Extra 4


 — Chefe Wang — chamou a senhora responsável pelo Departamento de Vestuário, vendo Wang De apressado —. Os vestidos de verão que a Imperatriz mandou fazer para as criadas, não sei quando elas vão mostrar as roupas para a rainha.

— Roupas? — Wang De fez uma pausa, mas logo retomou o fôlego —. É verdade, deve deixar que a imperatriz veja. Se ela não gostar de algo, pode mandar modificar. É bom para distraí-la.

— Mande os subordinados empacotarem tudo, e daqui a meia hora, vá com a equipe cumprimentar a imperatriz.

— Sim, senhora.

A senhora responsável ficou radiante, não esperava que o gerente Wang fosse tão comunicativo.

No tribunal, vários ministros de confiança sabiam que Sua Majestade não estava de bom humor recentemente, então evitavam incomodá-lo com assuntos triviais. Felizmente, o imperador não era do tipo que se irritava com seus ministros sem motivo, então alguns cortesãos que não tinham tato não foram punidos, apenas perceberam que Sua Majestade estava mais carrancudo.

Depois da sessão, alguns oficiais se aproximaram de Ban Heng para perguntar sobre notícias recentes. Embora a família Ban não se envolvesse muito nos assuntos do tribunal, ainda eram muito valorizados por Sua Majestade. Talvez a família Ban soubesse coisas que outros não sabiam.

Mas Ban Heng, irmão da imperatriz há tantos anos, não tinha segredo para ele; não importava o que perguntassem, ele fingia ser bobo e calado, sempre mantendo a boca fechada.

Os outros só achavam que a família Ban estava ficando mais esperta, mas, na verdade, nem Ban Heng sabia o que tinha acontecido com Sua Majestade nos últimos dias.

— Senhor Ban Houye — um eunuco se aproximou sorridente —. Sua Majestade convida-o ao estúdio imperial.

Ban Heng arqueou as sobrancelhas. O imperador estava mal-humorado e o chamou hoje, será que tinha relação com sua irmã? Sentiu-se estranho por dentro, mas nada mostrou no rosto, apenas acenou:

— Já vou.

— Por aqui, senhor.

No estúdio imperial, depois de aprovar alguns memorialistas, Rong Xia largou a caneta imperial e suspirou preocupado.

— Sua Majestade, Minghehou chegou.

Quando Ban Heng foi condecorado, Rong Xia pessoalmente lhe entregou a caligrafia com o nome Yongshi. Depois, quando ele se casou com Yao Ling, Rong Xia concedeu à família Ban o título de marquês de primeira classe com o título Minghe. Isso significa que, mesmo que Ban Heng herde o título de Ban Huai no futuro, ele terá um ducado e seus dois filhos herdarão títulos.

A honra e o favor de Sua Majestade pela família Ban eram evidentes a todos, e pensava-se que a família finalmente se destacaria, como a família Shi antes. Mas a família Ban ainda vivia como um bando de dândis indiferentes a tudo.

Nos últimos dias, as pessoas sentiam pena do marechal Ban, embora ele tivesse prestígio vitalício, seu sucessor era como um barro mole, incapaz de sustentar o muro.

Mui, da família Ban, dizia que estavam tranquilos no canto, para quê subir ao muro e incomodar?

— Sua Majestade — Ban Heng entrou no estúdio imperial e saudou Rong Xia —. Você não me chamou aqui para tratar de assuntos políticos, certo?

— Sente-se — Rong Xia sorriu amargamente —. Fiz algo que magoou a Huahua há alguns dias, e ela ficou chateada...

— Sua Majestade — a expressão de Ban Heng mudou —. Você está favorecendo outra mulher?

Rong Xia ficou surpreso por um instante e depois riu:

— Como essas mulheres do palácio podem se comparar à Huahua? Jamais faria tal coisa. Só... a deixei triste, e ela não quer mais falar comigo.

— Ah — Ban Heng suspirou aliviado e acenou com a mão —. Vocês estão casados há dez anos, e você não conhece o temperamento dela, macio mas firme?

— Isso... foi mesmo minha culpa, pois a provoquei numa brincadeira, mas depois de tanto tempo, ela ainda descobriu — Rong Xia sorriu sem jeito —. Eu até tinha esquecido.

Ban Heng olhou para Rong Xia com simpatia:

— O ministro só pode esperar ela se acalmar. Eu já deixei minha irmã brava antes, e geralmente ela só me dá uma boa surra. Você é o imperador, ela não vai te deixar na mão... — Sua voz foi diminuindo e ele olhou para Rong Xia hesitante —. Sua Majestade, minha irmã...

Será que ela realmente o atacou?

— Não é verdade, Huahua sempre foi muito controlada — Rong Xia apressou-se em dizer —. Diga-me, tem algo que Huahua goste?

— Sua Majestade, minha irmã gosta de muitas coisas desde criança, e normalmente, o que ela deseja, a família providencia — Ban Heng falou sério —. Sinceramente, não sei o que ela não pode pedir.

— Isso é ótimo — Rong Xia colocou as mãos nas costas, sorrindo como o sol quente do inverno.

Os dois conversaram por meia hora no estúdio imperial e concluíram que precisavam manter o perfil baixo até deixarem Ban Hua feliz.

Quanto menos uma mulher tem, mais fácil é de ser conquistada e mimada. Mas se ela tem tudo desde criança, amada pelos pais e irmãos, não se deixa levar por pequenos favores.

Rong Xia entendia essa verdade, mas se alegrava por Huahua ser assim.

Quando se ama alguém, deseja-se que ela esteja bem desde criança até a vida adulta, sem sofrer nada.

Rong Xia voltou ao harém e encontrou o salão interno muito animado, com roupas e joias espalhadas pelo cômodo, e a única pessoa que não viu foi Huahua.

— Cadê sua esposa?

— Sua Majestade, ela saiu do palácio há uma hora.

— Prepare roupas para mim — originalmente, Huahua prometera levá-lo para sair do palácio, mas ele não teve chance de entrar na parte interna nestes dias, quanto menos sair para passear com ela.

— Sua Majestade, vai sair do palácio? — Wang De perguntou baixo.

— Sim — Rong Xia ajeitou a saia —. Vou dar uma volta para ver como estão as coisas.

Na casa de chá, Ban Hua estava sentada calmamente à mesa, contente, ouvindo o contador de histórias que elogiava muito o imperador atual. Das cinco histórias, ele usava três para vangloriar o poder de Sua Majestade.

— As batatas-doces e os macarrões que vocês estão comendo agora foram trazidos do exterior por Sua Majestade. Dizem que um dia, enquanto dormia, Sua Majestade sonhou que um dragão desceu à terra... —

— Ao longo dos tempos, quem pode tornar nosso povo rico em comida e vestuário como o imperador hoje? Mesmo em anos de desastre, ainda temos comida para encher o estômago. Um imperador assim não se encontra em mil anos.

Banhua ouvia enquanto o senhor Shu se gabava cada vez mais, falando sobre a corte vindo de todos os lados, sobre o Ziwei Xingjun descendo à terra, sobre um imperador para todos os tempos — tudo isso fazia com que ela, a pessoa ao lado da cabeceira do imperador, ficasse um pouco corada.

— Recompense-o com dez taéis de prata.

Banhua também queria recompensar aquele descarado por seu espírito bajulador ao imperador.

— Sim.

— Oficial convidado, por aqui, por favor — o atendente conduziu um homem de camisa verde para subir, e o homem parou ao ver Banhua.

Sentindo os olhares sobre si, Banhua olhou para trás e percebeu que o homem não estava longe, parecia familiar. Após pensar um pouco, disse:

— Yan Zhen?

Dez anos atrás, Yan Zhen ainda era um jovem de rosto pálido e sem barba. Agora tinha barba e finas linhas ao redor dos olhos. Ela quase não o reconheceu. Naquela época, ouviu alguém mencionar que Yan Zhen havia ido trabalhar em outro lugar e nunca mais soube dele.

— Já vi a Senhora Huang — Yan Zhen ficou surpreso por um momento, depois avançou para saudar Banhua respeitosamente.

Não a via há dez anos. A mulher diante dele parecia ter sido favorecida pelo tempo, ainda tão encantadora quanto antes. Ao vê-la, Yan Zhen lembrou da mulher de vermelho a cavalo naquela época, exuberante e bela, que o fazia se sentir culpado só por respirar perto dela.

Sem saber por quê, acrescentaram o título de “Senhora Huang”. Banhua não pôde deixar de rir e apontou para a mesa ao lado:

— Sente-se.

— Senhora Xie! — risos e aplausos vinham de baixo. A atmosfera era claramente animada, mas Yan Zhen sentiu um silêncio estranho no momento. Ele sentou cuidadosamente, mal tocando a cadeira, e baixou a cabeça, sem ousar encarar Banhua.

— Quando falamos de Sua Majestade, sábio e poderoso, precisamos mencionar nossa Rainha Imperatriz. Vossa Majestade é o Ziwei Xingjun descido à terra, e a Imperatriz é a reencarnação da Fênix dos Nove Céus. Alguns especialistas dizem que Imperatriz e Vossa Majestade são um par celeste...

— Pfft! — Banhua não aguentou mais e riu —. Mandem prender esse contador de histórias. A esposa do Ziwei Xingjun é a Fênix dos Nove Céus? Que cérebro bom, deixem-no aqui para a perícia. Se estiver tudo certo, tragam-no para que ele e Sua Majestade... — Ela parou, torceu os lábios, e não disse mais nada.

— Não precisa levar de volta, já ouvi — Rong Xia chegou andando apressado e sentou ao lado de Banhua —. Sentiu minha falta?

Banhua revirou os olhos, sem vontade de falar com ele.

— Wei Chen já encontrou o senhor Huang — Yan Zhen não ousava revelar a identidade de Rong Xia ali fora, e quando ele apareceu, apressou-se para se levantar e saudá-lo.

— Yan Zhongzhen? — Rong Xia olhou para Yan Zhen e depois para Banhua —. Que coincidência.

Banhua baixou a cabeça para beber o chá e o ignorou.

Yan Zhen ficou de pé, com as mãos dobradas, não diferente daqueles oficiais ingênuos e honestos da corte. Dez anos atrás, Yan Zhen tinha coragem para confessar à garota que gostava, protestar contra os pais com greve de fome, até correr até a casa dela sem pudor; coragem e loucura. Agora, na casa dos trinta, como todos no serviço público, sabia o que fazer e o que evitar.

Quando jovem, não se distinguem entre seriedade e coragem. Quando se é adulto, ao olhar para trás, não sabe se ri ou suspira de si mesmo.

Ele ficou de lado, observando Sua Majestade acalmando a Rainha com palavras suaves, até que ela finalmente lhe deu um olhar. Sua Majestade ficou radiante, abraçou as costas da Rainha e fez promessas — com uma postura tão humilde quanto um jovem apaixonado perseguindo sua amada.

Como podem Sua Majestade e a Imperatriz, casados há mais de dez anos, ainda cortejar assim?

Ele ficou quieto, como se fosse uma mesa ou cadeira na casa de chá, até que o imperador se levantou para voltar ao palácio. Ele fez uma reverência e saudou:

— Respeitosamente, despeço o príncipe e a senhora.

Banhua quis olhar para ele, mas Rong Xia virou, bloqueando sua visão.

— Vamos voltar, certo?

Ela cutucou a cintura de Rong Xia e bufou, mas quando ele segurou sua mão, não resistiu.

Yan Zhen fez uma reverência e acompanhou os dois até a saída. Não ousou olhar de perto até o imperador e a imperatriz entrarem na carruagem.

Depois, curvou-se novamente e ficou de cabeça baixa, saudando a carruagem.

— Senhora, vá com cuidado.

O passado, o passado, o passado...


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