— Nuan Nuan ficou um pouco zonza, e então sorriu com as sobrancelhas arqueadas, parecendo um anjinho, doce e delicada.
Suas mãozinhas suavemente enxugaram as lágrimas da mãe:
— Não é triste, mamãe, não chore.
Por que você é tão obediente?
Mãe Gu tocou a cabeça pequena dela e desabou em lágrimas.
Gu Nan ficou parado na porta por um tempo e enviou uma mensagem ao seu assistente especial Nan Feng, com a expressão concentrada, pedindo que descobrisse quem tinha intimidado Nuan Nuan quando ela estava na Vila Xiaoxi.
Embora não fosse nada comparado a matar pessoas a torto e a direito como na TV, Gu Nan achou que valia a pena causar um pouco de problema para eles, só para aliviar a raiva.
Então, pouco depois, a nora da Sra. Sun descobriu que o marido a traía fora da Vila Xiaoxi. A esposa não era nada pacífica: no mesmo dia, foi com a família toda atrás da outra mulher e quase espancou o filho da Sra. Sun até a morte. Quando a Sra. Sun soube, quis que o filho se divorciasse da esposa. A família deles virou piada em toda a Vila Xiaoxi, e a própria família ficou numa confusão danada.
Claro, isso tudo foi só depois. Nuan Nuan não sabia que o irmão estava pensando em descontar a raiva por ela. Depois de consolar a mãe, ela segurava os biscoitos deliciosos com as duas mãozinhas.
— Mamãe, vou dar para o meu irmão comer.
A vozinha de leite era suave e aveludada, e no ar pairava um cheiro doce de leite queimado. Nuan Nuan correu com suas perninhas curtas tão rápido que quase bateu na perna do irmão, mas, por sorte, um par de mãos esbeltas a segurou.
— Irmãozão!
Parada, a menininha levantou o rosto, os grandes olhos preto e branco viraram meias-luas úmidas, e quando os cantinhos da boca se ergueram num sorriso, apareceu uma covinha fofa. Ela estava ficando um pouco rechonchuda, começando a parecer delicada como uma boneca, tão linda e doce que ninguém conseguia desviar o olhar.
— Vai devagar — Gu Nan baixou os olhos e olhou para a irmã obediente à sua frente, um sorriso surgindo involuntariamente no canto da boca.
— Seu irmão vai comer por você, já que mamãe e Nuan Nuan fizeram juntos.
Nuan Nuan ofereceu seu biscoito em forma de ursinho para o irmão.
O cheiro de leite do biscoito chegou perto da boca dele, Gu Nan comeu um sem mudar a expressão, depois limpou o rostozinho da menina com o polegar, ainda coberto de farinha branca.
A garotinha ficou parada, inclinando a cabeça de vez em quando e se esfregando levemente, como um gatinho branco e peludo com patinhas cor-de-rosa, todo carente.
Um sorriso passou pelos olhos de Gu Nan, e ele abraçou a pequena habilmente com uma mão.
Nuan Nuan estava muito comportada, sorrindo docemente enquanto dava biscoitos para o irmão mais velho.
À tarde, o tempo estava nublado e chuvoso. Nuan Nuan sentava numa rede suspensa na pequena varanda do quarto, com Briquettes no colo, e Rhubarb de bruços ao lado. Ela segurava um livro do ensino fundamental e lia claramente o texto que o irmãozinho havia ensinado no dia anterior.
Muita gente acharia o conteúdo chato, mas a voz quente, suave e doce soava como a de um elfo na chuva, com um calor romântico único. Não só o gato e o cachorro ouviam atentos, mas até um pássaro, com as asas molhadas, pousou no parapeito da janela atraído pelo som.
O bater das asas contra o vidro fazia um som suave de tremor, e a voz macia parou. A menininha foi até a janela descalça, subiu na ponta dos dedinhos brancos e macios e abriu a janela. O passarinho era branco, com penas amarelas quentinhas na cabeça, parecia um pequeno papagaio com bochechas vermelhas, e entrou imediatamente.
Isso mesmo, era o passarinho que voou até ali ao ouvir a voz quente da leitura.
— Olá, olá...
Uma voz clara e aveludada disse “olá” com um sotaque estranho. Nuan Nuan ficou espantada ao ver um pássaro que falava pela primeira vez.
Até Rhubarb e Briquettes se aproximaram, levantando as cabecinhas peludas para olhar o convidado inesperado.
Nuan Nuan olhou surpresa para o passarinho no parapeito e o cumprimentou com voz muito educada:
— Olá.
— Pequena linda, pequena linda.
Ele falou de novo, chamando Nuan Nuan repetidas vezes.
Nuan Nuan “!!!”
Ela corou de vergonha, tentou tocar a cabeça do passarinho com os dedinhos finos e suaves, e falou baixinho para ele:
— Qual é o seu nome? Meu nome é Nuan Nuan.
— Doudou, Nuan Nuan, Nuan Nuan.
Parecia gostar, pois repetiu duas vezes. Nuan Nuan recebeu bem o convidado que apareceu de repente em casa.
Ela abriu as mãozinhas:
— Posso ajudar a secar a água do seu corpo?
— Ok, obrigado, obrigado.
Doudou levantou as patinhas e pisou nas palmas de Nuan Nuan, depois se acomodou. Ele bicou o dedo dela com o bico curto, não doía, só dava uma coçadinha.
Ela não sabia se ele havia caído na lama durante o voo, mas as penas estavam um pouco sujas. Nuan Nuan conversou baixinho com ele para dar um banho primeiro, e o passarinho concordou.
Depois de encher a água quente, o passarinho enfiou as patinhas para testar a temperatura, e quando sentiu que estava boa, bateu as asas e entrou, rolando confortavelmente na água.
Por um momento, a boquinha de Nuan Nuan se abriu em um “O” redondinho:
— Olha só, Briquettes, o passarinho sabe tomar banho sozinho, e você ainda não quer se lavar.
O gato preto agachado perto da mesa levantou o rabo, e seus lindos olhos verdes-esmeralda encaravam o passarinho graciosamente enquanto lambia a pata.
O passarinho que estava tomando banho: “...”, sentiu na hora que estava sendo visto como presa pelo gato.
Olhou desconfiado para o gato preto com os olhos pequenos, saiu da água, colocou os dedinhos quentinhos na boca e passou nas penas, achando que era a forma mais segura.
Nuan Nuan achava que ele tinha tomado banho sozinho, então limpou cuidadosamente as penas, que ficaram limpas depois de um tempo.
O passarinho recém-saído da água estava molhado. Nuan Nuan o colocou numa toalha seca e foi tirando a água pouco a pouco das penas lindas dele. Na barriga dele, havia duas garras nas pontas, mas ela foi muito paciente.
— Obrigado, obrigado.
Sacudindo as penas meio secas pelo corpo, o passarinho agradeceu de novo e foi colocado na secadora que Nuan Nuan tinha comprado especialmente para o Briquettes. Alguns minutos depois, saiu um passarinho lindo e seco.
O passarinho ainda estava arrumando as penas fofinhas com o bico. Nuan Nuan não sabia que tipo de passarinho era, então decidiu levá-lo para perguntar ao irmão mais velho.
Calçando pantufas pequenas, segurando o passarinho que chegou sozinho em casa, seguida pelo Briquettes e pelo Rhubarb, Nuan Nuan correu para o escritório do Gu Nan.
Empurrou a porta e, ao olhar para dentro, viu que o irmão mais velho não estava numa chamada de vídeo, então entrou silenciosamente.
— Irmãozão, irmãozão.
Nuan Nuan correu para o jovem sério, estendeu os bracinhos e entregou o passarinho que tinha na mão. De repente, o passarinho branco gritou, bateu as asas e voou para cima.
— Que feroz, é mais feroz que um gato!
Parabéns, ele conseguiu falar algumas palavras.
Nuan Nuan olhou para a palma vazia da mão, meio confusa:
— Por que ele fugiu?
Os estreitos olhos de fênix de Gu Nan lançaram um olhar para o papagaio voando.
— Irmãozão, esse passarinho fala, que tipo de passarinho é? — perguntou Nuan Nuan, cheia de curiosidade nos olhos limpos.
Gu Nan coçou a cabeça:
— Calopsita[1].
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Notas:
[1] Calopsita: espécie de pássaro popular como animal de estimação.

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