— O homem de meia-idade também saiu tremendo, carregando a mãe desmaiada junto com a esposa.
Mãe Gu levantou o rolo de massa que segurava por trás e disse:
— Lembre-se de devolver o dinheiro do meu marido e do meu filho. Aliás, eu sempre cuidei do dinheiro do meu marido, então tem que devolver!
O homem carregando a velha ouviu isso, e a mulher cambaleou, correndo ainda mais rápido, sem nem perceber que suas duas filhas não conseguiam acompanhá-los.
E o mais ridículo era Gu Tengfei, que era mimado pela família; ele não só não ajudou a avó que mais o amava naquele momento, como correu na frente depressa, reclamando da avó na cabeça, pensando que, se ela não tivesse irritado Gu Nan, eles não teriam sido expulsos daquela forma.
Gu Wan hesitou parada, sem querer ir embora. Ela ficou ainda mais invejosa e com ciúmes da Nuan Nuan, porque foi a primeira vez que viu Gu Nan ficar tão bravo. Ele era do tipo que defendia a irmã sem pensar duas vezes.
Por que, por que um irmão assim não era dela? Por que ela não era a Nuan Nuan?
Gu Wan mordeu os lábios com força, enquanto o choro irritado de Gu Ling ecoava em seus ouvidos. Ela não tentou consolar a irmã, só sentiu repulsa.
Gu Nan fez um gesto com a mão, sem expressão, e Nan Feng, que estava na porta, se aproximou.
— Mestre.
— Tire-os daqui.
Gu Wan não queria sair, mas Gu Nan também não queria manter aquelas pessoas ali.
Ao ouvir, o rosto de Gu Wan ficou pálido; Gu Nan realmente… não sentia nada por eles.
— Senhorita Gu Wan, por favor — Nan Feng pediu, com um sorriso formal.
Com um sorriso forçado no rosto, Gu Wan abraçou a irmã sentada no chão, falando com voz fraca e quase chorando:
— Irmão, me desculpa. Wanwan vai tentar convencer a vovó e o papai quando voltar. Por favor, não fique bravo, tá? Eles não fizeram por mal, a vovó é só... só que ela tem o hábito de falar sem pensar. Wanwan vai fazer o possível pra fazer ela mudar.
Tem que admitir que, na família Gu Wan, ela era a única um pouco mais esperta — mas essa esperteza era imatura demais para os chefes do mundo exterior, que estavam acostumados a todas as manhas e esquemas.
Mãe Gu fez um muxoxo para Gu Wan. Ela achava que essa criança tinha o maior valor naquela família dos irmãos, e era justo que assim fosse.
Gu Nan ignorou tudo, foi até Nuan Nuan e tocou as orelhas dela com os dedos levemente frios.
— Você ficou com medo?
A menina, sentada obedientemente no colo do avô, olhou para os irmãos com olhos limpos e claros, levantou os bracinhos para abraçar o pescoço dele e se aconchegou, parecendo um gatinho de leite, macia, com a cabecinha apoiada no corpo dele, suavemente.
— Não.
Com o rosto branquinho e delicado pressionado no perfil bonito do irmão, respondeu com voz baixa e suave:
— Nuan Nuan não teve medo. Irmão, vovô e mamãe protegeram a Nuan Nuan.
Nuan Nuan sentia-se muito feliz, agora protegida pela família, muito feliz.
— Senhorita Gu Wan, por favor... — Nan Feng repetiu, agora sem sorriso, pedindo com firmeza para que saíssem.
Gu Wan apertou a irmãzinha nos braços, sentindo ciúmes no peito, mas sabia que, se quisesse manter uma boa relação com a família Gu, teria que puxar o saco daquela prima pequena no futuro.
Pensar nisso a abalou, e a força do aperto fez Gu Ling chorar ainda mais.
Depois que as duas saíram, a mansão da família Gu finalmente se acalmou. Mãe Gu, preocupada que Nuan Nuan estivesse assustada, a levou para a cozinha e preparou muitos docinhos pequenos, alguns em formato de animais fofos — biscoitos e bolinhos.
Vestindo um avental quentinho e fofo da Hello Kitty, o rostinho delicado de Nuan Nuan estava manchado de farinha branca, e seus olhos preto e branco brilhavam olhando para os biscoitos recém-assados. Sua boquinha rosada se abriu num “óh!” de admiração.
— Mamãe é incrível!
O elogio macio deixou Mãe Gu satisfeita. Ela pegou um biscoito em forma de coelhinho e deu para Nuan Nuan.
A menina comeu até as bochechas ficarem cheias, tão fofa.
Vendo a expressão satisfeita, com sobrancelhas arqueadas e olhos brilhando, Mãe Gu ficou aliviada — provavelmente Nuan Nuan não estava assustada.
Mãe Gu queria que ela não saísse dali com a impressão ruim de que a família expulsava os parentes mais velhos, então planejou explicar tudo com calma.
— Nuan Nuan, aquelas pessoas que vieram hoje são parentes dos nossos mais velhos, mas podemos reagir contra quem nos maltrata. Nem todos os parentes são ruins, precisamos aprender a diferenciar.
Nuan Nuan mordeu o biscoito e assentiu:
— Sim, Nuan Nuan sabe que pessoas boas são as que são boas com os pais, o vovô e os irmãos, e as pessoas más são todas más.
O jeito como ela classificou as pessoas em boa e má, com voz infantil, deixou Mãe Gu meio sem palavras — e ao mesmo tempo emocionada.
— E se alguém quiser intimidar a Nuan Nuan?
A voz da Nuan Nuan era suave, e a resposta foi igual à que dera quando Gu Mingli lhe perguntou antes:
— Mordo ele!
Nuan Nuan, com as bochechas infladas e os dentes cerrados de forma feroz, não parecia ameaçadora; era como um filhote que acabara de trocar os dentinhos, latindo bravamente para morder e assustar os outros, mas que facilmente tinha o dedo colocado na cabeça e só conseguia gemer e mexer as patinhas macias, sem conseguir morder nada.
Mãe Gu não conseguiu evitar uma risada ao imaginar aquilo.
Nuan Nuan: "..."
A mamãe parecia não confiar muito nela.
A menininha bufou irritada e começou a comer outro biscoito gostoso e crocante.
Mãe Gu perguntou:
— Nuan Nuan, você acha que aquela velha foi maltratada por mamãe e pelo irmão hoje?
A menina mastigava os biscoitos e balançou a cabeça ao ouvir aquilo.
— Não, eles são maus!
Nuan Nuan disse baixinho:
— Eles maltrataram a mamãe e a mim, e meu irmão estava descontando a raiva por nós. Eu fico feliz que o irmão protege a Nuan Nuan. Quando eu estava na Vila Xiaoxi, o Da Zhuang me maltratava. A Nuan Nuan jogava pedras. Mas a vovó Sun me beliscava pra me dar uma lição!
Ela não reclamava, só relatava o que aconteceu com ela num tom muito calmo, falando sobre as vezes que foi maltratada, mas seus olhos continuavam limpos e claros, sem nenhuma sombra. Ela só podia estar feliz, porque só sabia que agora estava protegida pela família.
Por isso, Nuan Nuan não dava atenção nenhuma às injustiças que sofreu no passado; ela só olhava pra frente, e agora estava tão feliz que conseguia esquecer todo o sofrimento que passou.
Mas Mãe Gu cobriu a boca e os olhos ficaram vermelhos, uma lágrima escorreu pelo canto. Gu Nan, que estava na porta, apertou os punhos com força, seus olhos de fênix estavam frios e profundos como um lago gelado sem fundo.
— Minha Nuan Nuan sofreu demais.
Mãe Gu se ajoelhou e abraçou sua filha preciosa. Pelas informações que tinham antes, sabiam que uma ou duas pessoas na vila não eram boas com Nuan Nuan, mas não imaginavam que ela havia sido tão maltratada.
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