Capítulo 146 – Sem Sobreviventes (2)
Naquele momento, Zhao Yunqin só sentiu o céu e a terra estremecerem diante dela, e quase desmaiou. Mas ainda assim, foi rápida em se lembrar de algo muito importante.
— Onde está o grupo do Primeiro-Ministro Wen?! — Seu rosto se contorceu — Eles nos traíram e foi por isso que nós...
Seria essa a razão de terem sido exterminados tão facilmente?
— Não, não, não — respondeu a pessoa, que lembrou da cena demoníaca de antes, e desabou pela segunda vez, lágrimas escorrendo em filete — Não só nosso pessoal, mas nenhum dos soldados mortos que o Primeiro-Ministro Wen e as outras famílias emprestaram para essa missão voltou... todos mortos! Quinhentos homens — todos aniquilados!
Finalmente, a imperatriz viúva não conseguiu suportar mais aquele golpe. Sua visão escureceu e ela caiu no chão. Felizmente, alguém a segurou a tempo, ou teria rolado escada abaixo!
Quando pensou em como era difícil cultivar um especialista em força interna, o corpo inteiro de Zhao Yunqin tremeu. Seu coração parecia estar sendo cortado lentamente por facas agonizantes; ela não sabia como explicar aquilo para as famílias aristocráticas. Agarrou firme o braço de quem a sustentava e perguntou, com a última esperança:
— E quanto a Mo Linyuan? Qual é o estado dele?!
Ela tinha sacrificado tanto. Mesmo que Mo Linyuan não tivesse morrido, ao menos ele deveria ter perdido metade da vida, certo?
Mas naquele momento terrível, ela nem sequer sabia que aquelas pessoas tinham sido mortas por apenas uma pessoa; só se importava com o que aconteceu com o culpado!
Seu fiel ajudante disse com compaixão:
— Vossa Majestade, ele... ele está ferido, mas com a proteção da armadura, só a pele foi danificada...
Antes que pudesse terminar, os olhos da imperatriz viúva reviraram e ela finalmente desmaiou. O palácio inteiro mergulhou instantaneamente no caos. Especialmente porque todos os médicos imperiais estavam no aposento de Mo Linyuan, ninguém pôde realmente examinar a imperatriz viúva desmaiada.
— Como ela está? — Mo Linyuan perguntou ansiosamente ao médico imperial à sua frente.
Todos já haviam checado o pulso de Ye Mu. Após o último diagnóstico do médico imperial, conversaram entre si e chegaram à conclusão:
— Essa jovem quebrou seus meridianos à força, mas ainda é jovem, então seu corpo ainda vai se recuperar no futuro. Contudo, até a recuperação total, ela não deve usar força interna casualmente.
Os médicos imperiais só podiam ver isso como a única resposta e remédio. Quanto à razão da mudança drástica na personalidade de Ye Mu da noite para o dia, era muito provável que estivesse relacionada ao tipo de arte marcial que Ye Li havia lhe passado. Por isso, só poderiam esperar ela despertar para questioná-la.
Após mais alguns dias de descanso, Ye Mu finalmente acordou. Foi despertada por seus pesadelos; estava chorando alto. Dentro daquele sonho, ela era um demônio que colhia as vidas das pessoas.
Ye Mu não queria matar ninguém, a todos. Mas era como se não controlasse seu próprio corpo. E depois, quando as pessoas restantes tentavam fugir e desistir, ela originalmente queria deixá-las ir.
Mas naquele momento, quando aquelas pessoas se dispersaram em todas as direções — aos seus olhos, eram como pontos vermelhos saltando num mundo cinzento! — ela não conseguiu controlar o impulso e saiu correndo atrás delas. E quando contra-atacavam, naturalmente ela matava de volta.
Como se já não tivessem sido derrotados de forma esmagadora, ela temia que os mortos fugissem, então os amontoava juntos. Só quando via que eles não podiam mais se mover é que se sentia satisfeita.
Esse tipo de crueldade doentia a fez assassinar pessoa após pessoa diante de seus olhos, até que não restou mais ninguém. Até que ela voltou o olhar para os soldados do outro lado. E entre eles estava Mo Linyuan.
Havia um impulso aterrorizante de colher todas as almas, mas ela era apenas uma criança de sete anos na aparência. Sua moral, sob a névoa irracional, ainda não estava completamente extinta, e para controlar o desejo infinito de matar — que definitivamente não vinha de sua própria vontade — só pôde romper seus meridianos e usar a dor para se despertar.
Capítulo 147 – Para Pagar (1)
Ye Mu estava completamente acordada, plenamente consciente de suas próprias ações da noite passada. Ela olhou para as mãos, cujos dedos brancos antes estavam manchados de sangue.
No campo de batalha de seu mundo antigo, quando usava sua arma para aniquilar pessoas, ela não sentia nada ao fazer aquilo. Mas era só depois, quando a adrenalina baixava, que sentia um peso esmagador no coração.
Mas agora, depois de verdadeiramente usar as próprias mãos para matar — não, massacrar — quinhentas pessoas, algo em seu coração parecia ter se despedaçado; sua firme crença em si mesma desmoronara. Ela até pensava que, se isso continuasse, acabaria se tornando como Ye Li.
Enquanto se perdia em seus pensamentos, Mo Linyuan entrou. Ao ver que Ye Mu havia acordado, ficou surpreso.
— Você finalmente acordou!
Ele correu até ela e, com ansiedade, segurou sua mão. Só na presença de Ye Mu ele mostrava uma expressão sincera de vulnerabilidade.
— Graças a Deus você está bem.
Ele tinha realmente sentido medo. Se Ye Mu caísse em coma de novo, dessa vez não acordaria mais. E ele não tinha mais parentes ou amigos — Ye Mu era a única e mais importante pessoa para ele.
Vendo Mo Linyuan com mais clareza, a expressão de Ye Mu ficou um pouco complexa. Ela não conseguia esquecer que Ye Li havia falhado por causa de Mo Linyuan, mas sabia muito bem em seu coração que a morte de Ye Li não podia ser culpada a ninguém além dele mesmo.
— Eu peço desculpas — disse Mo Linyuan, vendo que Ye Mu não falava. Ele entendeu imediatamente o que ela pensava. Abaixou a voz e falou baixo: — Sinto muito pelo Ye Li.
Ye Mu sentira antes um fogo ardente em seu coração, mas depois que perdeu o controle e matou quinhentas pessoas, finalmente se sentiu aliviada daquele impulso. Mas sua situação atual era exatamente igual à de Ye Li. Ele matava facilmente e tinha humores variados — a Técnica do Terminador Divino devia ter muito a ver com isso. Se Ye Li ainda estivesse vivo e tivesse tido sucesso, certamente se tornaria um tirano terrível no futuro!
Então, talvez fosse a vontade do céu que ele falhasse?
Depois de refletir, Ye Mu começou a entender por que Ye Li cometera suicídio. Ele poderia ter escolhido viver naquela ocasião, mas havia perdido sua posse mais valiosa — sua arte marcial. Por isso, escolheu morrer.
Ela sorriu amargamente e balançou a cabeça:
— Não vamos falar daqueles que já foram para o submundo. Estamos dentro do País Mo agora?
Vendo sua expressão séria, Mo Linyuan rapidamente respondeu:
— Sim, eu te trouxe para o País Mo... Xiaolang também estava conosco, mas eu o joguei no exército para treinar.
Os três ainda estavam juntos, e todos haviam passado por muitas coisas horríveis.
O canto da boca de Mo Linyuan se curvou levemente ao olhar para ela, e ele disse mais uma vez:
— Estou realmente feliz que você esteja bem.
Ye Mu pensou em Xiaolang e finalmente sentiu uma paz no coração. Ambos passaram rapidamente pelo assunto do massacre da noite, mas Ye Mu de repente se lembrou de algo e perguntou rapidamente:
— Ah, certo! Antes de eu desmaiar, eu tinha um mapa comigo. Onde está esse mapa?
Embora fosse chamado de mapa, na verdade era pele humana. Depois que Ye Li a arrancou, ele a enfiou em seus braços.
Mo Linyuan franziu um pouco a testa.
— Você quer dizer aquele pedaço de pele humana? — Apesar de horrível, os desenhos estranhos nela fizeram Mo Linyuan guardá-la em vez de jogá-la fora com repulsa. Mas ele precisou tomar precauções, é claro. Por isso, usou um método especial para armazená-la e até fez uma cópia do desenho no papel.
Ye Mu olhou para o papel com o mapa desenhado, e seus olhos brilharam.
— Você sabe o que isso é?
Ela não pretendia contar a Mo Linyuan, por enquanto, que precisava do mapa dos limites da cidade. Afinal, o que ela queria não era um tesouro, mas o mapa final, completo.
— Isso é um mapa?
— Sim! Esse desenho vem das lendas. Há duzentos anos, o Império deixou para trás um tesouro de informações, um mapa do mundo! Isto é uma parte dele!
Capítulo 148 – Para Pagar (2)
— O mapa dos limites da cidade?! — Ele nunca tinha visto esse mapa tão falado, mas como príncipe herdeiro, naturalmente ouvira muitas lendas sobre ele. Diziam que nele estavam inúmeros métodos de cultivo de Qi interior que as pessoas podiam escolher para praticar; alguns até afirmavam que havia tesouros incontáveis de ouro e prata empilhados como uma montanha. E o mais importante: só de obtê-lo, alguém poderia restaurar um império.
E uma parte desse artefato de abalar a terra estava agora em suas mãos.
Ye Mu continuou:
— O motivo pelo qual Ye Li ignorou sua própria segurança e as probabilidades contra ele e entrou no Palácio Imperial sem medo foi por causa desse mapa — o finado imperador Yue carregava uma parte desse mapa nas costas. Infelizmente, está incompleto, e as partes restantes ainda são desconhecidas.
Quando Mo Linyuan ouviu isso, guardou o mapa com uma expressão solene.
— Está tudo bem. Isso já é uma surpresa agradável. Ainda temos muito tempo para reuni-lo lentamente.
Depois que Mo Linyuan terminou de falar, lembrou-se que Ye Mu ainda não tinha comido. Apressadamente trouxe o mingau e alimentou Ye Mu ele mesmo. A preocupação em seu coração ainda não havia diminuído nem um pouco.
— Você agora… também é uma cultivadora da Técnica do Terminador Divino?
Ye Mu não escondeu nada e assentiu sinceramente.
— Naquele tempo, Ye Li me passou todo o seu Qi interior. Por isso, só posso aprender essa técnica de cultivo para evitar que meu corpo exploda.
Mo Linyuan fez uma careta.
— Ainda assim, embora Ye Li fosse brutal, ele não perdeu a… consciência. Por que você… — ele parou de falar.
Ye Mu tinha uma expressão amarga no rosto.
— Também não tenho muita certeza. E se eu continuar praticando essa arte marcial, certamente vou me tornar um demônio quando crescer. Só acelero esse processo toda vez que mexo com ela…
Vendo que os olhos de fênix de Mo Linyuan haviam escurecido, sua autocrítica aumentando a cada minuto, ela rapidamente disse:
— Mas isso não importa mais, meus meridianos estão danificados, e eu não posso usar Qi. Então... não devo agir sem consciência — pelo menos, por enquanto.
Apressadamente tentando mudar de assunto, continuou:
— E quanto a você, já é imperador agora. Como ainda está cercado por tantos assassinos?
Quinhentos mestres do Qi interior não eram apenas para aparecer. O que Mo Linyuan fazia?
Enquanto ela falava, Mo Linyuan foi se acalmando gradualmente. Nos últimos dias, por preocupação com Ye Mu, ele não fora atrás daquela mulher, mas isso não significava que o assunto estivesse resolvido — nem de longe.
— Você me lembrou — disse ele, depois de cuidar de Ye Mu, cobrindo-a com o cobertor com zelo.
— Você deve continuar descansando. Vou cuidar de algumas coisas. Já volto.
Ye Mu estava realmente fraca naquele momento. Ela assentiu com a cabeça e viu Mo Linyuan sair sem olhar para trás. Ye Mu não sabia por quê, mas sentia que das costas de Mo Linyuan emanava um forte e palpável instinto assassino.
O que ele iria fazer?
A imperatriz viúva estava deitada na cama, doente e frágil. Seu rosto delicado e feroz agora estava abatido; ela só havia acordado naquela manhã após desmaiar, e sua vitalidade estava muito comprometida. Seu médico imperial particular recomendara que ela descansasse bem e evitasse qualquer humor irritadiço, para que os danos em seu corpo não se tornassem irreparáveis.
Naturalmente, a imperatriz viúva foi se recuperando. Mas então, alguém entrou barulhentamente em seus aposentos!
Quem seria? Quem teria tanta ousadia?!
Ao ouvir a confusão, o rosto já cansado de Zhao Yunqin escureceu, e ela lançou um olhar furioso para a entrada. Para sua surpresa, quem entrou foi ninguém menos que Mo Linyuan, trajando o manto do dragão.
O jovem de onze anos estava ereto, com a coluna reta. Ao olhar para as pessoas ao redor, seus olhos tinham um leve sorriso. Se fosse possível ignorar a aura assassina que emanava de seu corpo, ele poderia parecer inofensivo ao extremo.
— Como ousa! — Quando Zhao Yunqin o viu, entrou em pânico e imediatamente gritou! Como já tinha rompido com ele, não se dava ao trabalho de fingir ser uma avó bondosa. Fitou-o friamente e disse:
— Esta imperatriz viúva está obviamente doente. Que significado tem isso — invadir sem aviso algum?
Sua expressão feroz fez Mo Linyuan sorrir ainda mais.
Ele sorriu radiante ao se aproximar dela, mas a aura agressiva crescente ao seu redor fez com que ninguém ousasse detê-lo.
— Claro que vim visitar a Vovó Real! Se quinhentas pessoas morreram, minha avó naturalmente estaria muito triste.
Capítulo 149 – Você Consegue Fugir? (1)
Zhao Yunqin mal havia se recuperado do choque abrupto quando já ouviu palavras tão provocativas. Imediatamente, sentiu o peito apertar, como se respirar tivesse ficado difícil e doloroso.
Mas isso era só o começo. Mo Linyuan lançou um olhar para a tigela de remédio que já estava fria e disse com um sorriso ambíguo:
— Ah, minha memória anda realmente fraca esses dias — minha avó real ainda não bebeu seu remédio? Venha, este neto vai lhe alimentar.
Ao ouvir isso, uma das ajudantes de confiança de Zhao Yunqin correu para pegar a tigela.
— Majestade, esse remédio já está frio, deixe esta serva trocar... — mas antes que pudesse terminar, sua voz foi sumindo gradativamente diante do olhar gelado de Mo Linyuan.
Ele segurou a borda da tigela e sorriu zombeteiro para ela.
— Eu permiti que falasse? Ofender este imperador por uma coisa tão pequena, quer morrer?
Eram apenas algumas palavras ameaçadoras, mas fizeram até as pontas dos dedos dela gelarem de terror!
Vendo isso, Zhao Yunqin olhou para as pessoas ao redor em busca de ajuda, mas todos apenas baixavam a cabeça com medo. No momento, o instinto assassino do jovem imperador estava forte demais, e todos pareciam congelados no lugar.
— Venha agora, avó real. Beba seu remédio.
Zhao Yunqin não sabia que atitude deveria tomar diante de Mo Linyuan. Nos últimos meses, o jovem à sua frente a desafiava constantemente, o que a deixava sempre irritada e furiosa — desejava poder estrangulá-lo!
Mesmo assim, quando tentava agir, Mo Linyuan continuava firme, mesmo que ela usasse toda sua força e artimanhas; ela o subestimava um pouco antes, mas agora — tudo que restava era medo.
— O que você está tentando fazer?
Zhao Yunqin afastou a colher que Mo Linyuan estendeu em sua direção e disse, irritada e com medo:
— E se foi esta viúva quem fez? Quer acertar contas? Hah! Não esqueça — eu ainda tenho um exército de quinhentos mil! Dos três grandes clãs do país Mo, quem não obedeceria seus superiores? Só morreram alguns especialistas do Qi interior; com esse revés, você acha que já chegou ao nível desta viúva?
Essas palavras descaradas roubaram toda a atenção, quebrando qualquer formalidade. Todos olharam horrorizados para Mo Linyuan, esperando sua reação, mas ele ouvia calmamente. Seus olhos de fênix estavam semicerrados, e seu rosto delicado ainda trazia um leve sorriso.
— Acabou? — ele franziu levemente os lábios, parecendo inofensivo. — Beba o remédio depois que terminar de falar. Aqueles quinhentos homens não são nada — eu já os esqueci.
Nada? O coração de Zhao Yunqin apertou ainda mais! Os quinhentos que morreram eram todos mestres de Qi interior de verdade! E jurados de morte! Esses assassinos treinavam há anos, foi uma conquista conseguir reunir os quinhentos. Agora que tudo foi destruído, Mo Linyuan ainda tratava o assunto tão casualmente?
No meio de seus pensamentos irados, ouviu Mo Linyuan continuar — aparentemente, ele não tinha terminado seu desabafo.
— A avó real ficou desacordada por alguns dias, acho que ela não sabe dos acontecimentos recentes. Embora, para a avó real, a morte de alguns mestres do Qi interior seja um detalhe, para mim, custou muito esforço reunir mais de duzentos mestres do Qi interior. Depois… quando os três clãs foram recolher discretamente os corpos dos seus, mandei pessoas para atacá-los. Agora, você não acha que só deve ter alguns sobreviventes, certo?
Veja assim: primeiro você os procura para emprestar soldados com o objetivo de se livrar de mim, mas depois trai eles e massacra todos os jurados de morte que “emprestou”, enfraquecendo muito a força deles. Agora… quem sabe o quanto eles te odeiam.
Zhao Yunqin demorou um pouco para entender o que Mo Linyuan estava insinuando. Ele estava dizendo que havia arranjado alguém para fingir ser seu aliado e, enquanto ela estava inconsciente, mandou esse alguém atacar os povos dos três grandes clãs para criar a impressão de que ela tinha destruído a ponte depois de atravessar o rio*?!
*Nota do tradutor: expressão que significa “virar as costas para uma aliança depois que ela serviu ao seu propósito.”
Capítulo 150 – Você Consegue Fugir? (2)
Não era de se espantar que, mesmo depois de tanto tempo desde que ela acordara, não tivesse chegado nenhuma notícia dos clãs aristocráticos.
Eles achavam que as pessoas que enviaram tinham sido mortas pelos meus homens?
Afinal, mais de duzentos mestres do Qi interior não são pouca coisa. Além do exército dela e dos quinhentos soldados do Qi interior já mortos, provavelmente ninguém mais seria capaz de eliminá-los... aqueles velhos raposas definitivamente a odiariam por ter feito uma jogada tão sorrateira! Afinal, eles tinham emprestado todos os seus homens para ela!
— Você—! — Zhao Yunqin ficou ansiosa. Mas antes que pudesse abrir a boca para berrar, foi impedida por Mo Linyuan, que segurou com força a tigela de remédio contra sua boca. Ela se debateu, resistindo com todas as forças para não beber, mas Mo Linyuan ainda era jovem e muito forte. Com apenas um aperto no queixo dela, ela não conseguiu se soltar!
— Qual é a pressa? O que pode ser mais importante que seu corpo? Venha, beba o remédio obedientemente.
Ele sorriu, mas a tigela de remédio em sua mão encheu a boca dela com rapidez, a ponto do líquido negro escorrer pelos cantos dos lábios. Zhao Yunqin só pôde engasgar e gemer!
— Vossa Majestade, Imperatriz Viúva! — A atitude repentina de Mo Linyuan assustou a todos. Eles se apressaram para cercá-lo, mas logo recuaram. O rosto de Zhao Yunqin estava pálido, ela segurava o pescoço com uma mão, tremendo, enquanto Mo Linyuan tinha um aperto firme nela.
— Você— criatura maligna! Isso é uma falta de respeito filial!
— Falta de respeito filial? Já faz dois dias que assumi o trono. Os de fora sabem que estou “gravemente ferido” e nem consigo levantar da cama. Tudo graças a você, então como poderia faltar com respeito a você?
Enquanto falava, ele bateu a tigela de jade, agora vazia, na mesa ao lado da cama, quebrando o fino objeto em pedaços afiados. Segurou um fragmento na mão e olhou para Zhao Yunqin de forma ameaçadora.
— Me diga, agora que você não tem mais mestres do Qi interior ao seu redor, quanto acha que tem de chance de escapar se eu decidir matá-la agora?
Com essa única frase, todos na sala se calaram. Zhao Yunqin nem tossiu; seus lábios se abriram e fecharam, nenhuma palavra saiu.
Metade do poder do exército imperial estava em suas mãos, e a outra metade nas mãos de Mo Linyuan. Se fosse só isso, ela não teria medo, mas os mestres do Qi interior que a protegiam agora eram menos de vinte. Se Mo Linyuan conseguiu matar os quinhentos, ele realmente tinha capacidade para matá-la no palácio. Agora.
Enquanto isso, Mo Linyuan realmente queria terminar com ela.
Infelizmente, sua base ainda era muito fraca. Pouco tempo após assumir o poder, ele ainda comandava cerca de quarenta mestres do Qi interior, e havia enviado todos para fingir ser soldados da imperatriz viúva, mandando-os massacrar os soldados dos outros grandes clãs para fomentar conflitos.
Se tivesse mais pessoas, certamente agiria! Era uma pena que estivessem ambos em desvantagem. Mesmo que Zhao Yunqin morresse, os dois lados sofreriam. E quando chegasse a hora, seriam as famílias aristocráticas que colheriam os frutos — e os ganhos nem sequer compensariam as perdas.
Mas independente da força que tinha, Mo Linyuan não demonstrava qualquer dúvida na expressão do rosto. Continuava agindo como se a vitória estivesse ao seu alcance.
— Já decidiu? Avó real, você deveria entender o que quero dizer.
Zhao Yunqin forçou a calma.
— Você... o que exatamente quer? — Agora que a lâmina estava apontada bem diante dela, e embora não soubesse por que Mo Linyuan não a usava, escolheu sabiamente não provocá-lo.
Ao ouvir isso, Mo Linyuan hesitou por um momento antes de responder.
— Quero saber onde está meu pai real.
No passado, com Mo Linyuan ausente do país, ela sempre usava a desculpa de que o imperador estava gravemente doente e se recuperando em outro lugar para mantê-lo longe do público e agir como regente. Por isso, nesses últimos anos, as pessoas quase tinham esquecido do imperador, supondo apenas que ele havia morrido em algum lugar.
No entanto, aquele imperador ainda estava, de fato, muito vivo. Ele estava oculto de forma sinistra por Zhao Yunqin, e a razão de ela tê-lo mantido vivo até hoje era por causa de um segredo que ele não revelaria nem sob ameaça de morte.
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