Capítulo 33 - Que saudades... Mas o trabalho não espera

CAPÍTULO 33

Que saudades… Mas o trabalho não espera

Por mais relutante que Yang Jiangang estivesse, os trabalhadores estavam esperando no pátio, e ele tinha que ir embora.

Bem cedo, Sun Wenjun chegou e viu que a casa de sua irmãzinha estava bem limpa. Parecia que ela estava bem depois do casamento. Ele ficou aliviado e disse a ela algumas palavras, para que ela se cuidasse em casa.

Xiuyun assentiu. Eles saíram para trabalhar duro. Ela ficaria em casa, protegida do vento e da chuva, e os sogros estavam na casa ao lado; então, eles não precisavam se preocupar com ela.

Depois que Yang Jiangang saiu, Sun Xiuyun ficou deitada sozinha, sentindo o vazio da casa. Ela esfregou o próprio rosto e se animou. ‘Ele saiu agorinha e já estou assim? Tenho que ser mais otimista!’

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Ela não foi a única que começou a sentir o tormento. Yang Jiangang também se sentiu da mesma forma.

Em todos esses anos de trabalho, correndo de um lado para o outro, ficar fora de casa por alguns dias no mês não significava nada para ele – mas agora, ele se casou e estava realmente preocupado.

As pessoas que trabalhavam com Yang Jiangang também viram que o Irmão Gang estava de mau-humor, e ninguém ousou dizer nenhuma bobagem. As conversas ao longo do caminho eram todas sobre trabalho, uma após a outra.

E para Sun Wenjun, que tinha acabado de chegar, a impressão que ficou é que essas pessoas que trabalham com seu cunhado são realmente boas, todos eles são tão sérios, e ele precisa ser sério e trabalhar duro, e não pode ser pior do que eles.

Er Zhuzi e os outros também deram atenção a Sun Wenjun durante a viagem, para que ele não sentisse a estranheza de um novo ambiente – afinal, todos sabiam que aquele era o cunhado mais velho do Irmão Gang, verdadeiros parentes, por isso os caras cuidaram bem dele.

Yang Jiangang seguiu com os caras até a cidade. Tudo em que ele pensava durante a viagem eram as lágrimas de sua esposa, e isso apertava seu coração. Ele começou a pensar em comprar uma casa na cidade – ele não suportaria deixá-la novamente e partir para fazer novos trabalhos longe. Se eles tivessem uma casa na cidade, ele poderia trabalhar durante o dia e voltar para casa à noite. Ele não queria deixar sua esposinha tão delicada sozinha ao longo do ano… E quando ela tivesse uma barriguinha? Ele não suportaria deixá-la sozinha na gravidez.

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Xiuyun, por sua vez, deitou-se um pouco e, depois, se levantou. Ela iria ao depósito limpar as peras que Jiangang havia colhido para ela anteontem. Havia muito na cesta. Depois de lavá-las uma a uma, elas foram todas espalhadas pelo quintal, e parecia bastante impressionante.

Quando Caixia entrou, viu sua cunhada descascando peras no quintal. Havia dezenas de peras. Ela ficou surpresa e perguntou:

"Cunhada, tantas peras! O que é isso?"

Sun Xiuyun olhou para cima e viu que a cunhada estava ali. Ela olhou para as peras no quintal e disse:

"Anteontem, seu irmão e eu as colhemos quando subimos a montanha. Pensei em secá-las para fazer peras secas! Assim, também teremos frutas no inverno. Essa pera é muito azeda, então só serve mesmo para lanche. Se você tentar comer fresca, não vai conseguir."

"Então, cunhada, eu vou te ajudar. Vou em casa pegar um descascador e descascar com você."

A Mãe Yang pediu que ela viesse acompanhar a cunhada. Ela estava com medo de que a nora ficasse assustada de estar sozinha em casa, então mandou a filha para fazer companhia.

"Caixia, tem outra faca na cozinha. Pega lá."

Sun Xiuyun não recusou a gentileza da cunhada. Enquanto conversassem, o tempo passaria mais rápido.

Caixia concordou e entrou na casa. Assim que entrou, sentiu um cheiro agradável. Embora a casa do irmão fosse parecida com a deles, parecia que ela precisava prestar mais atenção à arrumação. Assim que entrou, percebeu que sua cunhada era uma pessoa organizada. Ela pegou a faca e saiu.

As duas ficaram conversando animadamente. Enquanto falavam sobre as histórias engraçadas dos irmãos quando eram jovens, Xiuyun sorriu e contou:

"Uma vez, quando fomos pescar no rio, meu irmão pegou as redes de pesca do papai. Todas as crianças foram junto. Ele desenrolou a rede e sentou-se à beira do rio, esperando. Todos pensaram que ele não conseguiria puxar os peixes, mas mas ele puxou um monte de peixes! Tinha um moleque maior que queria peixe, mas como ele não ajudou a puxar, meu irmão não deu. Eles brigaram e nunca mais se falaram.”

"Meu irmão é teimoso desde criança, e minha mãe disse que ele nunca sorria, mas desde que ele voltou do encontro às cegas de vocês dois, ele parecia muito mais feliz para mim. Depois que vocês ficaram juntos... Ele ficou diferente."

Caixia realmente sente que sua cunhada é muito boa e trata bem seu irmão, e o relacionamento entre os dois é muito bom. Seu irmão trabalha duro, então encontrar uma mulher boa foi uma bênção e uma alegria para ele.

Xiuyun ouviu sua cunhada contar as histórias sobre Yang Jiangang. Quando criança, ele era teimoso e gentil, e quando cresceu, tornou-se corajoso e confiável, usando seus próprios esforços para superar aqueles que o menosprezavam.

As duas conversavam e não paravam de trabalhar, e terminaram de cortar as peras em pouco tempo. As peras descascadas foram cozidas no vapor na panela, depois fatiadas e colocadas sob uma cortina para secar. Um monte de peras foram deixadas para secar no quintal. Até o quintal da sogra foi ocupado para secar as peras.

Xiuyun pensou: ‘Felizmente, Caixia a acompanhou para descascar; caso contrário, ela não terminaria naquele dia.’

A manhã passou num piscar de olhos.

Ao meio-dia, as duas comeram algo.

À noite, Xiuyun preparou uma sopa quente e macarrão feito à mão, com quatro ovos, um para cada um dos quatro membros da família.

Depois do jantar, a mãe de Yang perguntou se ela deixaria Caixia dormir com ela esta noite.

Xiuyun disse que não precisava, ela não tinha medo, então ficaria bem sozinha. Eles estavam próximos, não havia nada a temer.

Ao voltar para casa, Xiuyun estendeu o cobertor cedo. Depois de se lavar, deitou-se e dormiu no travesseiro de Yang Jiangang. Ela não sabia se era só impressão, mas sentia que o travesseiro estava impregnado com o cheiro dele, o que lhe trouxe paz de espírito. Sentindo o cheiro dele, fechou os olhos e adormeceu.

Ela teria que acordar cedo no dia seguinte. Caixia a convidou para ir ao mercado juntas amanhã.

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A algumas dezenas de quilômetros de distância, Yang Jiangang, de quem ela sentia muita falta, também pensava nela.

Ele trabalhou o dia todo e, após, comeu a carne de lata que ela havia colocado na bolsa. Na hora em que ficou livre, não conseguiu parar de pensar no que a esposa fazia em casa...

Ele era uma pessoa que estranhava a cama, e também sofria de insônia. Depois de alguns dias dormindo com a esposa em seus braços, ele começou a sentir que não conseguia dormir sozinho.

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Xiuyun acordou cedo na manhã seguinte. Ela preparou uma tigela de gemada. Estava doce. Ela não bebia isso há muito tempo. Estava delicioso. Ela pensou em esperar que Caixia viesse e preparar uma para ela também! A bebida, com açúcar branco, era muito doce, a cunhada deveria gostar.

O café da manhã dela se tornou uma tigela de água, ovo e açúcar branco. Yang Jiangang não estava em casa, então ela não queria se dedicar e preparar um café da manhã elaborado. Ela ia comer sozinha, mesmo...

Ela limpou a casa por dentro e por fora, lavou o cabelo novamente com a água quente que restava na chaleira e secou-o com uma toalha em frente ao espelho. Seu cabelo era de boa qualidade, escuro e macio. Ela se lembrou de que, toda vez depois de lavar os cabelos, Yang Jiangang gostava de se deitar em seu cabelo, respirar fundo e dizer que ela cheirava bem...

Quando Caixia chegou, viu sua cunhada olhando para o espelho, absorta em seus pensamentos. Ela secava o cabelo distraidamente, sem perceber sua chegada.

"Cunhada! Cunhada!"

Caixia chamou duas vezes antes de Xiuyun voltar a si e perceber que Caixia estava ali.

"Você já comeu, Caixia?"

Xiuyun perguntou, disfarçando. Ela estava envergonhada demais de ser pega pensando em Yang Jiangang enquanto secava o cabelo.

"Já comi, cunhada, a mãe fez mingau de manhã. Eu comi primeiro, depois vim te chamar. Fique tranquila, pode secar seu cabelo em paz."

Caixia não pensou em nada quando viu a cunhada distraída, achou que estava tudo normal. Ela era inexperiente, uma menina que nunca havia experimentado sentimentos – como poderia pensar que sua cunhada estava com saudades do irmão?

Xiuyun se levantou e foi até a cozinha preparar uma tigela de gemada. Quando entregou a Caixia, a menina ficou comovida e emocionada. A cunhada era muito gentil com ela. Segurando a tigela de gemada, ela foi bebendo aos poucos, sentindo a doçura. A mãe dela costumava economizar os ovos. Era impensável fazer gemada de manhã, quanto mais gastar açúcar. Nem mesmo seu irmão conseguia uma gostosura dessas, quanto mais ela.

Xiuyun estava com medo de que sua cunhada estivesse esperando com pressa, então vestiu casualmente uma calça azul e uma blusa branca, fez duas tranças no cabelo que ainda não havia secado e as colocou sobre o peito. Como ela está em boa forma, qualquer peça de roupa comum lhe caía bem. Ela era esbelta, com cintura longa e pernas finas. Ela passou uma maquiagem leve novamente e terminou de se arrumar.

Caixia bebeu a gemada, enquanto olhava para sua cunhada. Sun Xiuyun parecia uma fada, de tão bonita.

Nas aldeias rurais, a maioria dos produtos são vendidos pelas próprias pessoas que os produzem. Então, ao contrário das cooperativas de fornecimento e marketing, eles não precisam de ingressos, contanto que tenham dinheiro.

Dessa vez, Xiuyun trouxe 50 yuans de casa. Ela quer comprar algumas coisas específicas. Jiangang trabalhava todos os dias e seus sapatos estavam desconfortáveis. Ela quer ver se encontra para comprar o tipo de sola de sapato adequada para ele. Quando ela voltar, vai fazer alguns pares de sapatos para ele; afinal, o inverno chegará em dois meses, e ele vai precisar de roupas e sapatos acolchoados. Ela também deve fazer alguns chinelos de algodão para usar dentro de casa. Pensando dessa forma, Xiuyun sentiu que tinha muito trabalho pela frente. Depois de pegar o dinheiro, ela foi à feira com Caixia, animada.

Após calcular cuidadosamente, ela pensou que devia fazer uns 20 anos que não ia a uma feira assim. Muitas barracas vendiam verduras, e toda família tinha uma horta. Se não conseguissem consumir tudo em casa, poderiam levar o excedente para vender no mercado, o que também contava como renda extra. Nessa época, as pessoas planejavam cada gasto com cuidado. Todos estavam muito bem preparados para viver e certamente não desperdiçariam nada.

Havia também roupas prontas e sapatos. Xiuyun levou Caixia a uma barraca de sapatos, comprou palmilhas e informou o número de Yang Jiangang. O vendedor de sapatos ajustou o número para ela, mediu novamente com as mãos e determinou o tamanho certo das solas fina e grossa. Xiuyun comprou dois pares de cada uma.

“Cunhada, você não vai comprar dois pares para você também?”, Caixia perguntou a ela.

"Não, eu tenho sapatos. Seu irmão precisa de sapatos para trabalhar. Vou fazer mais dois pares para ele."

Os sapatos de Yang Jiangang ficavam gastos no pé esquerdo. Ela não compraria sapatos prontos, apenas queria fazê-los para ele. Ela olhou a parte interna dos sapatos dele – a sola do pé esquerdo e a lateral do peito do pé tinham calos muito grossos. Dava para ver o quanto ele havia sofrido ao caminhar, só olhando para aqueles pés. Ele não queria que ela visse, porque tinha medo de que ela não gostasse. Ela sabia o que ele pensava, então não mencionou nada, mas depois que ele adormeceu, ela se sentia muito angustiada toda vez que espiava. Mal podia esperar para transferir as dificuldades e dores dele para ela mesma.