Capítulo 64: Um Beijo para Acalmar
AVISO: Este capítulo contém cenas com insinuações de incesto. Leia por sua conta e risco.
— O quê? — Quando ouviu a pergunta de Liyou, Luo Yu ainda não tinha entendido direito. Que tipo de relacionamento ela estava perguntando?
— O Duque de Nanping, Xiao Yuwei... qual é exatamente o seu relacionamento com ela? — Por que ele a tratava de forma tão diferente... A última parte da pergunta, se ela não dissesse, se sentiria como uma mulher ciumenta atormentando seu homem. Mas Luo Yu realmente tratava Xiao Yuwei de maneira diferente, e ela podia ver isso até na expressão dele.
As emoções de Luo Yu raramente oscilavam de forma dramática; seu olhar era, em geral, frio. Só quando ele olhava para alguém que realmente se importava, seus olhos se enchiam de calor. Ela acreditava que esse alguém fosse ela — somente ela —, mas agora, com a aparição do Duque de Nanping, ela se sentia como se não fosse nada!
— Xiao Yuwei? Você… está irritada por causa dela? — Luo Yu era uma pessoa muito perspicaz e, com as perguntas de Qianhe Liyou, finalmente percebeu o que ela estava dizendo. Mas ele estava confuso, sem entender por que Liyou estava tão chateada com Xiao Yuwei. Nada de desagradável havia acontecido, ou será que era pelo fato de Xiao Yuwei não ter ido visitar a Imperatriz primeiro ao retornar à capital, e sim a ele? E por isso ela se sentia desrespeitada?
— You’er, Yuwei é extremamente leal à família imperial, e quando nos encontramos, só falamos do passado e de acontecimentos recentes, nada de assuntos políticos. Os 50 mil Soldados da Lâmina Sacrificial sob meu comando já foram entregues a você. Em relação a mim... ainda há algo que te preocupa? — Luo Yu perguntou isso com um leve desapontamento. Pensando bem, essa era a única explicação que conseguia imaginar. Afinal, quem ocupa o cargo de Imperatriz precisa desconfiar dos ministros — e mais ainda, da Rainha-Mãe. Se You’er pensava assim, ele não deveria se sentir tão triste...
— Por que você está falando disso? Acha que me importo com essas coisas? Não me subestime. Em relação ao poder imperial dos Qianhe, eu não dou a mínima. Só quero que me diga qual é o seu relacionamento com ela. — Tudo que ela valorizava eram as pessoas, e para ela, o direito de governar era apenas um brinquedo descartável.
— Quanto a mim e Yuwei...
— Yuwei? Você a chama de Yuwei, assim, de forma tão íntima? — A raiva que havia diminuído voltou a queimar em chamas por causa do modo como Luo Yu se referiu à outra. Naquele momento, Qianhe Liyou ainda tinha uma aparência fria e sombria por fora — como gelo em chamas —, e um simples toque a faria explodir.
— Você... do que está falando, You’er? Não pode estar achando que entre mim e ela... há algo acontecendo? Isso é ridículo! Como isso seria possível? Somos apenas amigos de infância, por isso nos chamamos pelos nomes. Como você pode pensar assim de nós? Está me insultando? — A palavra “intimidade” fez Luo Yu reagir por completo, a ponto de se irritar. Era algo insultante para ele — e o deixou profundamente magoado.
Qianhe Liyou nunca tinha visto Luo Yu com raiva. Aquela era a primeira vez que o via tão alterado. O rosto dele ficou levemente avermelhado, e os olhos estavam tomados por emoções confusas — raiva, vergonha e decepção...
— Não fique assim... Eu não disse que havia algo entre vocês dois. Só não gosto da forma como você a trata. — Pensando no modo como Luo Yu olhou para aquela mulher, Liyou franziu o cenho, e um traço de descontentamento surgiu em seu coração. Ela não era cega — sabia que não havia um relacionamento impróprio entre eles. Mesmo que aquela mulher tivesse segundas intenções, Luo Yu não teria. Ela sabia disso. Ainda assim, não gostava da atitude dele.
— Meu tratamento com ela... que tipo de tratamento? — Luo Yu sentiu uma emoção inexplicável brotando dentro de si. Não achava que tivesse tratado Xiao Yuwei de maneira diferente. Eram amigos, e ele tinha uma impressão razoável dela. Depois de tantos anos sem se verem, trocaram algumas palavras... isso não deveria ter sido nada demais.
Liyou não respondeu. Pelo modo como Luo Yu reagiu, ele claramente não percebia nenhuma diferença na maneira como a tratava. E ela não era tola a ponto de explicar isso. Pensando bem, Luo Yu era até inocente. A vergonha e a decepção naquele olhar frio faziam com que ela não quisesse mais insistir no assunto.
Por um momento, a raiva de Liyou diminuiu e suas emoções se acalmaram de forma inesperada, deixando apenas um pouco de impotência.
— Se fosse por mim, eu não deixaria ninguém sequer te ver. — Ao dizer isso, Liyou se surpreendeu com as próprias palavras. Aquilo era ambíguo demais. E seu coração... realmente sentia aquilo. O relacionamento entre ela e Luo Yu também era ambíguo.
Luo Yu ficou confuso. Aquele tipo de possessividade não era algo que uma filha deveria sentir por um pai... mas, havia exceções para tudo, não?
— You’er, eu só tenho você. Você é a pessoa mais importante da minha vida e ninguém pode te substituir. — Ele acreditava que a frase anterior era apenas o desejo de uma filha de ter toda a atenção do pai. E isso deveria deixá-lo feliz — afinal, significava que You’er o valorizava muito.
Liyou franziu o cenho. As palavras de Luo Yu eram bonitas, mas ela sabia que o sentido que ele dava era completamente diferente do que ela sentia. Isso lhe causava uma sensação pesada de frustração e impotência.
Qianhe Liyou não era do tipo que se sacrificava. Um brilho dourado cruzou seus olhos, deixando-os estranhamente intensos...
Um beijo dominante, tão intenso que tirava o fôlego. Qianhe Liyou pôde ver claramente os olhos à sua frente se arregalando de surpresa. A confusão e a incredulidade naquele olhar transbordaram. Logo depois, vieram o pânico e uma luta desesperada do corpo inteiro.
Qianhe Liyou, é claro, não permitiu que Luo Yu continuasse resistindo. Seus olhos se tornaram ainda mais estranhos diante da luta. A luz dourada se misturava com fios de vermelho-sangue. Aquele beijo não podia ser chamado de gentil — o cheiro de sangue tomou o ar. Qianhe Liyou parecia ainda mais excitada com aquele sabor familiar. O sangue, principalmente quando era delicioso, era uma tentação irresistível para ela. Liyou sugava com mais força, como se quisesse devorar a pessoa diante dela.
Luo Yu sentiu medo. Não conseguia se libertar das garras de Liyou. Sua resistência foi subjugada pela força bruta e todos os seus sentidos se concentraram nos lábios e na língua — aquela sensação sufocante tomou conta de seu corpo inteiro.
A luta de Luo Yu enfraqueceu. Sua respiração tornou-se ofegante... não era como se nunca tivesse sido beijado antes, mas aquele toque gelado não se comparava à intensidade do que sentia agora. Era algo avassalador, tão forte que até seu coração gelado parecia não aguentar.
— Agora você entende? — Como se ainda não estivesse satisfeita, ela perguntou com um tom extremamente arrogante. Além da aura sombria que emanava dela, não havia qualquer hesitação em sua expressão.
O mundo tem suas próprias regras, mas seguir ou não essas regras não era algo que os outros pudessem decidir por ela. O que sentia no coração, ela fazia. As leis e limites do mundo nunca foram desculpas para ela se reprimir. Os humanos queriam viver por si mesmos, ser livres por toda a vida — e quanto a ela, uma zumbi com dez mil anos de idade, já tinha há muito deixado de se importar com as leis seculares. O que ela queria, ela sempre conseguia!
— Você... você, como pôde... eu sou seu pai! Pai! —
Capítulo 65: Insistindo no Próprio Desejo
Luo Yu não conseguia entender por que aquilo tinha acontecido. Eles obviamente tinham uma relação de pai e filha — como poderiam fazer algo que casais fazem? Era ridículo. Se não fosse pela sensação quente ainda presente em seus lábios, lembrando-o de que aquilo não era um sonho, ele teria pensado que era uma alucinação sua.
— E daí se você é meu pai? Se é algo que eu quero, só isso não é desculpa suficiente.
— Que absurdo você está dizendo? Como isso pode estar certo? Isso é claramente impossível! — A situação era tão chocante que Luo Yu começou a se embaralhar nas palavras, tomado por um turbilhão de pensamentos, tentando entender se aquilo realmente podia acontecer…
— Não tem nada de errado. Você só precisa se acalmar. Eu vou te dar tempo para se adaptar e se ajustar. — Ela sabia que certas coisas não podiam ser mudadas com o tempo, mas também nada era absolutamente imutável. Nunca se arrependia de suas próprias ações e sabia exatamente quando persistir. Para Luo Yu, ela estava sendo relativamente paciente, por enquanto. Quanto aos sentimentos que nutria por ele… Pensando bem, ela não os classificava como amor, mas sim como desejo de posse à primeira vista. Queria que ele pertencesse somente a ela — fosse qual fosse a forma.
Ela não compreendia bem o amor, mas mesmo que o tivesse por ele — mesmo com Anhui, o chamado harém de três mil, e este Luo Yu que despertava nela um desejo extremo de posse — não achava que o sentimento fosse amor entre eles. Mas tinha certeza de que sentia algo: pena, impulso, ternura… uma variedade de emoções diferentes, que ela estava começando a experimentar pouco a pouco.
Qianhe Liyou foi embora, deixando Luo Yu parado, com uma expressão complicada e distorcida…
— Ninguém tem permissão para falar nada sobre o que aconteceu hoje. Caso contrário… — Luo Yu disse isso para o atendente ao seu lado. Ele não precisou entrar em detalhes — a ameaça de morte iminente era clara o suficiente.
O choque no rosto dos atendentes ainda não havia desaparecido e todos assentiram apressados, tomados pelo pânico. Havia segredos demais naquele palácio — e, em muitos casos, era melhor não saber de nada. Pessoas demais haviam desaparecido por causa de tais segredos. Os inteligentes sabiam exatamente que tipo de coisa era melhor esquecer.
Qianhe Liyou e os demais retornaram ao Estudo Imperial. Seguindo o costume, Fengying e os outros deveriam esperar do lado de fora, mas Fengying hesitou, dispensou os outros atendentes e permaneceu.
Qianhe Liyou observou Fengying, esperando que ela dissesse algo, e então viu quando a jovem se ajoelhou repentinamente e declarou com voz firme:
— Majestade, apenas pessoas mortas não falam besteiras. Quanto a esses atendentes… esta serva deve lidar com eles?
O que havia acontecido naquele dia era tão chocante que até para Fengying era difícil acreditar no que vira. Mas, mesmo diante de algo que desafiava a ordem natural, a Imperatriz não demonstrara qualquer hesitação. Em meio ao choque, Fengying não conseguia evitar pensar em uma verdade ainda mais cruel.
Havia gente demais naquele palácio que desaparecera por saber demais. Ela não queria ser uma delas. Mas, se esse fosse o destino, só lhe restava aceitá-lo com serenidade.
Qianhe Liyou a encarou com um olhar profundo e significativo e, apenas quando viu Fengying começar a suar frio, falou lentamente:
— O que zhen faz, nunca foi algo que zhen tenha temido que os outros soubessem. Não estamos falando de meros atendentes… mesmo que todo o mundo soubesse, e daí? Fengying, faça apenas o que deve ser feito. Não deixe sua imaginação te enganar.
— Entendido. — Fengying se retirou com cautela, pensando que era uma grande sorte ainda estar viva, assim como os atendentes.
— Majestade, é necessário que lidemos com essas pessoas? — perguntou Anhui depois da saída de Fengying, repetindo a mesma questão. Seu rosto permanecia frio e silencioso, como uma lâmina prestes a ser desembainhada — uma calma que precedia a explosão de um espírito assassino prestes a atacar.
— Anhui, você está me subestimando? — A expressão e o tom de Qianhe Liyou demonstraram certo desagrado. Ela não se importara tanto quando Fengying fizera a pergunta, mas agora Anhui também questionava. Aquilo não era uma afronta?
— Esta subordinado não ousaria, apenas… boatos são coisas perigosas. E isso afeta diretamente sua reputação e a honra da Família Imperial. Devemos agir com cautela! — Se matar algumas pessoas fosse o preço para preservar a reputação da família imperial, ele não hesitaria.
— O que zhen decide fazer, não será alterado por ninguém. Que falem o que quiserem. — A palavra “reputação” era uma piada para ela. Por que se importaria? Quanto aos tais boatos… se fossem ditos pelas costas, que falassem. Mas se alguém dissesse algo que ela não gostasse na sua frente, a vida ou a morte dessa pessoa dependeria apenas do seu humor naquele momento.
Ela nunca foi uma pessoa misericordiosa. O motivo pelo qual não matava era simples: não havia necessidade. Mas se alguém realmente a provocasse… que não a culpasse por ser cruel. Já fazia tempo desde a última vez que havia torturado alguém, e aquela sensação de não poder viver nem morrer era, de fato, insuportável.
— …Sim! — Anhui não entendia por que a Imperatriz agia daquela forma. O Rei Viúvo era uma figura incomparável em elegância, mas ainda assim… eles eram pai e filha. Um relacionamento íntimo entre eles era algo que desafiava todo o mundo. Mas para a Imperatriz, a existência das pessoas no mundo era descartável — e mesmo que o mundo inteiro achasse errado, isso não afetaria suas decisões. E foi isso que ele tanto admirava… quanto invejava. Agora, o que lhe restava fazer era eliminar qualquer um que pudesse causar danos reais à Imperatriz!
O único problema era que… a Imperatriz não parecia precisar de ninguém.
— Venha aqui. — Sentindo a determinação de Anhui, o humor de Qianhe Liyou melhorou um pouco. Ela gostava da atitude dele, porque, independentemente do que ela fizesse, Anhui sempre estaria ao seu lado sem hesitar.
Anhui percebeu a mudança no tom da Imperatriz e seu rosto frio suavizou-se sutilmente. Caminhou lentamente até ela, até ser envolvido por seus braços.
— Anhui, zhen gosta do seu gosto. — Qianhe Liyou lambeu o pescoço de Anhui e sussurrou em seu ouvido com ambiguidade.
Anhui corou, e a frieza em sua expressão derreteu. Com cuidado, envolveu a cintura da Imperatriz com os braços e virou-se ligeiramente para ela:
— Majestade, não importa o que vossa majestade faça, Anhui sempre estará ao seu lado.
Essa foi a frase mais emocional que Anhui já havia pronunciado. Pela Imperatriz, ele viveria — mas também morreria!
— Lembre-se do que acabou de dizer… não se arrependa. — Não faça promessas levianamente. Quebrar uma promessa era o mesmo que traição — e ela jamais perdoaria uma traição.
— De forma alguma! — Anhui nunca fazia promessas à toa, e aquelas palavras ele só pronunciaria para a Imperatriz!
— Anhui, você é muito bom. Zhen acredita em você. Mas prometa algo a zhen: não se force a fazer nada. Seja você mesmo. Você é uma pessoa de zhen, então não se sacrifique em vão. Faça o que quiser fazer. Zhen gosta de ver as pessoas encontrando uma vida que as represente. A vida de uma pessoa não é longa — não desperdice a sua.
Uma vida que o representasse? Anhui costumava ficar confuso com isso, mas agora sabia exatamente o que era viver de forma plena. Era pertencer à pessoa diante dele, sentir intensamente todas as emoções que ela lhe proporcionava. Não esperava mais nada além disso — e agora que a tinha, não havia mais pelo que desejar. Só restava… aproveitar.
Capítulo 66: A Situação dos Cinco Reinos
A guerra havia começado, e Mu Qingwan partiu imediatamente para a linha de frente. Os suprimentos há muito preparados pelo Ministério da Receita finalmente foram transportados para os postos fronteiriços, e o Império Sang não tentou mais realizar ataques furtivos. Pelo contrário, grandes massas de soldados foram mobilizadas, formando fileiras organizadas e impressionantes. Após a leitura em voz alta de um único documento declarando guerra, um ataque em larga escala foi lançado. O campo de batalha foi tomado pela fumaça, repleto de cadáveres. Depois de um cerco cruel e brutal à cidade, mais de 30 mil soldados do Império Sang haviam sido mortos ou feridos. Como a Dinastia Qianhe estava defendendo a cidade fronteiriça, o número de baixas foi menor, mas ainda assim perderam 8 mil soldados. Mais de 4 mil ficaram gravemente feridos e, por ora, estavam impossibilitados de continuar participando da guerra.
Após esse primeiro confronto, o que pegou Qianhe Liyou de surpresa foi que o Império Nan, situado na fronteira sul da Dinastia Qianhe, havia de fato começado a se movimentar militarmente. Na junção comum entre os dois países, nas Planícies Gamma, surgiram batedores de reconhecimento, com propósitos desconhecidos — mas com certeza, não eram amigos.
Ao receber essa informação, Qianhe Liyou imediatamente respondeu enviando um grupo de batedores próprios, ordenando também que os agentes secretos prestassem atenção a qualquer notícia vinda da Cidade Imperial do Império Nan. Ao mesmo tempo, impôs lei marcial sobre todo o exército mobilizado nas Planícies Gamma, de forma a estarem prontos para batalhar a qualquer momento. Além disso, Qianhe Liyou despachou cem mil soldados para as Planícies Gamma. Se o Império Nan realmente desejava declarar guerra à Dinastia Qianhe naquele momento, então a Dinastia lutaria em duas frentes, custasse o que custasse. Como dizia aquele antigo ditado milenar: aqueles que violarem o prestígio do nosso país serão caçados até a morte!
Num piscar de olhos, já se passara mais de meia lua desde o início do conflito. Nesse período, as baixas de ambos os lados ultrapassaram oitenta mil, e a guerra só se tornava mais violenta. O Império Sang prendeu a respiração e começou a atacar o Desfiladeiro Yuling com ainda mais ferocidade. Segundo relatos, o Marechal do Império Sang era um velho general. Embora fosse infame por sua capacidade defensiva e seu estilo firme e metódico de agir, ele não visava o melhor resultado possível, mas sim evitar ao máximo cometer erros. Ao sitiar uma cidade, respondia aos acontecimentos de maneira rotineira, o que deixava os outros com uma sensação de impotência.
Embora o Império Nan ainda não tivesse iniciado um ataque direto, os exércitos de ambos os lados encontravam-se mergulhados numa tensão sufocante e hostil. Postados em lados opostos das Planícies Gamma, qualquer escaramuça poderia desencadear uma guerra entre os dois países!
Além disso, por causa dessa guerra, os cinco grandes reinos — incluindo o Império Qianhe — entraram em estado de alerta máximo. Mesmo sem participarem diretamente, enviaram um número considerável de espiões para infiltrar-se nos demais países. Parecia que essa guerra não era apenas entre dois impérios, mas sim uma questão que envolvia todas as nações sob o céu!
E justamente quando a guerra estava em pleno andamento, como um incêndio incontrolável, chegou a hora do banquete de aniversário de 42 anos de Luo Yu. Por instrução de Qianhe Liyou, o banquete foi simples, mas grandioso. Todos os oficiais da corte imperial, todas as concubinas do palácio e todos os membros da família imperial estavam presentes!
O local escolhido foi o maior salão do palácio: o Salão Tianhe. O salão era capaz de acomodar milhares de pessoas. Naquele momento, o interior estava intensamente iluminado, e a celebração do banquete era repleta de alegria e prosperidade, enquanto dançarinas se moviam ao som da música.
— Sua Majestade, o Rei Aposentado, chegou!
Luo Yu foi o último a aparecer no banquete. Qianhe Liyou já estava sentada na posição de honra, tomando uma taça de vinho com expressão fria. Ao ouvir o anúncio da chegada de Luo Yu, seu olhar imediatamente se dirigiu à entrada do salão...
Mesmo em seu próprio banquete de aniversário, Luo Yu não gostava de vestir roupas em tons vibrantes, mas havia deixado de lado as vestes brancas usuais. No lugar delas, usava um brocado branco decorado com um padrão vívido e realista de galhos de ameixeira em flor. Aqueles toques de carmesim tornavam sua aparência um pouco mais alegre, mas sua expressão fria e distante suavizava essa vivacidade.
Assim que o atendente anunciou sua chegada, todos no salão cessaram as conversas, as dançarinas pararam de dançar e o burburinho se calou abruptamente. O silêncio que se seguiu foi quase excessivo.
Todos os olhares voltaram-se para a figura parada na entrada. O Rei Aposentado, Luo Yu, conhecido como a Beleza Número Um, mesmo aos mais de quarenta anos, ainda era uma beleza incomparável. Sempre que alguém o olhava, sentia vontade de prender a respiração.
Luo Yu não se incomodou com a estranha atmosfera do salão. Caminhou diretamente pelo centro até seu assento e se sentou. Seu lugar era à esquerda de Liyou, e do começo ao fim, ele não lhe lançou sequer um olhar. Já Liyou, por sua vez, não desviou os olhos dele nem por um segundo, tornando o ambiente ainda mais tenso.
Qianhe Liyou não disfarçou seu olhar, enquanto Luo Yu emanava uma aura de indiferença. No entanto, todos os presentes naquele banquete tinham status elevado e estavam longe de ser tolos. Percebiam, ainda que vagamente, que havia algo estranho no ar — e suas expressões se tornaram mais cautelosas.
— Venha, sente-se aqui! — disse Qianhe Liyou, com um tom que carregava uma firmeza impossível de rejeitar.
Os olhos de Luo Yu finalmente recaíram sobre Liyou. Com um ar obstinado, ele franziu os lábios e seu rosto empalideceu ligeiramente. Ainda assim, não disse uma palavra sequer — recusando-se a comentar.
A expressão fria de Qianhe Liyou pareceu congelar, e um lampejo vermelho brilhou em seus olhos. Todos pensaram que ela ficaria furiosa, mas ela riu. Porém, aquele sorriso era muito mais assustador do que qualquer demonstração de raiva.
— Você acha que eu deveria fazer algo... para que fique mais obediente?
Qianhe Liyou nunca havia se acostumado a ser rejeitada — nem antes, nem agora. Ela gostava de pessoas obedientes. Mas, se a pessoa de quem ela gostava não fosse obediente... então ela encontraria uma forma de torná-la.
Luo Yu definitivamente não era alguém tímido, mas ao ver aquele sorriso de Liyou, sentiu um arrepio. Embora soubesse, no fundo, que ela jamais o machucaria de verdade, não podia garantir que ela não fizesse algo que ele não pudesse aceitar. Involuntariamente, lembrou-se do beijo de outro dia. Ainda agora, aquela sensação intensa permanecia vívida em sua memória.
Quanto à ameaça velada nas palavras de Liyou, Luo Yu queria recusar — mas tinha medo. Ainda assim, não queria se render tão facilmente. Sentar-se ao lado dela não era nada demais, mas ele temia que, se cedesse agora, acabaria cedendo sempre. E não podia sequer imaginar qual seria o resultado final.
Nesses dias, seus pensamentos haviam girado em torno de Liyou, revivendo o ocorrido repetidamente em sua mente — a ponto de sonhar com ela à noite. Liyou silenciosa e taciturna, Liyou imponente e dominante, Liyou gentil e carinhosa... Em meio a todos esses pensamentos desordenados, sua mente estava em caos. Não conseguia entender mais nada.
Liyou observou em silêncio, interpretando a hesitação de Luo Yu como outra recusa. Sem mais delongas, levantou-se, caminhou até ele e, antes que pudesse reagir, segurou seu pulso e o puxou. Ignorando suas tentativas de se soltar, o arrastou de volta até seu assento. Com um pouco de força, Luo Yu tombou sobre o divã.
Por ter sido algo tão repentino, Luo Yu acabou se apoiando instintivamente no corpo de Liyou — que aproveitou a situação para envolvê-lo pela cintura e sussurrou em seu ouvido:
— Se ousar me rejeitar de novo... eu vou te beijar na frente de todo mundo aqui. Se não acredita, podemos testar agora mesmo.
Se dar-lhe tempo só o tornava mais frio e obstinado, então ela retiraria essa abordagem anterior e seria direta. Faria com que ele entendesse... o que significava ser simplesmente... irresistível.
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