Capítulo 161 a 165


Capítulo 161 – Crianças no Templo (1)

Após um ano, Ye Mu já estava acostumada com o lado cruel de Mo Linyuan. Pensando em uma boa estratégia, ela sussurrou no ouvido dele:

— Que tal causarmos uma comoção? Vamos reunir um grupo de pessoas fingindo ser da imperatriz viúva e “resgatá-lo”. Com o medo que ele ainda sente dela, tenho certeza de que vai se assustar tanto que nunca mais vai tentar fugir.

Ela soltou uma risadinha maliciosa ao imaginar a expressão apavorada de Mo Shiwen. A situação no momento era delicada demais, e Mo Shiwen não podia ser autorizado a piorá-la.

Ao ouvir isso, os olhos de Mo Linyuan brilharam levemente.

— É uma boa ideia!

Ele pensou por um momento e então chamou Wen Feng para dizer algumas palavras em seu ouvido.

Ye Mu observava Mo Linyuan de lado; ele agora tinha doze anos e meio. Embora ainda fosse apenas uma criança, seus olhos carregavam um peso e uma maturidade que não pertenciam à sua idade. Mesmo assim, seu queixo delicado e levemente erguido, junto aos olhos em forma de fênix, continuavam agradáveis de se ver.

Ye Mu não pôde evitar de pensar: Por que alguém assim morreu tão cedo, aos quarenta e poucos anos?

Depois que Mo Linyuan terminou de emitir a ordem, viu Ye Mu, que esperava por ele, o encarando fixamente. Imediatamente, achou sua carinha indescritivelmente fofa!

— No que está pensando? — Ele olhou para Ye Mu e não conseguiu evitar estender a mão e apertar seu pequeno nariz de botão.

— Ah, nada. Só… tenho me sentido um pouco sufocada ultimamente. Deve ser por causa da lua cheia que está se aproximando de novo — Ye Mu tocou o nariz instintivamente e murmurou.

Ao ouvir isso, os olhos de Mo Linyuan escureceram. A cada lua cheia, Ye Mu acordava se sentindo extremamente mal-humorada e desconfortável. Mesmo que o mestre budista silencioso pudesse ajudá-la a conter isso no templo, o simples fato de ela depender de outra pessoa o deixava inquieto.

— Então vou te levar ao templo. Lembre-se: embora o monge budista silencioso seja um discípulo próximo do falecido grande mestre, ainda assim deve se manter atenta; não confie nele tão facilmente.

Ye Mu assentiu:

— Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Eu volto logo.

Mo Linyuan confirmou com a cabeça e pessoalmente a acompanhou até os portões do palácio.

Em sua saída para o templo, Ye Mu foi escoltada por um grande número de soldados. Todos sabiam que Mo Linyuan dava enorme importância a essa garota de origem desconhecida, já que sempre que ela saía do palácio, ele dobrava a guarda ao seu redor!


— Aqui de novo?

Quando Ye Mu chegou ao templo, o monge surgiu das profundezas da floresta, carregando uma cesta de remédios nas costas. Como um monge poderoso, sua aparência era etérea; sobrancelhas finas e uma expressão compassiva — ainda que deslocada — lhe conferiam um ar inesquecível, como se fosse uma criatura mística.

Ye Mu assentiu:

— Vou incomodar você de novo. De alguma forma, sinto que a aura assassina em meu corpo está ficando mais forte. Cada ataque vem com mais intensidade que o anterior — disse ela, mantendo o olhar fixo no monge.

Depois de colocar a cesta no chão, o mestre budista silencioso apenas suspirou:

— Isso é porque você acumula força externa demais em seu corpo, e a energia interna que este humilde monge injeta só tem um papel estabilizador leve. Mas certamente não é forte o bastante para impedir totalmente os surtos, então é natural que você experimente essas sensações...

Ele fez uma pausa e então completou, em voz baixa:

— E claro, como seus meridianos ainda estão longe de estarem restaurados, você não consegue usar sua própria força interna.

Ele então fez um gesto:

— Siga este humilde monge até os fundos. Ajudarei você a se concentrar e se acalmar.

Ye Mu assentiu, mas de repente, um monge correu em sua direção!

— Mestre, mestre, algo ruim aconteceu! Uma peregrina grávida desmaiou no templo!

— O quê? — A expressão do mestre silencioso mudou, e ele olhou instintivamente para Ye Mu.

Ye Mu acenou com a mão:

— Tudo bem, vá vê-la primeiro. Eu aguento um pouco mais.


Capítulo 162 – Crianças no Templo (2)

— Hm — o mestre silencioso se apressou, e após pensar por um momento, Ye Mu resolveu segui-lo.

O templo budista estava completamente lotado. No centro, havia uma jovem ajoelhada no chão, visivelmente grávida de sete ou oito meses.

Em condições normais, ela já teria sido levada para os aposentos internos, mas um grupo de pessoas bloqueava a entrada do templo, impedindo os monges de se moverem. Depois que jogaram uma bacia de água sobre o corpo da grávida, ela recobrou a consciência — apenas para ver a mulher à frente dela sorrir com desprezo.

— Ora, finalmente te encontrei! E olha só, sua barriga já está enorme. Parece que vai dar trabalho matar esse bebê.

Uma peregrina ao lado, incapaz de suportar a cena, segurava seu rosário e dizia:

— Amitabha... não importa qual seja o rancor, não se deve machucar uma criança. Isso é uma ofensa!

— Bah! — A mulher encrenqueira se colocou diante da escrava e inclinou a cabeça com desdém. — Ela era nossa concubina e fugiu em segredo, engravidando de outro homem. Essa semente é impura e imunda — não deve viver!

Após essa fala, instalou-se um breve silêncio.

Havia muitas mulheres ali para oferecer incenso, mas quanto mais mulheres havia, mais rigorosas se tornavam umas com as outras.

Ao ouvirem que a grávida era uma concubina, muitas delas passaram a encará-la com desprezo. E assim, todas apenas observavam enquanto ela era arrastada pela nobre, se afastando gradualmente.

Suor escorria da testa da mulher grávida, e a dor abdominal a deixava sem palavras. Ela só conseguia lançar olhares desesperados ao redor, mas ninguém se atrevia a ajudá-la.

— Parem! — Uma voz interrompeu, e passos se aproximaram da confusão.

Todos os peregrinos ao redor o respeitavam, abrindo caminho para que ele adentrasse o templo.

— Mestre Silencioso?

— O mestre chegou… — sussurros se espalharam entre os presentes.

Ao ver a multidão no local, ele franziu o cenho e perguntou:

— Quem está causando confusão aqui?

Conhecendo a excelente reputação do mestre silencioso, a mulher causadora da confusão torceu os lábios, claramente irritada com a interrupção inesperada.

— Mestre, não quero confusão. Só vim recuperar essa concubina fujona.

O mestre olhou para a mulher pálida e em sofrimento e murmurou:

— Mas ela está prestes a dar à luz...

— Dar à luz?! — A mulher gritou, furiosa. — Ela fugiu com outro homem e está grávida de um bastardo. Essa criança não pode nascer!

A mulher grávida contorcia o rosto, tentando resistir à dor do parto iminente enquanto enfrentava a ameaça de vida ou morte, tanto sua quanto da criança. Mas então, sua bolsa estourou! Ela se contorcia de dor, tentando clamar ajuda aos que estavam por perto, mas nem palavras conseguia dizer — apenas gemidos angustiados.

Por ser considerado um tabu, os monges recuaram um passo, murmurando:

— Este templo é sagrado. Não podemos permitir que uma mulher dê à luz aqui.

A mulher nobre exclamou:

— Mestre! Vou levar essa mulher agora mesmo. Caso contrário, ela vai profanar o templo sagrado dos monges budistas!

O mestre silencioso, que sempre fora gentil, agora mostrava firmeza.

— A bolsa estourou. Se ela não entrar em trabalho de parto agora, a criança vai morrer...

— Essa criança não deveria existir neste mundo! — Um brilho frio passou pelos olhos da mulher. — E mesmo que o mestre seja sábio e respeitado, não pode se meter em tudo! Essa concubina é propriedade de outra casa! Por favor, saia do caminho!

Capítulo 163 – Um Parto Difícil (1)

Depois de falar, a mulher empurrou o mestre silencioso e saiu do templo. Ela estava certa; uma concubina era considerada propriedade do marido. Se ele tentasse intervir, a lei não o apoiaria.

Mas...

De repente, uma voz infantil rompeu o silêncio:

— Esperem um momento...

Ye Mu caminhou lentamente em direção às mulheres casadas e disse:

— Salvar uma vida é mais meritório do que construir uma pagoda de sete andares. Já que estamos em um templo budista, vocês não podem tirar a vida de ninguém aqui. Podem resolver essa questão dela ter fugido depois; a prioridade agora deveria ser ajudá-la a dar à luz.

Muitas pessoas não reconheceram Ye Mu quando ela apareceu, mas pelas roupas luxuosas que usava, sabiam que tinha um status extraordinário.

A mulher casada considerou a proposta por alguns minutos antes de perguntar com paciência:

— Quem é você para se intrometer nos assuntos de uma das três grandes famílias?

Ye Mu tocou o nariz.

— Uma das três grandes famílias? Uau, que impressionante! Quanto a quem eu sou...

Ela pensou seriamente por um momento e percebeu que, no momento, ainda não tinha uma identidade impressionante. Sem nada a perder, colocou as mãos na cintura e disse:

— Não sabe? Eu sou a companheira de estudos de Sua Majestade.

Todos olharam para ela surpresos ao ouvir isso. Então era ela a pessoa que o jovem imperador valorizava tanto. O imperador havia até bloqueado a estrada entre o palácio imperial e o templo só por causa dela. Mesmo sendo apenas uma companheira de estudos, ele a tratava como se fosse uma princesa!

A atitude dominante da mulher casada desapareceu instantaneamente ao ouvir que Ye Mu era a companheira de estudos do imperador.

Um ano atrás, a Família Zhong havia emprestado cem soldados suicidas¹ à Imperatriz Viúva. Após todos os conflitos internos e lutas, todos os grandes mestres do palácio interior haviam morrido.

Como resultado, o poder da Família Zhong foi severamente reduzido. Os ancestrais da família imploraram repetidamente para que escondessem sua força e aguardassem o momento certo. Eles seguiram esse conselho e evitaram confrontos diretos com o jovem imperador. Mas... o que deveriam fazer agora que alguém próximo ao imperador os estava afrontando?

A mulher casada franziu o cenho.

— ...Com base no seu status, você ainda não tem o direito de se intrometer nos assuntos da Família Zhong. Ela é uma concubina fugitiva. Você não tem autoridade para decidir como a Família Zhong deve lidar com isso.

— Concubina fugitiva? — Ye Mu balançou a cabeça. — Essa mulher tem problemas na fala, certo? Não usem disso como desculpa para intimidá-la só porque ela não pode se defender. A Família Zhong é rica e poderosa, então por que uma concubina fugitiva ficaria na cidade? Ela não teria fugido para bem longe, para não ser encontrada? Como ela ainda teria tempo para vir ao templo budista rezar e queimar incenso? Eu não me importo. Vocês não podem levá-la antes de confirmarmos sua identidade.

A multidão ficou impressionada com sua capacidade de observação. Os monges, sem ousar interferir, apenas observaram a cena silenciosamente.

— E vocês aí, por que estão parados? — Ye Mu lançou o olhar sobre os monges. — Não vão levá-la para os fundos para que possa dar à luz?

— Mas..., — um jovem noviço falou de repente — mas este é um templo sagrado...

Como poderiam permitir um parto ali? O jovem monge estava completamente perdido.

Ye Mu olhou para o mestre silencioso e perguntou:

— Você também acha isso?

O mestre silencioso sorriu com gratidão para Ye Mu, mas não respondeu.

Era raro vê-lo sorrir, e quando sorria, parecia ainda mais bonito e encantador. Seus olhos brilhavam com clareza.

— Levem-na para os fundos. Eu mesmo ajudarei no parto — disse ele, sem a menor hesitação.

— Mestre...

— Vão logo!

— Sim...

A mulher casada ficou furiosa ao ver que o mestre silencioso havia levado a mulher tão facilmente. Rapidamente ordenou que seus servos fossem atrás.

O mestre silencioso queria ajudar, mas foi empurrado de lado por Ye Mu.

— Deixe isso comigo. Vá ajudar ela.

O mestre silencioso estava ansioso. Sabia que a mulher grávida estava em estado crítico. Antes de sair, abaixou-se e sussurrou para Ye Mu:

— Tenha cuidado. E lembre-se: aconteça o que acontecer, você não pode usar força.

¹ Soldados suicidas – soldados enviados com a expectativa de morrer em missão.


Capítulo 164 – Um Parto Difícil (2)

Enquanto a multidão pensava que o mestre silencioso estava apenas tentando evitar uma briga, Ye Mu sabia muito bem que ele tinha medo de que ela acabasse matando alguém.

— Não se preocupe! — Ye Mu lançou um olhar malicioso para o outro lado. — Ainda consigo ganhar tempo sem precisar usar a força.

Depois de tranquilizá-lo, o mestre silencioso se virou e foi embora.

Ao ver que o mestre e os monges haviam levado a mulher que pretendiam capturar, a dama nobre correu atrás deles, furiosa. No entanto, foi novamente parada por Ye Mu.

— Saia da frente! — a dama apontou o dedo para Ye Mu, o rosto fechado. — Esse assunto não é da sua conta! Não pense que pode mandar em tudo só porque Sua Majestade gosta de você. Você não é a governante do Reino Mo!

Ye Mu revidou o olhar, as mãos na cintura.

— E você é? Por acaso foi você quem construiu este templo? Quem te deu o direito de trazer seus empregados a um local público para cometer um assassinato? Você fundou o Reino Mo?

As palavras de Ye Mu deixaram a dama nobre completamente sem argumentos. Furiosa, ela empurrou Ye Mu com força!

— Levante-se e pare de dizer besteiras! Não importa o que diga, eu estou certa!

Quando Ye Mu foi empurrada, recuou alguns passos e então se sentou no chão. Os olhos marejaram enquanto ela olhava para a dama.

— V–você está me intimidando...

De repente, Ye Mu mudou de tática e a acusou abertamente!

— Eu não fiz isso. Só te empurrei! Você...

— Você me empurrou! — Ye Mu mordeu os lábios, o rostinho delicado e adorável se enchendo de mágoa. — Eu só queria conversar! Wuwuwu... Vou contar pro irmão imperador!

— Você... — a dama estava indignada. Normalmente, era ela quem fazia escândalos. Nunca imaginou encontrar alguém ainda mais desavergonhada que ela! E só tinha empurrado Ye Mu de leve!

Nesse momento, os guardas imperiais que estavam fora do templo entraram às pressas ao ouvirem o barulho e cercaram Ye Mu, protegendo-a. Lançaram olhares hostis à dama nobre que causava a confusão.

— Jovem senhorita, está bem? Zi Xu nunca imaginou que alguém ousaria maltratá-la no Templo Tianshu.

Ye Mu cobriu o rosto com as mãos, chorando com mágoa.

— Essa nobre da Família Zhong está me intimidando... wuwuwu... ela me bateu! Todos viram!

Todos no templo se entreolharam. De fato, quem tinha empurrado a jovem senhorita primeiro havia sido a nobre.

Com a chegada de mais e mais guardas imperiais, a dama nobre ficou nervosa. Não queria causar um escândalo, então lançou um olhar feroz a Ye Mu e gritou, irritada:

— Hmph! Vamos embora!

Ela e seus criados deixaram o templo rapidamente, temendo que Ye Mu os impedisse. Saíram tão depressa como se estivessem sendo perseguidos por fantasmas.

Assim que todos saíram, Ye Mu tirou as mãos do rosto, revelando um rosto limpo, sem lágrimas. Ela não tinha chorado de verdade.

Zi Xu a olhou, impotente.

— Jovem senhorita, levante-se, o chão está frio. Se Sua Majestade souber que a senhorita se sentou no chão gelado, vai ficar muito bravo.

— Ah! — Ye Mu se levantou rapidamente e resmungou. — Ela ainda é muito verde pra competir comigo. Não dá pra vencer alguém mais desavergonhada que você mesma.

— Sim, a jovem senhorita está certa. Jovem senhorita, quer que eu dê uma lição neles por serem tão insolentes?

Ye Mu pensou por um momento e depois acenou com a mão.

— Esquece, estou com preguiça de lidar com isso! Pode cuidar dos seus assuntos. Eu vou indo.

— Sim, jovem senhorita.

Ye Mu se virou e correu na direção que o mestre silencioso havia seguido.

Assim que entrou no pátio dos fundos, sentiu um cheiro forte de sangue no ar. Isso a deixou ainda mais inquieta. Engoliu o desconforto e caminhou até onde os monges estavam reunidos.

Exceto pelos dois monges que estavam lá dentro ajudando, os outros esperavam do lado de fora. Ye Mu perguntou a um deles:

— Como está a situação?

O jovem monge respondeu, preocupado:

— Não está nada boa... a mulher grávida não tem forças para empurrar o bebê e continua sangrando. Tanto ela quanto o bebê estão em perigo...

Ye Mu pensou por um momento e disse algo ao jovem monge.

Ele arregalou os olhos em choque:

— Aquilo... isso realmente funciona?

Capítulo 165 – Nascimento (1)

— Você vai entender depois que terminar de preparar — respondeu Ye Mu antes de entrar no cômodo.

Assim que entrou, Ye Mu franziu a testa. Parecia que estava dentro de um forno; o ambiente estava extremamente abafado.

— Abram a janela para ventilar o quarto! Ela vai sufocar se continuar tão úmido assim!

Era verão, mas, com medo de que outras pessoas vissem a mulher dando à luz, haviam trancado portas e janelas com firmeza. No entanto, a vida humana era preciosa, então, por ora, deixaram de lado a questão da modéstia da parturiente.

Ninguém questionou a ordem de Ye Mu, pois sua voz era firme e imponente. Os jovens monges no cômodo se apressaram em abrir as janelas, permitindo que a brisa da montanha entrasse. A mulher em trabalho de parto, que estava prestes a desmaiar pelo calor, finalmente conseguiu respirar uma lufada de ar fresco. O frescor a reanimou.

Mas o mestre silencioso ainda mantinha o cenho franzido.

Naquela época, parteiras tinham apenas um papel orientador, e poucas utilizavam instrumentos cortantes para o parto. Embora o mestre silencioso tivesse conhecimentos médicos, nunca havia aprendido a arte de fazer partos, então não sabia por onde começar.

— O que houve? — perguntou Ye Mu.

O mestre silencioso franziu ainda mais o cenho e respondeu:

— Ela não consegue empurrar o bebê, e também não para de sangrar. Se continuar assim, tanto ela quanto a criança vão morrer!

Ele se virou para a mulher:

— Você precisa resistir. A sopa de ginseng já está quase pronta. Aguente firme!

A mulher olhou para ele com gratidão. Em seguida, apontou para si mesma e para a barriga, suplicando em silêncio.

Ye Mu entendeu imediatamente o que ela queria dizer. Ela estava tentando dizer que, se apenas um pudesse ser salvo, então queria que salvassem o bebê!

O mestre silencioso claramente também entendeu o significado por trás daquele gesto, mas permaneceu em silêncio. Ao ver que a sopa de ginseng havia chegado, ele rapidamente a recebeu das mãos do monge e começou a alimentar a mulher.

Ye Mu permaneceu calada ao lado, observando a cena. O mestre silencioso alimentava a mulher com cuidado, pois a sopa de ginseng era um remédio salvador para gestantes. O pano branco estava manchado de sangue, mas o semblante do mestre nunca pareceu tão puro e sagrado quanto naquele momento.

Depois de beber a sopa, a mulher parecia ter recuperado um pouco de energia e voltou a fazer força. Embora o bebê finalmente estivesse nascendo, pouco depois ela começou a sangrar copiosamente!

— Isso não é bom!

Gotas de suor se formaram na testa do mestre silencioso enquanto ele entrava em desespero. Queria ajudar, mas não sabia por onde começar!

Ye Mu também estava angustiada ao olhar para a mulher coberta de sangue. Por que aquilo que eu pedi ainda não chegou?

Justo nesse instante, um jovem monge entrou apressado no quarto. Ele havia preparado o que Ye Mu solicitou e entregou a ela!

Era uma tripa de porco costurada e esterilizada em água salgada. À primeira vista, lembrava muito um preservativo moderno. Sha Mi estava segurando aquilo, mas não fazia ideia do que fazer com o objeto!

Vendo que a mulher estava prestes a morrer, o mestre silencioso não teve outra escolha a não ser pegar uma tesoura.

— O que você está fazendo?! — Ye Mu se assustou com a ação repentina e correu para detê-lo.

O mestre silencioso apertou os lábios ao ver o pulso da gestante enfraquecer rapidamente.

— Ela disse que quer salvar o bebê!

Ye Mu soltou um longo suspiro de alívio antes de dizer:

— Você pode cortá-la, mas não faça uma cesariana!

Ela apontou para um ponto abaixo da mulher e explicou:

— Você pode fazer um pequeno corte aqui, então tem que enfiar a mão e puxar o bebê rápido! Tem que ser rápido, porque eu tenho um método para salvá-la!

Em um momento tão crítico, o mestre silencioso não deveria escutar a opinião de uma jovem. Mas, ao ver a seriedade no rosto dela, não conseguiu evitar e respondeu prontamente:

— É inútil. Se puxarmos o bebê, ela vai sangrar até morrer.

Portanto, era melhor fazer uma cesariana; assim o bebê não morreria sufocado.

— Você tem que confiar em mim!

Ye Mu apontou para a tripa e disse com urgência:

— Você tem que tirar o bebê primeiro e, depois, enfiar essa tripa dentro para estancar o sangramento! Não tenho certeza se vai funcionar, mas vale a pena tentar se puder salvar a vida dela!

A calma de Ye Mu fez o mestre silencioso ficar em silêncio. Ele franziu a testa ao olhar para a tripa e, surpreendentemente, concordou:

— Tudo bem! Vamos tentar!


 

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