imperatriz Huangsha até o fim.

Três dias depois, o exército realmente chegou. O general defendeu a cidade com todas as forças por vários dias, mas por fim ficou exaurido. No último momento, arrastou seu corpo debilitado e abriu o túmulo sob a pagoda. No caixão, jazia sua amada esposa. A areia amarela voltou a soprar, enterrando os dez mil soldados enviados pelo rei junto com a Cidade Chiyou — tudo se tornou parte do deserto.

O oitavo mural, embora tivesse espaço reservado, estava em branco. Além disso, os seis primeiros eram suaves e vívidos, com cores magníficas. Já o sétimo, talvez por causa da ameaça do exército inimigo, refletia um pintor perturbado, que tentou concluí-lo às pressas — e as falhas eram visíveis.

Os seis ficaram maravilhados com a história.

Mas Xiao Cheng franziu a testa e disse:

— Zhengzheng, olha esses sete murais… A esposa do general também tinha o rosto da Imperatriz Huangsha. Ela realmente se parece com você.

Jiang Zheng estava tão focada em interpretar os murais que não havia reparado nisso.

A versão ampliada da estátua da Imperatriz Huangsha realmente tinha certa semelhança com ela, e a versão refinada da esposa do general nas pinturas também.

Jiang Zheng brincou:

— Você quer dizer que talvez eu tenha poderes mágicos? Tipo invocar vento e soprar areia?

Mal terminou de falar, o chão do templo tremeu violentamente.

#Ai, meu Deus. Que susto. Achei que fosse um terremoto.

#Jiang Zheng vai explodir a cidade.

#Zhou Xin não morre, continua morrendo.

Os saqueadores, que haviam fugido antes por causa da tempestade de areia, voltaram correndo em direção à pagoda. O sol estava prestes a se pôr, e o líder, Chefe Yi, decidiu explodir a pagoda com dinamite.

Ele ouvira há tempos que havia um palácio subterrâneo sob a pagoda, com muitos tesouros escondidos como oferendas ao Buda. Desesperados, os saqueadores tentariam mais uma vez.

De fato, após o colapso da estrutura da pagoda, um buraco negro se revelou, com um longo túnel à frente.

O chefe mandou dois guardas ficarem na entrada. Os outros cinco entraram.

Quando Jiang Zheng e os outros chegaram, viram os dois saqueadores diante da caverna, cabisbaixos, costas encostadas uma na outra, os olhos inquietos. Mas… pareciam ter perdido toda a coragem.

Os espectadores da transmissão ao vivo estavam empolgadíssimos, dando sugestões:

— Que o Ji Muye enfrente os dois e derrube os caras!

— Melhor ainda: Ji Muye e He Xiao contra dois!

— Melhor dos melhores: Ji Muye, He Xiao e Xiao Cheng contra dois!

Enquanto todos adicionavam estratégias, Jiang Zheng apenas se abaixou, pegou uma pedra… e a lançou na entrada da caverna.

A pedra rolou diante dos dois saqueadores… que pareceram ter foguetes nos fundilhos, e fugiram pulando o muro num vapt!.

Uma pedra foi suficiente. Simples e sem estresse.

Ji Muye ergueu o polegar e deu um sincero joinha para Jiang Zheng.

O grupo entrou pela caverna — de repente, o caminho se abriu. Agora andavam com liberdade. Comparado ao túnel secreto anterior, aquilo era praticamente um palácio subterrâneo.

Na verdade, não era um palácio sob a pagoda — era exatamente como descrito nos murais: o túmulo do general e de sua esposa.

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[1] Expressão chinesa: "a lã vem do lombo da ovelha" — quer dizer que alguém está se beneficiando de algo, mas o custo já foi pago por outro.


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