Capítulo 116 a 120


 Capítulo 116 – Quero Reescrever o Destino de Uma Pessoa (1)

Depois que Ye Li disse isso, ele avançou obstinadamente para dentro do palácio novamente. Era como se o palácio imperial fosse um buraco negro gigantesco, sugando à força incontáveis vidas para dentro dele.

O cheiro forte de sangue impregnava o ar, acompanhado pelo nauseante odor de carne queimada. Uma fumaça negra e densa subia de forma ameaçadora até o céu; a cena diante dela parecia uma pintura do inferno.

Isto é guerra.

Todas as pessoas ao redor já tinham partido, restando apenas Ye Mu parada atrás, encarando com olhar vazio o portão da cidade, impotente e insignificante.

O que deu errado? Por que Ye Li escolheria entrar no palácio mesmo que isso significasse sua morte?

Seu destino trágico, conforme escrito na trama, estaria irremediavelmente selado?


— Lixo!

Dentro do palácio imperial, no quarto do imperador, o rosto de Mo Linyuan estava pálido como a morte. O pincel em sua mão há muito estava estilhaçado em pedaços!

Seu peito subia e descia violentamente, e sua expressão era aterradora para alguém da sua idade; ninguém pensaria que ele pudesse se enfurecer assim.

Mo Linyuan tentou se acalmar, mas a ideia de Ye Li ter capturado Ye Mu invadia sua mente, trazendo à tona os piores cenários possíveis. Ye Li poderia usar Ye Mu como moeda de troca para ameaçá-lo, ou, no pior caso, poderia feri-la numa fúria desenfreada!

Sua raiva era insuportável. Uma aura assassina transbordava dele, fazendo todos ao redor estremecerem de medo, sem ousar dizer uma palavra sequer.

Quando o Segundo Príncipe entrou, ficou surpreso por um momento com aquela cena inesperada. Embora conhecesse Mo Linyuan há apenas alguns meses, aquele jovem diante dele era tão astuto e calmo que causava arrepios.

Ele não parecia um garoto de dez anos; tinha a postura de um adulto da sua idade.

Mas agora, sua fúria e presença assassina estavam concentradas entre suas sobrancelhas franzidas. E diante dele, vários mestres de força interna se ajoelhavam respeitosamente. Geralmente, eram orgulhosos, mas diante de uma possível catástrofe, imediatamente se prostravam aos pés daquele jovem.

— Alteza, não precisa se irritar tanto — disse o Segundo Príncipe com um sorriso forçado, tentando acalmar. — Ye Mu é filha de Ye Li. Um tigre não envenena seus filhotes, quanto mais um humano matar seu próprio filho.

Mo Linyuan lançou-lhe um olhar e riu com desprezo. Se fosse uma pessoa comum, talvez fosse como ele disse.

Mas Ye Li é uma pessoa comum?

Enquanto fingia ser subordinado de Ye Li e se mantinha ao seu lado, Mo Linyuan descobriu que Ye Li escondia muitos soldados leais longe dos olhos da família imperial.

No começo, pensou que Ye Li sentia-se humilhado pelo imperador e queria iniciar uma rebelião. Mas depois percebeu que dois dos três generais que lideraram o exército de Yue e criticaram o imperador foram incriminados por conspiração.

Quando esses dois generais foram executados, os militares leais sob suas bandeiras também foram reprimidos!

Ye Li feriu outros e virou predador, mas assim salvou os antigos generais, que o viam como salvador, ganhando sua gratidão e lealdade…

Ele era uma pessoa profunda, inteligente e cruel. Mo Linyuan não acreditava que ele se seguraria diante de qualquer um, nem mesmo diante da própria filha. Então, como não ficar ansioso?

Mo Linyuan fechou os olhos e disse aos que estavam ajoelhados:

— Não me importa para onde irão ou com quem vão lutar! Só me importo com uma pessoa, e ela deve sair ilesa! Caso contrário, todos responderão a mim!

Suas palavras rigorosas causaram terror, e os ajoelhados logo se curvaram mais ainda:

— Alteza, fique tranquilo! Iremos agora para a propriedade do general!

— Esperem. Alguns homens devem ficar e avançar para o Palácio do Meio. Os homens de Ye Li podem já estar lá. É muito provável que ele traga ela consigo.

— Sim, Alteza!

Os especialistas partiram apressadamente, deixando apenas Mo Linyuan, que ainda estava inquieto.

Capítulo 117 – Quero Reescrever o Destino de Uma Pessoa (2)

Neste momento, Ye Li já teria descoberto que o mapa proibido do Exército Imperial em suas mãos era completamente falso. Será que ele despejaria sua fúria em Ye Mu? Afinal, ela poderia ser considerada sua aliada mais próxima...

Naquela época, Mo Linyuan escolheu formar aliança com Yan Xu exatamente por causa da natureza cruel de Ye Li. Ao pensar em como Yan Xu veio até ele, informando que Ye Li havia entregue pessoalmente sua filha para o Imperador usufruir, e como ele usava seus antigos camaradas para benefício próprio — naturalmente, Mo Linyuan não tinha uma boa impressão desse homem.

Se ele realmente quisesse ajudar alguém a ascender ao trono, por que escolher alguém com uma personalidade tão problemática? Por isso, desde o começo, ele nunca quis que Ye Li tivesse sucesso em seus planos.

O único fato inesperado foi que, depois de mandar inúmeras pessoas — entre elas especialistas marciais — para proteger Ye Mu, Ye Li ousou usar seus próprios homens para tirá-la de lá, sem se importar com a vida deles, fosse morressem ou se ferissem no processo.

Mo Linyuan não conseguia entender a razão daquela decisão impulsiva de Ye Li. Com a personalidade fria e calculista de Ye Li, ele não deveria se importar com um peão insignificante como sua filha em meio à rebelião iminente.

No momento mais crucial, por que ele teria ido atrás de Ye Mu?

Pela primeira vez, Mo Linyuan não conseguia encontrar uma explicação plausível. Ainda assim, ao pensar que Ye Mu poderia ser ferida por Ye Li, ele imediatamente se culpou por não ter lhe dado proteção suficiente...

Percebendo que Mo Linyuan estava imerso em suas preocupações e não responderia, o Segundo Príncipe coçou o nariz pensativamente e caminhou lentamente até a cama.

Embora o Imperador tivesse acabado de morrer, ninguém estava ao seu redor. Originalmente, ele deveria ter morrido antes, mas Mo Linyuan insistira para que mantivessem sua vida, dizendo que ainda não era “a hora de morrer”.

Se o Imperador tivesse morrido antes, não haveria ninguém para comandar o exército imperial. E não se sabia em mãos de quem o comando cairia. Mas agora, com a vitória de Ye Li contra o Príncipe Zhao, que ficou encurralado, e com o Imperador morto, o exército imperial cairia nas mãos do Segundo Príncipe.

Portanto, no momento em que Ye Li enfrentasse o Príncipe Zhao, seria o instante para o Imperador morrer.

O Segundo Príncipe lançou um olhar ao Imperador, mas sua expressão permaneceu calma. Apenas cobriu-o com um cobertor.

Não importava se o Imperador morresse. Se ele morresse, acabariam os sofrimentos.


Enquanto isso, Ye Mu caminhava pelo palácio com um objetivo: queria encontrar Mo Linyuan. Mas, com a batalha intensa ao redor, era impossível romper as linhas inimigas e chegar ao palácio interno.

— Como vou contatá-lo? — sentiu-se impotente, até que avistou a residência do príncipe ao lado. Seus olhos brilharam.

Da última vez que estivera lá, havia sido levada ao porão de gelo, e proibida de voltar. Yan Xu já morava na mansão do príncipe desde criança.

Ye Mu correu apressada até a mansão do príncipe. Após muitas voltas, finalmente chegou a um local familiar. Quando tentou entrar no porão de gelo, foi impedida.

— Quem está aí? — o guarda sombrio que Yan Xu enviara para proteger o corpo da mãe apareceu e bloqueou seu caminho.

Ofegante, Ye Mu só conseguiu dizer: — Eu sou Ye Mu! Vim ver Qi Yan!

Qi Yan é o verdadeiro nome de Yan Xu.

O guarda ficou surpreso. Quando percebeu algo estranho, uma voz masculina soou de dentro:

— Ye Mu?

Yan Xu, vestido com armadura, estava à sua frente segurando o capacete. — O que está fazendo aqui? — perguntou curioso.

Ao vê-lo, Ye Mu sentiu surpresa misturada com alívio. Porém, pela sua aparência, sabia que ele estava prestes a ir para a batalha, lutando até a morte.

Provavelmente, queria antes se despedir da mãe.

— Yan... — Ye Mu olhou para ele com expressão complexa — Mo Linyuan e você já se aliaram há muito tempo, não é?

Yan Xu franziu o cenho. Só depois que mandou os guardas se retirarem, respondeu:

— Desde o dia em que fui procurá-lo e contei que você havia sido enviada ao Palácio Imperial, entregue voluntariamente ao Imperador por Ye Li, ele tomou a iniciativa de se aliar a mim.

Yan Xu ainda lembrava claramente a fúria de Mo Linyuan na época. Para ele, era um pecado imperdoável que Ye Mu fosse minimamente ferida.

Ye Mu fechou os olhos.

Então, Mo Linyuan fazia tudo isso por ela o tempo todo...

Ela focou o olhar e perguntou novamente:

— Posso saber por que Ye Li, que sempre foi cauteloso, atacou o Palácio Imperial sem se importar com as consequências? Será que vocês fizeram algo?

Yan Xu olhou para ela e apenas balançou a cabeça:

— Nós não fizemos nada.

Capítulo 118 – Mesmo Que Ele Seja Uma Pessoa Cruel (1)

Yan Xu pausou e continuou:

— Apenas dois grandes acontecimentos ocorreram hoje. Primeiro, o Príncipe Zhao sofreu derrota na batalha contra Ye Li, e o Imperador morreu.

As palavras dele fizeram Ye Mu franzir a testa, confusa; ela realmente não entendia o que teria provocado Ye Li daquela forma.

No entanto, como os eventos já haviam chegado a esse ponto, ela teve um pressentimento da iminente derrota de Ye Li, já que tudo parecia estar seguindo de perto o roteiro. Agora, além de Mo Linyuan, a única pessoa em quem ela podia depositar esperanças era aquele à sua frente...

Ela hesitou por um momento antes de finalmente perguntar em voz baixa:

— Se Ye Li perder esta batalha, você poderia poupar a vida dele?

Yan Xu olhou para ela, surpreso.

— Nunca imaginei que você tivesse algum sentimento por alguém como Ye Li.

Ye Mu apenas sorriu amargamente diante do comentário.

— Eu realmente não sei se ele é bom ou mau por dentro — mas desde o início, nunca quis que o matassem. Então... posso pedir isso?

Ao ouvir isso, Yan Xu estreitou os olhos, e o silêncio tomou conta do porão.

— Posso prometer qualquer outra coisa — fez uma pausa, depois disse com sua voz mais fria e ameaçadora —, mas Ye Li deve morrer.

Ye Mu ergueu o olhar de repente, seus olhos negros brilhando como orbes na noite.

— Ye Mu, ele deve morrer. Claro que há uma razão para isso. Quando Ye Li disse que queria libertar os artes marciais e expulsar todos os estudiosos, ele estava falando sério. Espiando a residência do general, descobri que Ye Li é uma pessoa extremamente paranoica — desconfia demais dos outros, principalmente dos que são eruditos e astutos. Por isso nasceu essa ideia louca: reprimir todos os estudiosos e exaltar os artistas marciais quando subir ao trono. Quanto às consequências disso... Ye Mu, acho que você sabe.

Yan Xu continuou:

— A rebelião falhou há três anos porque eles foram cautelosos e ansiosos — se mais atenção fosse dada ao caminho marcial, as pessoas inevitavelmente sucumbiriam a seus impulsos carnais. Ye Li é inteligente e sabe disso, mas sua arrogância é a corrente que o impede de pensar com clareza; ele acredita que pode controlar a situação se uma revolta acontecer... Além disso, é uma pessoa muito inflexível, que acredita demais em seus ideais — ninguém poderá mudar sua decisão.

Com essa ideia perigosa, vem sua habilidade extraordinária, tanto mente quanto força. Enquanto ele estiver vivo, sempre haverá essa enorme contradição dentro dele — e ele não parará até alcançá-la. Para proteger o país e a mim mesmo, também não desistirei.

Os punhos apertados de Ye Mu foram se soltando aos poucos. De fato, ela já sentia que a vontade irredutível de Ye Li faria com que ele se recusasse a recuar, muito menos a se render. E se Yan Xu recuasse, Ye Li o perseguiria como um leão faminto, massacrando-o.

Ambas as opções levavam a um beco sem saída.

Yan Xu fechou os olhos por um instante:

— Já que as palavras foram ditas, não adianta mais falar sobre isso. Vou partir para o Palácio do Meio enfrentar Ye Li. Quanto a você, vou mandar alguém para levá-la de volta a Mo Linyuan.

Com essa frase de despedida, acenou com a mão e convocou seus guardas sombrios para escoltar Ye Mu. Não voltou a se despedir da mãe, e partiu direto para o campo de batalha.

Ye Mu observou as costas de Yan Xu desaparecerem, seu olhar tornando-se cada vez mais profundo.

Então, tudo é inevitável?

Será mesmo destino que Ye Li seja teimoso demais para recuar? Que ele só avance mesmo com o pior cenário, e só depois de exaurir suas forças com um monte de cadáveres, se mate diante deles?

São coisas realmente imutáveis? Ele claramente não era uma pessoa de coração limpo, então por que mostrou um pouco de gentileza que ela nunca tinha visto nele antes? E agora... ela teria que assistir calmamente sua morte?

Ye Mu respirou fundo para se acalmar e, ao abrir os olhos novamente, estava cheia de determinação inabalável.

Não importa o que aconteça, ela quer tentar uma última vez!

Assim, quando os guardas sombrios não estavam atentos, ela escapou furtivamente e se dirigiu para o campo de batalha pela segunda vez.

Na situação atual, parece que tomar o Palácio Imperial será a chave para determinar vitória ou derrota. Desta vez, o Segundo Príncipe comanda o Exército Imperial na luta contra Ye Li.

Capítulo 119 – Mesmo Que Ele Seja Uma Pessoa Cruel (2)

Há mais de duzentos anos, o imperador fundador do país Yue havia gasto todos os recursos da nação para construir o palácio mais magnífico do mundo. Agora, diante de uma guerra brutal, ele estava completamente destruído, toda a antiga beleza e esplendor haviam se perdido. Era possível até ouvir o choro distante dos eunucos do palácio enquanto fugiam da batalha.

Ye Mu desviava dos ataques, avançando apressadamente com toda sua força. Sempre que alguém a via, não importava de qual lado fosse, instintivamente brandiam suas espadas contra ela, sem se importar que ela fosse apenas uma criança.

Mas Ye Mu sabia que, em guerra, essa era uma reação condicionada. Na luta frenética até a morte, ninguém se importava se a ponta da lâmina estava apontada para um velho, um fraco, um bebê ou um inocente.

Ela desviava de todos os ataques sem ferir ninguém. Conforme avançava, seus movimentos ficavam mais rápidos, e seu pequeno Qi interior era constantemente estimulado, como se cansar não fosse uma opção naquele momento.

E Ye Li... onde estaria?

Vestida de vermelho, ela o avistou parado nos degraus ensanguentados de pedra, observando os arredores e todos os que lutavam. Mas não havia sinal de Ye Li...

Então, uma figura alta surgiu em meio ao caos.

Os olhos de Ye Mu brilharam enquanto ela forçava seu pequeno corpo a atravessar a multidão e correr em direção a ele.

— Pai!

Ye Li já não montava em seu cavalo, sua armadura estava quebrada em vários lugares — o antigo esplendor antes da batalha havia desaparecido. Mesmo assim, sozinho, ele resistia a mais de vinte especialistas em força interna que o cercavam.

Só isso já mostrava o quão tremendamente poderoso ele era!

Quando ouviu a voz de Ye Mu, Ye Li pensou estar imaginando coisas. Mas ao vê-la ali, ele usou todas as suas forças para se afastar dos inimigos e resgatá-la, tirando-a do calor da batalha.

Os vinte inimigos ao redor sabiam claramente quem era Ye Mu. Vendo que ela estava nas mãos de Ye Li, não ousaram agir precipitadamente.

— Por que está aqui?!

Ye Li, pela primeira vez, ficou desconcertado e exasperado. Não esperava que Ye Mu ainda estivesse no campo de batalha.

— Quer morrer?!

As mãos pequenas de Ye Mu agarravam firmemente a túnica de batalha dele, enquanto a carnificina continuava ao redor, com os vinte especialistas em força interna os cercando. Em meio ao furor da luta, Ye Li e Ye Mu pareciam insignificantes e invisíveis para o mundo.

— Pai, volte! — O rosto de Ye Mu estava coberto de pó preto e branco, grande parte de sua saia vermelha estava queimada, mas seus olhos permaneciam claros e brilhantes — Não me importo com suas razões para atacar o palácio imperial, mas se continuar assim, você definitivamente morrerá aqui!

Ye Li apenas estreitou os olhos com uma expressão perigosa ao ouvir isso.

— Quer que eu recue? Impossível! Não se preocupe com assuntos que não lhe dizem respeito! Saia daqui agora!

Ele a empurrou, fazendo Ye Mu recuar alguns passos e cair no chão. Mas ela logo se levantou, lançando-lhe um olhar desafiador.

— Pai! Pode me ouvir uma vez? Só uma vez!

Ela avançou, puxando a túnica dele novamente, e disse, irritada:

— Eu também não queria me importar com você! Mas porque você quer me salvar, eu também não desistirei de você tão facilmente. Recuar agora! Não há outro jeito!

— O que você sabe? — O corpo alto de Ye Li tremia levemente — Não importa quantos morram, há algo que eu preciso hoje! Mesmo que custe minha vida, nós conseguiremos!

Suas palavras deixaram Ye Mu atônita, como se finalmente tivesse entendido o cerne da questão.

De repente, as tropas inimigas recuaram. Só então Ye Li percebeu que seu exército estava cercado na praça do Palácio do Meio, perto da entrada do Palácio Interior. Fileiras de soldados surgiram nas quatro muralhas, com arcos erguidos, prontos para disparar.

— Droga! Estamos cercados!

Ele finalmente queria recuar, mas não esperava que o caminho atrás dele estivesse bloqueado. A pessoa liderando essas tropas inesperadas era Yan Xu, que, naquele momento, revelava sua verdadeira face pela primeira vez.

Ao remover parte da sua máscara, seu rosto rígido tornou-se uma beleza fria e marcante.

Capítulo 120 – O Pardal Amarelo Atrás do Louva-a-Deus que Persegue a Cigarra (1)

— Ye Li! Um ladrão sempre perde, e o verdadeiro vencedor prevalecerá! Você já perdeu esta batalha!

**Nota do tradutor: 成王败寇 — Provérbio holandês: “Um ladrão passa por cavalheiro quando o roubo o enriquece.”

Com Yan Xu bloqueando firmemente a rota de fuga de Ye Li, ele desembainhou a espada da cintura, apontando a lâmina para o oponente à sua frente. Contudo, de vez em quando seus olhos pousavam timidamente no pequeno corpo de Ye Mu — tão deslocado da brutalidade ao redor.

— Quinto Príncipe, Qi Yan... — Ye Li estava em choque extremo.

Será que seu exército não havia dispersado todos os homens inimigos? Então por que esse Quinto Príncipe ainda tinha tropas extras para detê-lo em um momento tão perigoso?

Logo, as respostas a suas dúvidas ansiosas surgiram. Atrás de Yan Xu, um homem vestido de preto empurrou bruscamente um homem amordaçado e amarrado — ninguém menos que o Príncipe Zhao!

Isso só significava que a suposição de Ye Mu estava correta: eles já haviam capturado o Príncipe Zhao e usavam sua vida para forçar seus subordinados a lutar ao lado deles... por esse caminho astuto, o empate de cinquenta contra cinquenta se tornaria uma derrota clara.

Ye Li encarava o Príncipe Zhao sem piscar, incrédulo.

Ele não esperava essa mudança drástica nos acontecimentos! Só poderia dizer que estavam em total desvantagem; estavam cercados e em menor número.

Então... ele realmente havia perdido.

Impossível! Ele tinha todas as suas cartas na manga: o tesouro e seus antigos subordinados. Como poderia ter perdido?

Mas, por mais inacreditável que a situação parecesse, a verdade era essa; por mais forte que fosse, não poderia resistir ao esforço conjunto desses dois homens. Essa colaboração inesperada só lhe deixava lutando pela própria vida. Portanto, ele só podia perder...

Ye Mu pensou, quão parecida essa cena seria com a do enredo? Pensar que, no amargo fim, ela ainda não conseguia mudar o destino trágico de Ye Li.

Mas então, “HAHAHAHA!” Ye Li soltou uma gargalhada maníaca depois de um momento de silêncio!

— Interessante, interessante! Só vocês? Apenas vocês todos? Querem a vida deste general?

Yan Xu bufou friamente em resposta, e com um gesto ágil da mão, todos os guardas no topo da muralha da cidade apontaram seus arcos para baixo, prontos para lançar suas flechas pontiagudas.

— Você acha que eu não ousaria tirar sua vida? Se cometer um crime horrendo neste país, então merece morrer dez mil vezes por isso.

— Quer que eu seja executado? Primeiro teremos que ver se você tem capacidade para isso! — Ye Li sorriu sarcasticamente.

Ele continuou a zombar do jovem, com uma postura aparentemente despreocupada:

— Mesmo que todos vocês tramem contra mim, sabiam que já fechei um acordo com o Primeiro-Ministro do País Mo? Por esse acordo, ele pode convencer o imperador Mo a enviar tropas para esta cidade a qualquer momento.

— As peças que coloquei nas fronteiras também o ajudarão a infiltrar o país com sucesso. Com isso, o País Mo declarará o País Yue como seu. Portanto, mesmo que me matem agora, vocês não ficarão no trono por muito tempo!

As palavras pesadas de Ye Li fizeram Yan Xu arregalar os olhos. Ele não pôde evitar sentir raiva e ódio, apontando ameaçadoramente sua espada para o oponente.

— Como assim? Tudo bem se estiver tentando instigar uma rebelião inútil, mas você realmente ousou atrair um lobo para o meu país?!

— Por que não? — Vendo Yan Xu se irritar, Ye Li relaxou todo o corpo — Se quer viver, então proteja minha vida. Mas se quiser morrer... morreremos juntos. Eu, Ye Li, nunca aceitarei a derrota!

Yan Xu olhou para ele com um olhar profundo e suplicante:

— Você já enlouqueceu. Acha que vou deixar um louco virar imperador?

Ele estreitou os olhos e mordeu a língua para não responder mais, acrescentando:

— Além disso, seus devaneios serão em vão! E daí que tem o apoio do Primeiro-Ministro? O Príncipe Herdeiro do País Mo — o legítimo e futuro imperador — está do meu lado!

— O Príncipe Herdeiro?!

Desta vez, Ye Li ficou surpreso. Sabia há muito tempo que o Príncipe Herdeiro do País Mo estava desaparecido e escondido no País Yue. Ele havia sido salvo pelo outro lado?!

Após essa revelação surpreendente, o Segundo Príncipe saiu de outra direção para se juntar a Yan Xu, sorrindo.

— Com essa sua cara confusa, só posso supor que você ainda está às cegas quanto à identidade desse elusivo Príncipe Herdeiro do País Mo. Deixe-me refrescar sua memória: ele se tornou seu escravo há algum tempo. Já esqueceu dele?

— Um escravo...? Aquele escravo?!

— Aji! Pode ser que ele... ele seja Mo Linyuan?!

Ye Li nunca tinha ficado tão chocado. Não era de se admirar que não conseguisse entender o cerne de tudo que acontecia ao seu redor. Também não era de se admirar que, mesmo sendo uma criança, seus instintos — como os de uma fera selvagem — o impulsionassem a matar o menino.

Afinal, a pessoa que ele procurava o tempo todo estava bem debaixo do seu nariz e havia se tornado um escravo em sua própria residência!


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